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Canonical promete smartphone Ubuntu Touch para 2014 – o que esperar?

Não vem aí o Ubuntu Edge, mas a Canonical já prometeu um smartphone Ubuntu para 2014. O que esperar do Ubuntu Touch?

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Apesar de estar longe de ser considerada uma plataforma mainstream, o Ubuntu teve em 2013 vários auges exponenciais de popularidade – auges esses que, a título de curiosidade, parecem ter estado quase todos relacionados com o segmento mobile. O último grande momento quente do Ubuntu ocorreu ainda durante o Verão de 2013, quando a Canonical – empresa responsável pela plataforma – procurou arrecadar financiamento para um dispositivo de marca própria numa popular plataforma de crowdfunding.

Houve alguns aspectos interessantes a rodear esta campanha: o primeiro foi sem dúvida alguma a cobertura mediática de que gozou; o segundo foi o facto de ter batido na altura todos os recordes de financiamento do IndieGoGo, uma alternativa bastante popular ao KickStarter; o terceiro foi o facto de ter falhado redondamente os seus objectivos, o que obrigou a Canonical a remeter este projecto para um stand by indefenido.

Iremos abordar cada um destes aspectos neste artigo, mas não sem antes sublinharmos o regresso do Ubuntu às luzes da ribalta dos media, ainda que numa escala admitidamente menor do que aquela que a Canonical conseguiu atingir durante a sua campanha no IndieGoGo, e novamente com o segmento mobile em foco.

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Ubuntu

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Ubuntu Edge: um fracasso bem sucedido no universo do crowdfunding?

Uma rápida pesquisa por Ubuntu Edge no Google revela um projecto com um potencial enorme mas que parece ter sofrido morte prematura. Á semelhança de alguns finais dignos de Hollywood, contudo, a morte deste projecto não foi feita sem deixar os seus seguidores com alguma esperança, ou “uma luz ao fundo do túnel” se assim lhe quisermos chamar. E a verdade é que vai mesmo haver um smartphone Ubuntu já no próximo ano.

À luz das especificações técnicas dos dispositivos das gamas e plataformas mais variadas, o Ubuntu Edge seria considerado um topo-de-gama: a visão da Canonical concebeu um smartphone com 128 GB de espaço de armazenamento, 4 GB de RAM e suporte dual-boot, ou seja, seria um dispositivo capaz de correr dois sistemas operativos distintos (pressupõe-se que a outra plataforma, além do Ubuntu, poderia ser o Android).

O ecrã, de 4,5 polegadas, seria alegadamente tão resistente “que só diamantes conseguiriam riscá-lo”. E claro, quando ligado a um monitor externo, seria capaz de correr uma versão desktop do Ubuntu, tornando este smartphone literalmente num computador portátil. Só houve um pequeno contratempo: a meta dos 32 milhões de dólares necessários nunca foi atingida.

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Como é que um projecto que obteve tanta cobertura mediática num tão curto espaço de tempo (um mês, que foi o que durou a campanha da Canonical) não conseguiu obter o financiamento necessário? O facto de ser uma plataforma “de nicho” não parece ter servido para desviar as atenções do seu potencial. O feedback que obteve – tanto de órgãos de comunicação especializados como de simples leitores de ocasião – foi positivo e tudo apontava para que fosse aguardado com expectativa, embora isso não signifique que fosse um lançamento comercialmente bem sucedido.

O facto de ter batido os recordes de financiamento do IndieGoGo são, contudo, indicadores da boa adesão que este projecto obteve por todo o mundo, e do interesse que despertou. Poderia a Canonical, por sua vez, ter definido uma meta demasiado difícil de atingir? Ou poderia a empresa eventualmente ter aproveitado um projecto cujas metas fossem impossíveis de atingir para poder medir o grau de aceitação que um dispositivo móvel a correr Ubuntu teria? Estas questões, embora não sejam de ordem prática, fazem sentido se tivermos em conta que a Canonical já tem – há algum tempo – o desejo documentado de aderir ao segmento dos smartphones com uma proposta exclusivamente sua.

2014 tem sido apontado como o ano em que a Canonical vai aderir ao mobile (a própria empresa veio recentemente confirmar que planeia lançar um smartphone seu já no próximo ano), e o feedback ultra positivo que o Ubuntu Edge obteve permitiu à empresa saber em que condições estaria a pisar neste terreno. O Ubuntu Edge, contudo, era apenas uma extensão de um projecto maior da Canonical: o da plataforma Ubuntu Touch, que iremos abordar já a seguir.

Ubuntu Touch

O Ubuntu Touch é a versão mobile do sistema operativo da empresa. Foi desenvolvido a pensar em smartphones e tablets, e apresenta uma interface baseada em gestos, à semelhança das plataformas mais populares do mercado. O sistema operativo móvel da empresa foi inicialmente profetizado quando Mark Shuttleworth, co-fundador da Canonical, afirmou que a versão 14.04 do sistema operativo da empresa já iria suportar dispositivos móveis, televisões e ecrãs inteligentes.

Mais recentemente, em Janeiro deste ano, deu-se o anúncio oficial do Ubuntu Touch, uma plataforma móvel baseada em Linux e que se espera que chegue ao mercado em Abril de 2014, altura que possivelmente poderá coincidir com o anúncio do primeiro smartphone Ubuntu. Actualmente também se encontra disponível uma versão “preview” para programadores, que pode ser instalada em smartphones com especificações elevadas como o Samsung Galaxy Nexus ou o LG Nexus 4.

É importante destacar que o lançamento do  Ubuntu Touch não marca a estreia desta plataforma móvel no mercado, mas sim a estreia da Canonical no segmento dos smartphones com um equipamento de marca própria. Este sistema operativo já foi visto a correr em smartphones e tablets e é tipicamente utilizado por adeptos mais avançados.

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Enquanto plataforma, é curioso constatar que existem aspectos da interface do Ubuntu Touch que vão buscar inspiração a plataformas outrora populares e actualmente remetidas para a sombra, como o MeeGo. O Ubuntu Touch recorre a alguns frameworks que foram inicialmente concebidos pela Nokia para sistemas operativos como o MeeGo ou o Maemo, e também se irá basear em gestos swipe – à semelhança de aparelhos como o Nokia N9, que corria MeeGo – para permitir navegar por entre as suas opções, menús e funcionalidades.

O Ubuntu Touch também vai buscar alguns elementos ao Android, na medida em que é compatível com kernels de Linux que o sistema operativo da Google também utiliza (o que também o torna numa plataforma relativamente simples de instalar em smartphones Android). Já em relação a plataformas como o Windows Phone 8, por exemplo, podemos afirmar que o Ubuntu Touch vai ter em comum o facto de partilhar elementos “nucleares” com a sua versão dekstop, o que significa que aplicações desenhadas para uma versão conseguem ser facilmente adaptadas para a outra e vice-versa.

Dois sistemas operativos num só

Uma das propostas que permitem destacar o Ubuntu Touch das restantes plataformas, contudo, é o facto de reconhecer que a experiência desktop e a experiência mobile são diferentes – o que não implica que não as possa oferecer a ambas. O Ubuntu Touch vai conseguir disponibilizar uma experiência desktop, à semelhança do que a Canonical propôs com o Ubuntu Edge, quando estiver conectado a algum monitor externo.

Isto significa que o utilizador vai poder usufruir de uma experiência móvel que só um dispositivo compacto pode oferecer, mas que não estará impedido de realizar trabalhos mais complexos, que geralmente requerem computadores de mesa, uma vez que o smartphone estará preparado para arrancar com uma sessão completa. Jogos compatíveis com processadores ARM também serão suportados por estes dispositivos.

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De acordo com as informações disponiveis, espera-se que haja uma integração aprofundada de redes sociais como o Facebook, o Twitter, Youtube ou o LinkedIn na plataforma da Canonical. De facto, haverão pouco mais de 10 aplicações “nucleares” que estarão no centro do Ubuntu Touch, o que deverá incluir também um leitor de feeds RSS próprio. A Canonical também deverá disponibilizar aplicações próprias, tais como um cliente de e-mail próprio.

O Ubuntu Touch também vai disponibilizar funções multi-tasking, e o software deverá permitir que os utilizadores trabalhem em mais do que uma aplicação em simultâneo (neste caso, dividindo o ecrã). Num dos vídeos promocionais ao Ubuntu Touch é possível vermos uma aplicação para tirar notas a funcionar ao lado de um navegador de internet.

Para quem será direccionado?

Apesar do Ubuntu Edge ter surpreendido o universo com as suas especificações técnicas absurdamente elevadas para um dispositivo móvel, existem opiniões que defendem que a Canonical poderá vir a apostar no segmento das gamas mais baixas, à semelhança do que a Microsoft e a Nokia têm vindo a fazer com o Windows Phone (o que lhes tem vindo a garantir hipóteses de crescimento no mercado). Porquê? Devido à popularidade que o Ubunto goza em mercados como a China ou a Índia, onde é um sistema operativo que se encontra pré-instalado em muitos computadores. O seu sucesso dentro do segmento móvel, contudo, é impossível de prever.

Resumidamente, o smartphone que corre Ubuntu é um dispositivo que também quer ser um PC, o que explica o facto de ser compatível com versões do sistema operativo concebido para PC ou Televisão. É um sistema operativo que apresenta riscos, ainda que as expectativas que tenha causado sejam elevadas.

E o leitor? Acompanhou o hype em redor do Ubuntu Edge, durante a sua campanha de financiamento por crowdfunding? Que opinião tem sobre este sistema operativo? Deixe-nos a sua opinião!

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