Cancro nos telemóveis: utilizadores com tumores processam Vodafone
O operador britânico de telefonia móvel Vodafone pode perder milhões de dólares em 2001 numa série de processos instaurados nos Estados Unidos por vítimas de tumores cerebrais, que consideram os telemóveis responsáveis pela sua doença. Duas destas acções serão lançadas na Primavera pelo advogado norte-americano Peter Angelos, que este ano ganhou um processo que custou 4,2 mil milhões de dólares (cerca de 900 milhões de contos) à indústria tabaqueira de Maryland, refere o jornal britânico Times. As sete ou oito outras acções serão desencadeadas mais tarde, na Califórnia, Kentucky e Maryland. O operador norte-americano Veridon Wireless, propriedade em partes iguais da Bell Atlantic e da Vodafone, será atacado em quase todos os processos, mas outros operadores serão também visados, refere o jornal. “Se essas companhias conheciam os perigos das radiações emitidas pelos telemóveis devem ser punidas e deverão ser punidas severamente, não apenas pelo mal que fizeram ao público, mas também pelos milhões que ganharam”, declarou John Pica, um advogado do gabinete de Angelos. Um estudo divulgado em 19 de Dezembro, financiado pelo Wireless Technology Research e pelo National Cancer Institut, rejeita a existência de relação entre o uso de telemóveis e o aumento do risco de cancro no cérebro, sendo, no entanto, omisso em relação a eventuais perigos a longo prazo. A investigação, realizada com base em 886 pessoas que usavam telemóveis há menos de três anos, encontrou apenas um acréscimo mínimo do risco de um tipo raro de cancro do cérebro, considerado estatisticamente irrelevante pelos autores. “Acreditamos que estes resultados sugerem que os telemóveis não provocam cancro no cérebro”, afirmou então o epidemiologista Joshua Muscat, autor principal do estudo e investigador na American Health Foundation. Ao contrário dos telefones fixos, os telemóveis contêm uma antena dentro do receptor, colocando o cérebro do utilizador em contacto com as ondas de rádio electromagnéticas emitidas pela antena. Desde 1984, data em que os telemóveis foram introduzidos nos Estados Unidos, têm surgido dados contraditórios sobre os riscos da sua utilização.