Afinal a página é de quem?
Para começar, todas as páginas Facebook são do Facebook – todo o conteúdo que lá está, todos os fãs e toda a informação. Mas não é isso que vamos discutir aqui
- Paulo Rossas
- 08/01/2015
- Facebook, Internet, Social Media, Tecnologia
Todos nós somos fãs de algo ou de alguém. Seguimo-los, gostamos do que nos oferecem, sentimos afinidade e queremos saber tudo sobre determinada marca, assunto ou pessoa. O problema é que a linha que separa um admirador comum de um fã pronto-a-investir-tempo-e-dinheiro-numa-marca-que-não-a-sua é muito pequena e por vezes as coisas tomam proporções gigantescas que saem do controle de todos.
[relacionadas_esquerda]Com o aparecimento do Facebook, criar uma página de qualquer marca demora poucos minutos e conseguir fãs para essa página também não demora muito tempo. As pessoas famosas têm muitos fãs, as grandes marcas também, logo é um universo bastante populoso que está ali, mesmo à mão de semear. Temos publico, audiência e em muitos casos um objetivo de vida.
Um dos melhores exemplos é o da famosa banda “One Direction®”. Se fizermos uma pesquisa no Facebook pelas páginas da banda encontramos centenas. Temos a oficial com 38 milhões de fãs (marcada com o √, método que o Facebook criou para identificar as páginas oficiais), mas depois temos centenas delas com milhares e milhares de fãs. Temos páginas com 800.000 fãs, 500.000, na verdade existem outros tantos milhões espalhados por essas páginas que nenhum responsável pelos One Direction® controla, mas todas elas geram conteúdo.
Todos sabemos que estas páginas são valiosas para quem comunica (outras marcas), ainda mais quando One Direction® está associado ao target “teen”, um dos mais difíceis de chegar atualmente. Conseguir colocar uma marca “teen” numa página “One Direction®” não oficial com 800.000 fãs pode ajudar e muito a divulgar um novo produto, evento, etc… Há também um negócio aqui envolvido, não só paixão pela marca.
Não é fácil chegar a um número tão elevado de fãs, é preciso trabalho, dedicação, pesquisa, horas e horas de esforço. Enquanto que a página oficial muito provavelmente é alimentada por uma equipa de criativos e pessoas que recebem (muito) para cuidar dela, as outras são alimentadas por fãs, que querem que o seu valor seja reconhecido. Mas a dúvida que se coloca é: de quem é aquela página?
Temos de ser diretos e objetivos. Se a página não estivesse associada ao nome “One Direction®”, ela nunca tinha crescido como cresceu. O conteúdo pode ser todo novo, criado por apenas uma pessoa, auto-intitulada de “maior fã da banda do mundo”, mas a marca em si é “One Direction®”, sem ela, não existia página, logo a página é da banda e de mais ninguém. Se a banda quiser ficar com a página e roubar os fãs para a sua página oficial, pode fazê-lo, está no seu direito.
Um dos mais badalados exemplos de algo semelhante é a história da família Wasem vs Ferrari®. Em 2009 a família Wasem era detentora de uma página da Ferrari® e com muito trabalho e dedicação conseguiu reunir milhares de fãs. A Ferrari® apercebendo-se disso mesmo, entrou em contacto com eles e perguntou se não queriam ser parceiros, administrando a página em conjunto.
Passado algum tempo a página atingiu os 16 milhões de fãs e a Ferrari® decidiu que, uma vez que a página era deles, eles é que mandavam a partir de agora, retirando a família Wasem da administração.
O caso ainda está em tribunal mas verdade seja dita, sem a marca Ferrari® ou Fórmula 1®, ambas registadas e com enorme projeção mundial, a família Wasem não tinha conseguido crescer como cresceu, foram usados pela Ferrari® mas não foram obrigados pela Ferrari®.
Devem os fãs continuar a criar páginas de marcas que não as suas e dedicar o seu tempo a isso? Não. Mais tarde ou mais cedo, e quanto mais crescerem, as marcas vão aperceber-se desse “Oásis” perdido e vão apoderar-se delas por direito.
É óbvio que fazer crescer páginas de outras marcas também é um negócio e, até ser descoberta, pode render muito dinheiro a quem a cria, mas quem o faz, nunca se esqueça: a página nunca é vossa, é da marca que estão a comunicar e a trabalhar completamente de graça, se algum dia ela desaparecer, não há tribunal que vos ajude.