Um relatório da Deloitte prevê a emergência de uma actividade geradora de um volume de negócios muito significativo, assente na Voz sobre IP (VoIP), conteúdos para telemóveis, televisão sobre IP (IPTV) e jogos em rede.
«Apesar de, num passado recente, se ter vivido num ambiente de euforia e de sucesso limitado, a convergência digital tornou-se uma realidade», afirma o mais recente relatório da Deloitte para o sector de Tecnologia, Média e Telecomunicações (TMT), sublinhando que as empresas que não se adaptarem a esta nova realidade correm o risco de enfrentar o insucesso.
O relatório «Digital Convergence: The Trillion Dollar Challenge» revela que a convergência dará lugar à criação de novas categorias de produtos e novos segmentos de mercado. Mais do que isso: nalguns casos, a estrutura de alguns dos sectores existentes será modificada, através de uma alteração das relações de poder existentes, modificando a matriz competitiva.
De acordo com Carlos Freire, Partner responsável pela área de TMT da Deloitte em Portugal, «a convergência tornou-se uma palavra na moda – uma buzz word – durante a explosão do denominado período das dot-com, mas nunca terá produzido efeitos concretos. O conceito assentava em tecnologias de futuro, com expectativas de lucros no curto prazo. De facto, os vários agentes não reflectiram o suficiente, nem perceberam o que é que os seus clientes queriam e precisavam efectivamente».
Segundo o relatório da Deloitte, podemos já usufruir de diversos produtos e serviços que resultam da convergência, desde a música online a aplicações suportadas em IP (Internet Protocol). Cada uma destas ofertas dá resposta a uma necessidade concreta dos consumidores e a maioria já permite gerar volumes de negócios significativos e ganhos efectivos.
Alguns dos serviços resultantes da convergência, que se estima virem a assumir um papel mais destacado, terão por base a Voz sobre IP, com os analistas do sector a anteverem um volume de negócios de 1 trilião de dólares (1012 no sistema norte americano) no ano de 2010. Adicionalmente, aplicações suportadas em IP – que irão incluir leitores de música digitais da próxima geração, serviços de entretenimento, telefones fixos com vídeo, entre outros – também irão gerar operações de volume significativo. Outros produtos e serviços emergentes, que se espera virem igualmente a gerar, em 2010, volumes de negócios significativos, incluem a televisão sobre IP, os conteúdos para telemóveis, os jogos em rede e a música online.
«Negócios que promovam a convergência digital como vantagem competitiva terão potencial para gerar valor de forma importante», diz Carlos Freire. «Contudo, a convergência terá também o poder de suprimir modelos de negócio num período de tempo relativamente curto – por exemplo, a forma como o aumento da largura de banda conjugado com novas aplicações desafia, no longo prazo, a viabilidade do negócio de voz no serviço fixo telefónico. A forma como a convergência poderá adicionar ou eliminar valor será um resultado directo da capacidade das empresas em antecipar, planear e liderar neste mesmo processo de convergência».
A convergência está a ser conduzida por três tendências principais. A primeira decorre da proliferação de informação digital, que cria uma base comum para manusear diversos tipos de informação – números, palavras, música, fotografias, vídeo e outros – através dos mesmos equipamentos e das mesmas técnicas de processamento.
A segunda tendência advém da disseminação da conectividade entre as pessoas, o que permite reunir diversa informação dispersa e alargar o valor e as possibilidades dos equipamentos para além das suas funcionalidades tradicionais.A terceira resulta dos constantes avanços na tecnologia, desde a maior autonomia das baterias à velocidade de processamento.
