Como saber se estou viciado no meu smartphone?
A cada dia que passa a tecnologia está a tomar conta das nossas vidas.
- João Bonell
- 16/05/2016
- Android, Mobile
*Autor Convidado: João Bonell, fundador do AndroidGeek.pt e profissional de TI
Independentemente da idade, género ou classe social, o mais provável é terem um smartphone no bolso ou estarem a ler este texto num deste dispositivos. Os smartphones, computadores, tablets e outros gadgets há muito deixaram de ser apenas objectos mas sim os melhores amigos para muitos de nós.
Isto tem um preço que só agora estamos a descobrir.
Ficar sem acesso aos nossos smartphones mesmo que temporariamente é causa de ansiedade e stress, ainda que por apenas alguns minutos. Estes pequenos companheiros acompanham-nos em praticamente tudo o que fazemos e estão a substituir a forma tradicional de interacção humana. Seja para declarar o vosso amor por uma miúda gira (ou miúdo) seja para acabar uma relação, verificar o vosso saldo no banco, procurar trabalho, estudar, partilhar informação, ler..
Os smartphones são neste momento a janela através da qual vemos o mundo e interagimos com ele. Como referi na abertura deste texto esta centralização da nossa interacção com o mundo que nos rodeia baseada em smartphones tem um preço e só agora o começamos a conhecer verdadeiramente.
Um estudo da Universidade de Dartmouth revela que utilizadores intensivos de tecnologia se focam mais em detalhes concretos do que no contexto global.
O que acontecerá ao pensamento abstracto?
O objectivo deste texto não é fazer qualquer tipo de julgamento, eu próprio sou editor do site androidgeek.pt, onde o enfoque é na tecnologia móvel, estou portanto incluído neste lote de pessoas que ficam ansiosas se estiverem privadas dos seus equipamentos.
Para ficar claro que este assunto é de importância global, podemos ver os dados de um estudo da Versapak que indica que 41% dos Britânicos se sentem ansiosos e sem controlo da situação quando separados dos seus smartphones ou tablets, 51% admitiu mesmo sofrer de “extrema ansiedade tecnológica”.
A conclusão é que estar “desligado” da tecnologia é surpreendentemente stressante, é comum um sentimento de estar a perder informação importante e uma preocupação sobre o que se estará a passar sem o nosso conhecimento.
Estou viciado no meu smartphone?
Existem alguns sintomas que podem facilmente indicar se estão efectivamente viciados no vosso smartphone, vejam em quantos dos pontos abaixo se revêem.
• Sentem ansiedade quando não têm o vosso smartphone.
• Compulsão para verificar constantemente se existem novas notificações, e o sentimento de urgência de responder imediatamente.
• Síndrome do toque fantasma. Sentiram uma vibração do vosso dispositivo vão verificar e não há novas notificações, se isto acontece com frequência podem sofrer de Phantom cellphone vibration syndrome que é real e um verdadeiro sintoma de adição.
• Não ouvir os outros. Se dão por vocês sem fazer a mínima ideia do que a pessoa que está a vossa frente está a dizer porque passaram os últimos 15 minutos a fazer scroll no vosso mural do Facebook em vez ouvir o que vos estavam a dizer.
• Maus resultados escolares ou laborais. Isto porque o vosso smartphone “rouba” grande parte da vossa concentração. • Sair de casa por um curto período de tempo e ter que voltar atrás para ir buscar o vosso smartphone, mesmo que a vossa ausência seja apenas por alguns minutos.
Estou viciado, o que posso fazer?
Se a lista acima vos fez pensar que podem ter uma adição ao vosso smartphone, talvez seja uma boa altura para pôr as coisas em perspectiva e dar à tecnologia um lugar complementar na nossa vida e não o central como muitas vezes acontece. Deixamos aqui umas dicas/sugestões (algumas mais óbvias que outras) sobre quando NÃO devem usar o vosso smartphone.
#1: Não usem o vosso smaprtphone a conduzir. Esta é óbvia e não precisa de desenvolvimento, a vossa segurança está em primeiro lugar. Lembram-se daquela rapariga que a última coisa que fez foi publicar uma selfie a conduzir?
#2: Não usar o telefone na casa de banho. Ok esta pode ser polémica.. Mas na verdade quando saem da casa de banho uma das coisas que fazem é lavar as mãos certo? O vosso smartphone esteve sempre com vocês e provavelmente a acumular germes e bactérias. Pensem nisso.
#3. Não usar o telefone quando estão a ser atendidos. O empregado de balcão que vos está a atender está a fazer o seu trabalho e os clientes atrás também se querem despachar. Estarem distraídos com o Facebook ou Instagram é simplesmente falta de educação.
#4 Quando estiverem com os vossos amigos desliguem os telefones. Cada vez é mais comum ver grupos de pessoas que estando juntas, parecem estar sozinhas pois cada um está distraído com o seu smartphone. É tão simples como isto, se não querem estar com aquele grupo arranjem outros amigos, não “fujam” para o smartphone.
#5 Não usem o vosso smartphone quando estiverem a desempenhar tarefas que exigem a vossa atenção. Seja a trabalhar ou a estudar. Imaginem um cirurgião a fazer uma pausa de um transplante de coração para ver se há novidades no Facebook.
Os verdadeiros custos do vício nas tecnologias móveis são mais interpessoais do que físicos, não se ausentem da vossa família e amigos por causa dos smartphones. Os smartphones vão estar sempre lá.
Se ficaram interessados neste assunto e conhecem alguém a passar por alguma situação mais grave do que descrevemos, podem consultar o site Internet and Tech Addiction Anonymous que tem mais informação útil sobre este tema.