4 startups que mudaram a indústria alimentar, e o que podemos aprender com elas
A indústria alimentar deve o seu estado actual às tecnologias deste nicho.
- eMenuk
- 04/02/2017
- Internet, Tecnologia
*Está a ler um guest post da autoria do Emenuk
Em 2015 toda a indústria alimentar do mundo estava avaliada em 7,8 biliões de dólares ($7.800.000.000.000), segundo dados do Careerizma. É de notar que dos 10 maiores mercados do mundo, metade são emergentes (China; Índia; Rússia; Brasil; Indonésia). De facto, e até 2025, será a estes mercados que a indústria alimentar vai dever o seu crescimento contínuo. Os seus pesos pesados, considerados os maiores mercados alimentares do mundo, são:
- Estados Unidos (1,7 biliões de dólares)
- China (700 mil milhões de dólares)
- Japão (600 mil milhões)
- Índia (400 mil milhões)
- Rússia (350 mil milhões)
- Brasil (250 mil milhões)
- Alemanha (225 mil milhões)
- França (200 mil milhões)
- Reino Unido (180 mil milhões)
- Indonésia (175 mil milhões)
Alguns analistas prevêem que a Índia, na 4.ª posição da tabela, vai ultrapassar o crescimento da China até 2022. Esta é uma estimativa interessante, em parte porque a indústria alimentar da Índia deve o seu estado actual às tecnologias deste nicho.
Saurabh Kochhar, CEO da FoodPanda, resume a indústria tecnológica alimentar da Índia da seguinte forma: “deixou de ser vista como uma indústria tecnológica focada na preservação, processamento e produção de comida, para passar a ser sobre a entrega [de comida] e agregação de negócios online”.
1. Zomato, ou a cara do movimento “foodie” tecnológico.
Não podemos pôr “comida”, “tecnologias” e “Índia” na mesma frase sem também colocarmos a Zomato na equação. Além do crescimento consistente que tem mostrado, a sua expansão para outros mercados (Portugal incluído) tem sido consideravelmente agressiva.
Um dos pontos fortes do serviço está em apelar simultaneamente ao utilizador comum e ao proprietário do restaurante. Além da sua extensa base de dados sobre restaurantes, a Zomato disponibiliza um sistema de gestão de mesas, um sistema de vendas e um serviço para encomendar comida online.
Actualmente a Zomato está presente em 23 países do mundo. A empresa, que está a caminho de se tornar a Amazon da indústria alimentar, também está a apostar fortemente em serviços/tecnologias de entrega comida ao domicílio.
2. A FoodPanda, que obrigou o mercado a ajoelhar-se.
A FoodPanda é um serviço para encomendar comida online que também oferece descontos especiais. Ainda não chegou a Portugal (e talvez nunca chegue), mas já deixou a sua marca na indústria alimentar.
A empresa foi fundada em Março de 2012, na Alemanha. No fim desse ano já operava em 16 países diferentes. Teve, portanto, um crescimento rápido e agressivo. Foca-se em mercados emergentes, ou em vias de desenvolvimento.
A sua base de dados só inclui restaurantes com entrega ao domicílio. O utilizador faz a encomenda através da FoodPanda, que a reencaminha ao restaurante em troco de uma comissão. Depois cabe ao restaurante processar o pedido e realizar a entrega.
Na Índia, a introdução da FoodPanda não se fez sem controvérsia. Para conseguir oferecer 50% de desconto nas encomendas feitas através da aplicação, a empresa foi obrigada a “queimar” o seu próprio dinheiro. Mas os resultados prejudicaram os negócios locais, que não conseguiam vender os seus pratos aos preços definidos pelo mercado.
Como resultado, a maioria dos pedidos passaram a ser feitos através da FoodPanda, o que conduziu ao declínio geral das encomendas feitas fora da aplicação. Ou uma espécie de monopólio nos pedidos de comida ao domicílio.
3. A NomNom ficou com a parte chata do negócio, mas saiu a ganhar.
Outra startup relativamente nova (fundada em Agosto de 2014). A NomNom concentrou-se em optimizar o processo de encomendar comida. A empresa oferece uma central de atendimento para onde os restaurantes podem reencaminhar as suas linhas telefónicas.
Quando um cliente telefona, é atendido por um operador treinado da NomNom que processa a encomenda para o ponto de venda do restaurante. A NomNom assume todo este processo, garantindo uma taxa de eficácia de 99% (segundo dados da news18, geralmente esta percentagem situa-se nos 60-70%).
4. A InnerChef dedicou-se às sobremesas.
A InnerChef é uma jovem empresa fundada em Abril de 2015. O que começou por ser uma empresa de entrega de ingredientes ao domicílio, evoluiu para um serviço que aceita encomendas (via app ou website) e entrega comida ao domicílio.
Para tornar o serviço mais eficiente, a InnerChef conta com uma selecção de cozinhas centralizadas dedicadas ao processamento das encomendas.
A InnerChef conta ainda com um serviço que é uma espécie de Uber para sobremensas, onde emprega cozinheiros locais que, de outro modo, não conseguiriam captar tantos clientes.
O que podemos concluir daqui?
Por enquanto a relação tecnologia/comida/indústria parece benefícar todas as partes envolvidas (consumidor/estabelecimento/indústria).
No caso do consumidor isto traduz-se num maior número de opções, mas também numa experiência mais conveniente e confortável. Pode ser tão simples quanto abrir a sua app favorita, escolher a opção que lhe parecer mais saborosa, fazer pagamento imediato (ou no acto da entrega) e ter a comida entregue à sua porta. Tudo com um simples toque e num curto espaço de tempo.
Os restaurantes também ficam a ganhar com a abordagem tecnológica. Há cada vez mais serviços focados exclusivamente na perspectiva do negócio (incluindo os exemplos acima), o que lhes liberta tempo e recursos para se focarem na relação com os seus clientes.
Por fim, a indústria também beneficia com esta relação. Olhando para a Ásia como o exemplo a seguir na indústria “tecnológica/alimentar”, 2015 foi um ano particularmente revelador.
Mas existem alguns receios quanto ao rumo que a indústria das tecnologias alimentares pode seguir. A expectativa é de crescimento num sector que nos últimos dois anos registou sucessivos altos e baixos.
“As pessoas dizem que a crise de financiamento e a recente desagregação levantou preocupações sobre o sector, mas isto é algo natural numa indústria em crescimento. O ecossistema ‘food-tech’ ainda não evoluiu, no entanto cresceu muito mais depressa do que muitos antecipavam. A indústria vai amadurecer, mas isto também significa que muitas aplicações e websites irão encerrar”, escreve Pradeep Prabhu no First Post. “Só irão permanecer os intervenientes mais sérios”.