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13º Congresso das Comunicações (Dia 3)

O tema em debate na manhã de ontem prendeu-se com «As tecnologias da informação: um novo ciclo de crescimento».

Brian Marshall explicou a evolução do sector das Tecnologias da Informação e referiu que este, quando comparado com a Indústria, ainda está na infância. Afirmou também que a própria tecnologia está condicionada pela mudança. O seu desenvolvimento assenta nas condicionantes do mercado. Segundo o orador, nos últimos anos o sector passou por cinco vagas, que descrevem a sua evolução. A primeira foi caracterizada pela desregulação, onde novas empresas significava um aumento da competitividade; pela criação de novas infra-estrutura e pela existência mínima de sistemas proprietários. A segunda vaga assistiu às expansões tecnológicas, onde se corrigiram alguns erros cometidos. Foi nesta fase que se deu o advento do bug do ano 2000. Ao mesmo tempo verificou-se que os sistemas não estavam preparados para evoluir com os clientes, e o aparecimento de novos serviços condicionou o investimento. Por outro lado, a adaptação ao Euro implicou novas extensões tecnológicas. A terceira vaga denominou-se da era das dotcoms. A tecnologia começou a ser vista como um factor diferenciador e surgiu o ebusiness e o ecommerce. Estava-se numa altura em que era obrigatório investir na tecnologia, correndo o risco de ser posto de parte. A quarta vaga viu a refocalização nos custos, onde os problemas de débito condicionaram os investimentos. Actualmente estamos na quinta vaga, caracterizada por um renascer cauteloso. Já não se fazem transformações de sistemas, adapta-se o que se tem, e só se investe onde há certeza de obter retorno. As lições aprendidas são simples: o negócio muda e exige investimento nas TI; a tecnologia por si só não pode ser a justificativa do investimento e este, se não trouxer consigo a correspondente mudança nos processos de negócio, não terá o efeito desejado. Para Carlos Janicas a tecnologia pode ser encarada de duas formas: como um custo ou como uma vantagem competitiva. Tudo depende da sua má ou boa utilização. E explicou que nos últimos anos as empresas avançaram muito na digitalização de conteúdos e de processos de negócios. Isto levou à criação de determinadas arquitecturas que aumentaram a rigidez e diminuíram a flexibilidade das empresas. Nesta situação a tecnologia era encarada como um custo. Segundo o orador, hoje o desafio que as organizações enfrentam prende-se com a mudança, a velocidade e o custo. Actualmente os clientes querem um serviço a baixo custo, que seja escalável e que funcione em tempo real. Este novo conceito obriga à criação de um novo modelo de computação, em que os serviços de TI devem ser partilhados. Neste cenário existem quatro princípios fundamentais: simplificação, standardização, modelaridade e integração. João Matias acredita que as TI devem ser encaradas como um diferenciador estratégico. No entanto, afirma que é um disparate, quer seja hoje ou há 20 anos, investir erradamente numa tecnologia ou ferramenta. Por outro lado, antigamente era mais fácil e rápido obter o retorno do investimento, porque o mercado ainda não tinha atingido o actual estágio de maturidade. Para o orador agora deve-se debater sobre como é que as TI mudam a forma de fazer negócio. E exemplifica com empresas bem conhecidas: Ebay, Yahoo, Amazon, Dell e Cisco. Estamos face a uma revolução que vai durar uma geração e que implica mudanças ao nível dos modelos de negócio, da legislação e da própria cultura. Para Gonzalo Olea o importante é saber se as empresas utilizam a tecnologia de forma inteligente e adequada. A tecnologia é um elemento diferenciador e uma vantagem competitiva, sempre que se use de forma inteligente. Ao nível das tendências para o futuro o orador aposta sete áreas de crescimento: on demand computing, sendo a IBM uma das principais impulsionadoras; Network Virtual Organizations, onde as empresas trabalham e interagem num ambiente de rede; incremento da utilização da Internet através da banda larga; storage inteligente, onde a distribuição do armazenamento será feita em função da utilização ou de outros requisitos estabelecidos; outsourcing e out tasking, com as empresas a centralizarem serviços como o call center mundial num único local; mobilidade, com o aparecimento de dispositivos cada vez mais inteligentes e com maior capacidades técnicas e; webservices, onde aplicações de diferentes fornecedores conseguiram falar entre si sem qualquer tipo de entrave. Sérgio Aniceto referiu que o mercado de TI está em constante mudança e que o futuro está no on demand computing. Este novo conceito consegue separar a infra-estrutura tecnológica do negócio. Isto porque o cliente quer uma solução e não adquirir determinada tecnologia. Para o orador o futuro estará: na virtualização, que permitirá que, de uma forma simples e eficaz, os sistemas sejam autonómicos e automáticos; na interoperabilidade, que permitirá a rápida conexão entre dispositivos, de uma forma intuitiva e; nos standards abertos. Sérgio Aniceto também alerta que a integração não pode ocorrer só ao nível da infra-estrutura. Também de ocorrer no próprio negócio. Josmar Ribeiro, por seu lado, acredita que hoje há dois modelos de negócio: um onde as empresas gerem a complexidade, e outro onde preferem utilizar a tecnologia para simplificar a mesma. O orador explica a importância da complexidade, dado que esta pode inibir a massificação do modelo de computação. E afirma que a inovação exige fortes investimentos para garantir os estágios de desenvolvimento. Para Josmar Ribeiro existem dois tipos de disrupção: a económica (onde impera o open source) e a tecnológica (dominada pelo Java). Para Carlos Lacerda, as decisões tomadas hoje pelos decisores, em relação aos investimentos em TI, são baseadas no valor que estas trazem para a actividade da empresa. O tempo em que se investia apenas pelo entusiasmo não se deverá repetir. Para o orador existem três motivos que podem travar os avanços tecnológicos e de mercado: spam; segurança e vírus. Mas também existem desenvolvimentos positivos, nomeadamente a capacidade de processamento e dos gráficos, assim como o evento da banda larga e a crescente velocidade das máquinas. Em relação a este cenário Carlos Lacerda reconhece que o hardware está mais avançado, mas no futuro o software evoluirá, de forma a permitir a massificação dos web services.