Aveiro: 33 horas em ano 2000
23 de Julho de 1999 ««O problema informático do ano 2000 não é um drama. É essencialmente um problema técnico que tem solução e exige uma abordagem de natureza organizacional», Relatório da Missão Para a Sociedade de Informação O projecto do ano 2000 da Portugal Telecom Para uma empresa da dimensão da Portugal Telecom, o desafio do problema informático do ano 2000 tem implicações a muitos níveis. Numa área em que o avanço tecnológico atingiu o seu expoente máximo, a vulnerabilidade das telecomunicações a erros de processamento (software, hardware ou middleware) é maior. Por isso, desde 1997 que uma vasta equipa se dedica a assegurar uma transição suave para o ano 2000. Além dos milhares de horas/homem, o investimento na solução do problema pelo grupo de empresas PT aproxima-se dos 4 milhões de contos. O objectivo principal de todos os trabalhos é: Assegurar que a transição para o ano 2000 e subsequentes seja feita de forma natural e sem prejuízo ou quebras de funcionamento internas e externas à empresa, dando a informação e colaboração necessárias para a solução do mesmo problema no grupo de empresas que lidera A maximização deste investimento faz-se através de quatro áreas de trabalho: Redesenvolvimento aplicacional Infra-estruturas e plataformas Comunicação do projecto Coordenação a nível de Grupo PT Cada um destes work packages visa salvaguardar diversos processos de negócio através da avaliação, preparação e acompanhamento da solução de problemas. 33 horas em ano 2000 Este ensaio de antecipação do ano 2000 culmina todo o trabalho que ao longo de mais de dois anos tem vindo a ser desenvolvido e traduz o empenho da Portugal Telecom, TMN, Telepac, TV Cabo e Marconi na garantia aos seus clientes de uma absoluta normalidade dos seus serviços na passagem para 2000. A variedade de testes a efectuar depende do equipamento ou sistema em questão. Por exemplo, no caso do comutador telefónico (central telefónica de grandes dimensões), o objectivo a atingir é avaliar o seu comportamento enquanto unidade autónoma e na interligação à rede. Assim, na transição para o ano 2000 far-se-á uma avaliação do comportamento do comutador e, ao nível da rede, os testes que permitirão aferir da continuidade do tráfego e dos serviços associados. Poder-se-á dar o caso de proceder a alterações no momento pelo que poderão ser necessários testes adicionais. Ao todo, estão abrangidos por esta acção cerca de 35 mil clientes residenciais e empresariais, o que significou que a sua realização foi precedida de uma comunicação prévia com os clientes servidos por este comutador. O acesso à Internet será outro dos serviços integrados no “Ambiente Ano 2000” preparado para esta demonstração. Para tal, um conjunto de PC’s ligados à Internet estará preparado para trocar mensagens de correio electrónico, com data de envio processada já a partir do ano 2000. Previamente seleccionados, alguns clientes deste serviço irão também participar na demonstração, efectuando as suas chamadas a dois números de acesso para tal dedicados. A nível de comunicação de dados, alguns dos mais importantes grupos empresariais nossos clientes irão igualmente marcar a sua presença. Nesta acção, além dos sistemas de suporte, estão abrangidos serviços de telecomunicações da rede fixa, rede móvel, cabo submarino (Madeira), satélite (Açores), Internet e dados. Com a duração total de 33 horas, os testes têm início hoje, dia 23, pelas 23.30h, e terminará pelas 8 horas do dia 25. Informação adicional: O problema do ano 2000 O chamado «Bug» do ano 2000 é o mais simples e maior problema com que a história dos computadores jamais se confrontou. Quando nas décadas de 50 e 60 foram construídos os primeiros computadores, tanto a memória RAM como o espaço em disco eram extremamente dispendiosos. Consequência deste facto foi a decisão de utilizar apenas dois dígitos para representar as datas (“60” para 1960 por exemplo). Quando no início dos anos 70 muitos dos fabricantes de software e componentes para computadores começaram a ganhar consciência de que a passagem de “99” para “00” iria apresentar problemas, adiou-se a solução do problema. Porquê investir milhões na solução de um problema que apenas se colocaria dai a 3 décadas? Além do mais, até lá, poderia assistir-se ao desenvolvimento de uma solução simples para o problema. O simples facto de, às zero horas do próximo dia 1 de Janeiro de 2000, as memórias dos computadores lerem a data 1 de Janeiro de 1900, o que aconteceria se nada fosse feito, teria implicações catastróficas no nosso quotidiano. O final do tempo O “fim do tempo” acontece quando o contador de um sistema assume valores demasiado elevados para o espaço para tal reservado. Tal sucede quando o contador “dá a volta” e regressa a zero ou assume valores negativos porque incorrectamente definido. Ano 2000: Também um ano bissexto O problema da passagem para o ano 2000 não se limita a uma questão de data mas também ao facto do ano 2000 constituir um ano bissexto. É do conhecimento geral que um ano é bissexto quando é divisível por quatro. Menos conhecido é o facto de que tal apenas é verdade quando o mesmo ano não é divisível por 100. Assim, os anos 1700, 1800 e 1900 não foram anos bissextos. Mas quantas pessoas sabem que quando um ano é divisível por 400 também ele é um ano bissexto?»