Entrevista com Eduardo Dias (YDreams)

Nome: Eduardo Dias
Naturalidade: Coimbra
Habilitações literárias: Licenciatura em engenharia informática e doutoramento em engenharia do ambiente.
Primeiro emprego e percurso profissional até à actualidade: Em1992, trabalhou como analista de sistemas CRASI (INESC), em 1993, foi co-responsável pelo Centro Multimédia ISEGI/IBM, de 1994 a 1997, bolseiro de doutoramento JNICT/PRAXIS XXI na FCT/UNL, de 1997 a 1998, assistente estagiário no departamento de informática da Universidade de Évora. Desde 1999, é professor auxiliar do DI da Universidade de Évora. Em 2000, foi co-fundador da YDreams e, a partir de 2002, vice-presidente da mesma empresa.
Telemoveis.com: Quais serão as tendências futuras do mercado de telecomunicações em Portugal?
Eduardo Dias: O mercado de telecomunicações, nomeadamente o de telecomunicações móveis, em Portugal é tradicionalmente avançado e inovador, acompanhando e muitas vezes liderando as tendências internacionais. O VoIP será uma commodity. O telemóvel será, cada vez mais, uma ferramenta de comunicação de dados e não apenas de voz. Os telemóveis terão cada vez mais utilizações alternativas, servindo como ferramentas de entretenimento e meio de ligação entre o mundo virtual e a realidade que nos rodeia, dando corpo ao conceito de “Reality Computing”.
Telemoveis.com: O que farão para as antecipar?
ED: A YDreams vem trabalhando, há alguns anos, o conceito de “Reality Computing”, um novo paradigma de computação em que a distância entre o mundo virtual e o real se aproxima de zero. As telecomunicações terão, indubitavelmente, um papel fundamental na realização deste paradigma. A YDreams tem mostrado ao longo dos seus seis anos de existência ter capacidade para inovar, conseguindo manter-se à frente do mercado nas suas quatro áreas de actuação (Advertising, Entertainment, Education & Culture, Environment & Quality of Life), mesmo em termos internacionais.
Telemoveis.com: Em que segmentos vale agora a pena apostar?
ED: Na criação de novas formas de exploração da capacidade de rede instalada. Um telemóvel pode, por exemplo, servir de telecomando para interacção com outdoors, quer para fins recreativos quer promocionais.
Telemoveis.com: Não se estará a chegar a um ponto de saturação ou estagnação?
ED: O negócio tradicional de telecomunicações (voz) tem tendência a estagnar pois praticamente toda a gente tem já telemóvel ou telefone fixo. Por isso mesmo, as ‘telecoms’ procuram hoje negócios alternativos que tirem partido das suas redes e aumentem o ARPU.
Telemoveis.com: O que falta, seja em termos de iniciativas, seja ao nível de estratégias, para dinamizar ainda mais o sector em Portugal?
ED: Penso, conforme disse acima, que as empresas de telecomunicações em Portugal nada devem, em termos de inovação e qualidade, às suas congéneres internacionais. Mas a nível mundial, passamos hoje por uma época em que grande parte das ‘telecoms’ se demitiu de arriscar em conteúdos inovadores e em novas formas de interacção com o cliente. Todo o risco passou para os produtores de conteúdos, mantendo-se uma partilha de receitas na ordem dos 50/50 com a justificação da possibilidade de ‘canibalização’ do seu negócio tradicional.
Telemoveis.com: A YDreams relatou, na última entrevista ao «Telemoveis.com», – na figura do seu presidente António Câmara – que, em 2006/2007, ninguém conseguiria viver sem banda larga no telemóvel. Ainda defendem essa afirmação?
ED: Sim, defendemos. Cada vez mais, o telemóvel irá servir de elo de ligação com o mundo que nos rodeia, quer em termos pessoais quer profissionais. Isso só será possível com a presença ubíqua da banda larga móvel. É claro que o atraso na implementação do 3G tornou esta transformação mais lenta do que o previsto.
Telemoveis.com: Como imagina o telemóvel daqui a 50 anos?
ED: Simplesmente, um ecrã com o formato dum cartão de crédito, flexível e completamente controlado por voz. Ou então, simplesmente deixará de existir como tal, estando as suas funcionalidades embebidas na nossa roupa, óculos ou mesmo integradas com o nosso organismo.