Author: Rute Gil

O inferno são as redes

Dizem que a depressão é a epidemia do século. Eu desdigo. A grande epidemia deste século são as redes sociais. A pior das drogas, a que não escolhe classes, idades ou género. Aquela que se entranha à primeira experiência egocêntrica. A mais fácil de todas.  O que resta de nós quando num jantar partilhamos mesas com pessoas que seguram paus com um telefone e nos espiam como num submarino? Tenho medo, mas ao mesmo tempo tenho raiva, e depois dó. Não são sentimentos que partilhamos perante um viciado em álcool, em drogas ou mesmo no amor? Noutro dia, vi uma rapariga lindíssima ao balcão de...

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Ano Novo, pouca rede

    Olha, tudo se faz, tanto faz. A minha forma de lidar com o stress é entrar em hibernação. Talvez seja a idade, talvez a sabedoria da experiência, isso mesmo, é a idade. [relacionadas_esquerda]Nos últimos dias fingi que nada estava para acontecer. Até as filhoses de abóbora fiz, mas amanhã, às nove da manhã, três tipos entrarão por esta casa dentro e levarão consigo – sabe-se lá como – mais uma vez, a minha vida. E eu que o que empacotei deixei aberto. Pode ser que caiba qualquer coisa de última hora, um carregador de telemóvel, uma memória, um recado que se guarda...

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Do androids dream of electric sheep?

Lembro-me do meu primeiro namoradinho a sério, saídas contínuas e às escondidas à mítica discoteca capariquense Brahams, ataques de gás lacrimogéneo, rapaz salva rapariga, rapariga que se põe literalmente com a cabeça nas linhas do Transpraia, uma vontade incontrolável de viver no fio da navalha, um tempo cronologicamente marcado na adolescência. Neste tempo de encontros marcados nas cabines da Portugal Telecom, onde se gastavam os escudos dados para o cornetto, a combinar encontros para a mesma noite. Chegaremos a tempo? Haverá alguém do outro lado? Com este meu namoradinho, não havia telemóveis,...

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