
Agora que a Nokia já não está no mercado dos telemóveis, a BlackBerry ficou numa posição ainda mais isolada no mercado. A empresa, que tem vindo literalmente a afundar-se ao longo dos últimos anos (praticamente metade da cobertura de imprensa que a BlackBerry obteve nos últimos dois anos terá servido para sublinhar esta mesma ideia), não teve no BlackBerry 10 o seu tão aguardado salvador. Desta vez, contudo, as coisas são diferentes.
A BlackBerry de John Chen tornou-se obrigatoriamente mais humilde e menos arrogante do que a BlackBerry liderada por Thorsten Heins. A empresa reconhece ter qualidades, mas sabe que esse reconhecimento se desvaneceu para o consumidor comum – o que a obrigou a redireccionar a sua atenção para o nicho de mercado onde sempre gozou de prestígio, mas que agora se encontra ameaçado por nomes como a Apple ou a Samsung, que pretendem obter uma fatia do mercado empresarial.

O BlackBerry Passport é a derradeira (ou pelo menos a mais recente) resposta da empresa canadiana a esta ameaça. Note-se, comparativamente a lançamentos passados como o BlackBerry Z10, que este novo Passport não tenta ser como os outros smartphones – o seu formato quadrado, o seu ecrã gigante e o seu teclado físico, que contrastam visivelmente com os “rectângulos” sem botões, finos e elegantes que se tornaram no standard da indústria.
As opiniões em relação a esta nova proposta da empresa parecem dividir águas: existe uma facção que dá as boas-vindas a este formato pouco convencional (recordamo-nos do LG Vu), da mesma forma que existe o lado que condena este aparelho ao fracasso.
Talvez não seja necessário aprofundar muito os argumentos de ambos os lados, uma vez que a primeira impressão causada pelo BlackBerry Passport deverá motivar o leitor a tirar as suas próprias conclusões. Mas é interessante recordar que alguns sucessos actuais também começaram com o pé esquerdo – tanto o iPhone como o Samsung Galaxy Note tiveram o seu leque inicial de condenações.
Uma coisa é certa em relação ao BlackBerry Passport – conseguiu captar a atenção do tipo de audiência com a qual pretende contactar. Um utilizador que só queira um smartphone para entretenimento próprio não irá prestar atenção a este telemóvel, mas um utilizador que se preocupe com a segurança dos seus dados e queira um aparelho que lhe permita ser produtivo fora do escritório provavelmente irá apreciar algumas das características deste telefone.
As primeiras análises ao BlackBerry Passport têm todas em comum o aspecto da curiosidade: o formato quadrado (ou quase) do novo telefone da empresa canadiana suscita estranheza, levanta imensas dúvidas (sobretudo em relação ao seu potencial para ser bem sucedido), mas acima de tudo impõe o benefício da dúvida. E parece estar a criar impressões mais positivas do que as expectativas iniciais poderiam surgir.

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