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CeBIT abre portas em clima difícil para a informática e telecomunicões

O maior salão do mundo de informática e telecomunicações abre portas na quinta-feira.

Queda das cotações bolsistas, despedimentos e revisões em baixa das previsões de resultados marcam a conjuntura que antecede a CeBIT, o maior salão do mundo de informática e telecomunicações, que abre portas na quinta-feira. Os gigantes das tecnologias de informação têm sofrido violentamente com o abrandamento económico registado desde o início do ano, particularmente nos Estados Unidos. Em apenas alguns dias, no início de Março, o fabricante de telemóveis sueco Ericsson antecipou perdas antes de impostos compreendidas entre 440 e 570 milhões de euros (entre 88 e 114 milhões de contos) no primeiro trimestre, enquanto a norte-americana Motorola confirmava o despedimento de 7.000 empregados da sua divisão de telefonia móvel. A Nokia, fabricante finlandês de telemóveis, parece, no entanto, escapar da tempestade, calculando um aumento nas suas vendas de 20 por cento entre Janeiro e Março, com perspectivas de lucros inalteradas. Globalmente, o enfraquecimento da procura afecta por tabela os fabricantes de componentes, nomeadamente de semicondutores, utilizados na telefonia móvel. A alemã Epcos reviu em baixa as suas previsões de volume de negócios. E a situação de crise não deixa ileso o sector da informática. Do lado dos PC, o fabricante de computadores Compaq vai dispensar 5.000 funcionários, ou seja, 7 por cento dos seus efectivos a nível mundial, a norte-americana Dell, número dois em todo o mundo na venda de PC, corrigiu em baixa os resultados previstos, e o fabricante número um de microprocessadores, a norte-americana Intel, espera uma baixa de 25 por cento no seu volume de negócios durante o primeiro trimestre. As incertezas que rodeiam o crescimento da informática e das telecomunicações, dois sectores basilares da nova economia, precipitaram a queda dos títulos dessas empresas no conjunto das praças financeiras mundiais. Na abertura da CeBIT 2000, o índice composto da bolsa electrónica norte-americana Nasdaq, o barómetro da nova economia, situava-se acima dos 5.000 pontos, contra os 1.890,71 pontos registados na sexta-feira. O índice dos 50 papéis de referência do novo mercado de Frankfurt, principal mercado europeu dos valores da nova economia, passou de mais de 5.000 pontos, no ano passado, para menos de 1.600 pontos hoje de manhã. Os investidores interrogam-se sobre a capacidade dos grandes grupos de telecomunicações recuperarem após se terem endividado consideravelmente na aquisição de licenças da 3/a geração de telefonia móvel, UMTS. A Alemanha detém o recorde mundial nas licitações para o UMTS, com um valor de 50,519 mil milhões de euros (cerca de 10 mil milhões de contos) para seis licenças. Mais, os investimentos para a concretização de uma tal rede de telefonia multimédia do futuro são actualmente estimados em cerca de 5 mil milhões de euros (mil milhões contos) por operador, segundo os peritos. Tendo em conta que a disponibilização do serviço de UMTS prevista para o próximo ano poderá apenas concretizar-se em 2003, os grupos de telecomunicações vão apresentar na CeBIT os primeiros telefones GPRS (General Packet Radio Services), denominação para o nível intermédio da telefonia móvel que permite um acesso on line mais rápido que o GSM (2/a geração de telemóveis). “A procura do mercado para estes novos telefones vai poder ser medida na CeBIT”, considera Theo Kitz, analista da companhia de consultores Merck Finck. “A transmissão de dados através da Internet é bastante mais rápida com o GPRS do que com a actual tecnologia WAP (protocolo para acesso sem fios), que é um fracasso”, referiu. A CeBIT, que vai estar aberta até 28 de Março, conta com participações portuguesas, no espaço contratado pelo ICEP (Investimento, Comércio e Turismo Portugal), num total de oito entidades, incluindo a Agência de Inovação.