Skip to main content

Entrevista a António Carriço, Responsável pelos Serviços de Internet da Vodafone em Portugal

Licenciado em Engenharia de Telecomunicações pelo IST, António Carriço é Director de “Internet Services” da Vodafone Portugal, empresa onde já desempenhou várias funções nas áreas de marketing e desenvolvimento de novos negócios. Antes de entrar para a Vodafone, trabalhou na PT, na Marconi e em algumas empresas na Austrália, país onde viveu quatro anos. Acedeu a dar uma entrevista ao Telemoveis.com sobre o futuro das telecomunicações móveis e consequentes apostas da Vodafone em Portugal.

Entrevista a António Carriço
Licenciado em Engenharia de Telecomunicações pelo IST, António Carriço é Director de “Internet Services” da Vodafone Portugal, empresa onde já desempenhou várias funções nas áreas de marketing e desenvolvimento de novos negócios. Antes de entrar para a Vodafone, trabalhou na PT, na Marconi e em algumas empresas na Austrália, país onde viveu quatro anos.
Acedeu a dar uma entrevista ao Telemoveis.com sobre o futuro das telecomunicações móveis e consequentes apostas da Vodafone em Portugal.

1. A presença e o triunfo dos conteúdos móveis no mercado português é uma realidade incontornável. Vieram para se “fixar”, quase diria. Em traços gerais, quer fazer um balanço do volume de crescimento desta indústria versus as propostas da Vodafone neste sector?
AC (António Carriço): A indústria de conteúdos móveis não pára de crescer e de se transformar. A grande alteração que está a ocorrer desde há cerca de um ano é a seguinte: alguns conteúdos mais tradicionais atingiram uma fase de saturação mas, por outro lado, está a crescer imenso o acesso à Internet a partir de um telemóvel. Esta é uma oportunidade extraordinária para os operadores e para todas as empresas que, de uma forma ou outra, têm presença na Internet.

2. A discussão em torno da mobilidade, das próprias necessidades inerentes ao ritmo de vida das sociedades modernas, leva a pensar em inúmeras oportunidades de negócio, várias alternativas possíveis ou, na sua opinião, há sintomas de saturação da própria criatividade pela elevada competitividade neste sector?
AC: Há tudo menos saturação. Dois factos ilustram o modo como a inovação continua bem viva na indústria de conteúdos móveis. O primeiro é a quantidade de pequenas aplicações disponíveis para o iPhone e o número extraordinário de downloads dessas aplicações. O segundo é o facto de as principais redes sociais terem criado sites especiais para acesso a partir de telemóveis que são já hoje sites com enorme sucesso.

3. A área do entretenimento arrecada uma grande percentagem nesta indústria. A popularidade deste tipo de serviços fica a dever-se à camada de utilizadores mais jovens. Tem noção do tipo de “cultura” que está a crescer, muito em parte devido às novas formas de comunicação?
AC:
A Internet tem um impacto enorme na cultura, nos hábitos e nas atitudes dos jovens. Quando a Internet se alia à mobilidade proporcionada pelos telemóveis, passamos a estar sempre online não só com os nossos amigos e conhecidos mas também com um mundo ilimitado de informação e de entretenimento. De certa forma, a Internet faz a desmaterialização de grande parte da actividade e do entretenimento dos jovens e os telemóveis fazem a sua ‘imediatização’. Quase todos e ‘quase tudo’ passa a estar disponível a qualquer hora e em qualquer lugar.

4. A faixa etária mais elevada é pouco adepta dos SMS e dos jogos, estas possibilidades móveis encontram mais retorno entre os utilizadores mais jovens. Quer indicar as percentagens de subscritores que usam o telemóvel para os diversos fins?
AC:
Em números redondos, por cada 100 pessoas que utilizam telemóveis há 50 que enviam SMS e há cerca de 25 que estão familiarizadas com o conceito de Internet Móvel e, portanto, utilizam o telemóvel para comprarem conteúdos ou simplesmente para navegarem na internet.

5. Ao nível das escolas, a polémica sobre os erros ortográficos na disciplina de português já se instalou e a culpa recai nos telemóveis, em particular nas mensagens escritas. O processo de desenvolvimento de uma nova linguagem e, provavelmente, o ressurgimento de uma nova língua, parece irreversível. Quer comentar?
AC:
Já antes da massificação dos SMS muita gente escrevia e-mails de uma forma apressada e descuidada. E, brincando um pouco, já o veterano telex levava as pessoas a atropelarem a gramática para pouparem tempo e dinheiro.

Acho que a Língua tem uma enorme capacidade de resistência e de adaptação. Vai incorporar algumas novidades que fazem sentido e vai ignorar o que for mais disparatado. O essencial, na minha opinião, é haver um ensino sólido de Português nas escolas que faça as crianças compreenderem a importância de falar e escrever bem. Se tal acontecer, a Língua vai resistir bem aos atropelos do SMS.

6. Via-se a trabalhar numa rede fixa? Qual o papel desta rede no futuro das comunicações de voz?
AC:
Já trabalhei na rede fixa e tive muito gosto nisso mas é altamente improvável voltar a fazê-lo. Os desafios das redes móveis são mais aliciantes.

No que diz respeito às comunicações de voz, acho que o papel da rede fixa é ser o “backbone” das redes móveis. Não consigo imaginar nenhuma situação em que utilizar um telefone fixo seja melhor ou mais prático do que um telemóvel e, portanto, a pouco e pouco o tráfego de voz vai deslocar-se todo para as redes móveis.

7. Na verdade, criou-se um tipo de intimidade quase invejável com os dispositivos móveis que proporcionam uma série de serviços, impensáveis há uns anos, a todos os seus utilizadores. Quer levantar o véu sobre o desenvolvimento de serviços novos e atractivos para os clientes Vodafone?
AC:
Pode depreender-se das minhas respostas anteriores quais são as áreas em que estamos a trabalhar: acesso à Internet e, em particular, acesso e facilitação do acesso a redes sociais. Nestas áreas vamos ter boas surpresas nos próximos tempos.

8. Para finalizar, o que privilegia num dispositivo móvel, de acordo com as suas preferências e necessidades? Acaba por trocar de telemóvel com muita frequência ou consegue resistir a querer mais e mais?
AC:
Faz parte da minha função na Vodafone ter de testar vários serviços em variados telemóveis e, portanto, acabo por andar sempre a trocar de telemóvel. Mas o que eu mais aprecio é a elegância e a simplicidade no desenho de um serviço ou de uma funcionalidade. É fácil fazer coisas complicadas mas, em contrapartida, é extraordinariamente complexo fazer um novo serviço de uma forma simples que seja atractiva para um número elevado de pessoas.

Para mim não faria sentido não querer mais e mais, pois não há nada mais natural do que passar da satisfação do que já se conseguiu para o desejo de conseguir melhor.

Obrigado pela sua colaboração!
Telemoveis.com