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A Microsoft falhou nos telemóveis e isso pode ser bom para a empresa

Água mole em pedra dura tanto dá até que fura. Este parece ser o mote da Microsoft, que apesar das tentativas falhadas continua à procura de um espaço no mundo dos telemóveis.

 

Não foi com o Windows Phone 7 que a empresa se afirmou, nem com as mudanças que o Windows Phone 8 trouxe à plataforma. E até o Windows 10 Mobile, com todas as suas promessas e originalidade, falhou redondamente face às expectativas da empresa.

Portanto: já estava na hora de reajustar expectativas.

Apesar das claras diferenças face ao Android ou iOS, conceptualmente o Windows 10 Mobile ainda se encontra alinhado com essas plataformas na medida em que foi pensada para o consumidor comum, ávido por aplicações. E isto não foi suficiente.

O que se sucedeu tornou-se um paradoxo para a empresa, que não conseguiu captar utilizadores, logo não cativou programadores para desenvolver aplicações. E, não tendo aplicações, não conseguiu conquistar utilizadores.

Pelo contrário. A Microsoft hoje sabe disto e até toma a iniciativa de descontinuar os seus próprios serviços no Windows 10 Mobile. A Microsoft entendeu que não adianta competir com o duopólio Android-iOS.

(Imagine dois cães grandalhões).

 

Isto aconteceu porque, apesar das distinções, o Windows 10 Mobile não se apresentou como uma alternativa às outras duas plataformas. Havia diferenças, claro, mas não ao ponto de justificar uma mudança de plataforma.

Os recursos necessários para isso seriam, no mínimo, hercúleos (e sempre sem garantias de sucesso). Prova disso foram os incontáveis esforços da empresa nesse sentido. Nem sequer a experiência de mercado da Nokia atenuou os resultados.

E por isso a Microsoft abandonou o trajecto. Não a corrida, mas o trajecto. Porque a empresa entendeu que tem mais oportunidades num trajecto onde a concorrência seja inexistente, ou em que esteja posicionada por uma margem inferior.

Foi precisamente isto que Satya Nadella, CEO da Microsoft, deu a entender recentemente numa entrevista ao Australian Financial Review.

Nadella diz que a Microsoft vai continuar no mercado dos telemóveis, “não da forma como é definido pelos líderes actuais, mas por aquilo que pudermos fazer de único naquele que é [será] o derradeiro dispositivo móvel”.

E o que entende a Microsoft por “derradeiro telemóvel”? A resposta de Nadella, ainda que vaga, oferece um vislumbre sobre esta nova abordagem.

“Parámos de fazer coisas ‘eu-também’ e começámos a fazer coisas, mesmo que a uma escala muito mais reduzida, para nos focarmos num conjunto muito específico de consumidores que requerem um conjunto muito específico de funcionalidades diferenciadas, onde nós podemos fazer um bom trabalho”.

 

Graças a telemóveis como o HP Elite X3, é possível ter pelo menos uma noção das alternativas que a Microsoft pode explorar.

O HP Elite X3 dá bom uso à funcionalidade Continuum, uma das mais interessantes desenvolvidas pela empresa, que permite transformar o telemóvel num computador com ambiente desktop, onde é possível trabalhar.

E, ao contrário dos anteriores Lumia 950 e 950 XL, que apresentavam propostas semelhantes, a HP pode oferecer hardware e infra-estruturas que suportem a visão de um “computador móvel” dentro do bolso.

O desafio está em transformar esta originalidade em sucesso para a empresa. Já deu para ver antes que as probabilidades de se traduzir num volume de vendas capaz de competir com o Android ou o iOS são mínimas. Não impossíveis, mas mínimas.

No entanto, em nichos como o segmento profissional, a procura por aparelhos que permitam trabalhar em mobilidade ainda não foi devidamente satisfeita. E esse é um nicho onde o Android e o iOS ainda não se afirmaram verdadeiramente.

Ou seja: é um nicho onde a Microsoft ainda tem oportunidade de se afirmar.

Se esta é a opção da empresa, ainda é cedo para dizer. Mas, parafraseando o artigo da Financial Review sobre o CEO da Microsoft, “a empresa encontrou sucesso ao focar-se fortemente em áreas onde acredita poder fazer algo diferente das suas rivais”.

Ganha a Microsoft, com a experiência adquirida; ganha o mercado, com mais inovação; ganham os consumidores, com mais opções.