Entrevista com João Paulo Almeida (Webeffect)
João Paulo Almeida é CEO da Webeffect, uma empresa que tem um ano no mercado das tecnologias e que conta com uma carteira de clientes de renome no mercado. Recentemente a Webeffect adquiriu o portal Telemoveis.com, projecto dinossauro no mercado que está a ser reabilitado.
É casado, tem um casal de filhos, de 5 e 2 anos. Fala de tecnologia como uma ferramenta de trabalho igual a muitas outras, diz que é da geração Spectrum e que carrega um PC ao colo desde os 16 anos.
Dinâmico no discurso, não sobrevaloriza o seu trabalho, nem as suas competências, e gosta de simplificar.
Percebe-se que adora o que faz, embora no seu entender tudo é uma questão de obrigação e de responsabilidade, quer na vida pessoal, quer na profissional. Já lhe aconteceu estar em casa e falar com a mulher por MSN e enviar emails à mãe que mora ao virar da esquina. Não considera que a tecnologia afaste as pessoas, antes pelo contrário, acredita cada vez mais na comunicação e partilha do conhecimento via web.
Vai de bicicleta para o trabalho. Tem uma horta. Acredita que as ideias são como as sementes, se tiverem as condições ideais, vingam. Fala muito de confiança, mais do que de tecnologia.
Nos tempos livres, opta sempre pela companhia da família e por dar grandes passeios ao ar livre em vez de ir para a internet. Quando está só, isso sim, vai para a net que, na sua opinião, é melhor do que ir ao cinema. Portanto, se por acaso o virem a passear sozinho; é porque alguma coisa não está bem, ele confessa.
Telemoveis.com: Fale-nos do seu percurso profissional
João Paulo Almeida: Fui consultor numa empresa de implementação de sistemas gestão financeira, o primeiro projecto foi no BES. Foi na década de 90 que trabalhei para a Banca, estavamos no tempo do Banco Mello, BPA entre outros, lidei com soluções MainFrame e Cliente/Servidor. Em 98, houve a primeira tentativa de criação da minha própria empresa, mas duas semanas depois recebi um convite para iniciar a Teknoland em Portugal. Desenvolvemos interessantes projectos nacionais e internacionais. Posteriormente ingressei numa empresa do grupo Tecnidata, na qual fui o responsável pela gestão de projectos com a Vortal, a Unicer entre outros. No entanto, criar uma empresa continuava a ser uma ideia a concretizar, os homens da minha família, o meu avô e o meu pai, nunca foram ricos, mas sempre tiveram o seu próprio negócio.
Telemoveis.com: Foi no final de 2007 que surgiu o projecto Webeffect.
Na sua carteira de clientes, a Webeffect com 1 ano de existência, já conta com diversos nomes de relevo, como os Hoteis Heritage, site Prémio Publituris, e criado pela Webeffect, a Escola de Futebol do Manchester United em Portugal, a PT Comunicações, a Abreu, o Franchising Bota Minuto, o Consulado de Angola em Huston, a Lusoponte, o BMW Moto Clube, a Freguesia de S. Nicolau da Baixa de Lisboa, a Cruz Vermelha, a Vortal, etc. Qual é o segredo do vosso sucesso? E no seu entender onde assenta o sucesso?
JPA: O segredo é segredo! (risos)
É a forma como nos apresentamos ao cliente, as pessoas que fazem parte da nossa equipa e a complementariedade entre os sócios (Cristina Brites e Luís Correia). Aposto nas relações duradouras e com transparência. O segredo é fazer do projecto do cliente o nosso próprio projecto.
No desenvolvimento de um projecto não fincamos pé com ideias pré-definidas porque não há uma verdade absoluta, acreditamos sim na adaptabilidade trabalhando em conjunto com o cliente e sem receio de explorar novas alternativas. É um processo orgânico.
A título de exemplo, o projecto Comprafacil surgiu em conversa com o cliente. Em alguns momentos somos o travão neste projecto, desenvolvemos o indispensável para o seu funcionamento e fazemos desenvolvimentos de uma forma realista, sólida e sustentada.
Não vamos fazer um Ferrari a um cliente quando o que ele necessita é de uma bicicleta.
Telemoveis.com: A Webeffect é uma produtora de tecnologia, estiveram presentes a convite no Portugal Tecnológico 2008, fale-me dos vossos projectos e produtos desenvolvidos para o mercado.
JPA: Neste último ano, finalizámos muitos projectos, iniciámos outros tantos. Nos produtos que desenvolvemos para o mercado, além de toda a parte da criação de websites, intranets e extranets, estamos a investir em aplicações desenvolvidas por nós, internamente.
O resultado de uma delas é o Difusor de Informação Bluetooth (DIB), é um sistema que permite fazer Marketing de Proximidade (Proximity Marketing) com recurso a tecnologia Bluetooth.
Fazemos campanhas de Mobile marketing recorrendo ao SMS, no formato de concursos e/ou divulgação para as Base de dados de contactos dos nossos clientes.
Temos o SMS Service que permite que sistemas terceiros possam enviar notificações por SMS, simplesmente chamando um Webservice.
Desenvolvemos o projecto Comprafacil.pt em parceria com a Hi-media, de que já falei há pouco e que nos está a dar uma grande satisfação, em poucas palavras, este projecto permite o acesso democratizado aos pagamentos por referência Multibanco e PayShop.
Também com a Hi-media, estamos a desenvolver um projecto muito interessante, vousair.com cujo nome já diz tudo e em breve será lançado.
Tentamos sempre mostrar novas ideias, novas abordagens, criar soluções. No entanto, há resistência à mudança, a fazer coisas novas.
Temos uma politica de aconselhamento ao cliente que passa por fazer novas apostas em alguns produtos. Consideramos que se pode aprender e enriquecer com tudo, pelo que convém apostar. Claro que tentamos calcular muito bem os riscos, e de controlar os orçamentos; o insucesso é perder um cliente. Mas também se pode aprender com as falhas e enriquecer com essa experiência.
Telemoveis.com: Há sempre esta pergunta: tudo o que vocês fazem, os outros também podem fazer? Ou seja, na cozinha a receita é sempre a mesma, mas “ter mão” é que interessa. O que é preciso ter na área da tecnologia? Pode explicar?
JPA:Voltamos à mesma ideia – tudo tem a ver com a forma de abordagem ao cliente. Nós não somos reféns de tecnologia. A tecnologia não é boa nem é má. Depende do projecto. É preciso conhece-la, as suas alternativas, e escolher as melhores ferramentas para criar a solução. O fundamentalismo é contraproducente. Por vezes é preciso mudar agulhas.
Telemoveis.com: Trabalhar nas tecnologias de informação é hoje um negócio muito promissor (corrija-me se estiver errada). Fale-me da importância das tecnologias de informação, do mobile marketing que move milhões e da comunicação online. Qual será a sua tendência evolutiva; é mesmo sem retorno?
JPA: Não há volta a dar. O mobile marketing é mais um canal que está a abrir um mercado de potenciais clientes, mais do que a internet. A taxa de penetração de telemóveis é superior a 100%, em Portugal. A comunicação mobile é mais directa, vai directamente ao target, e permite-nos saber com quem estamos a falar. Além disso é a pessoa que escolhe receber os conteúdos e que nos escolhe a nós.
No entanto, a tecnologia não substitui os outros meios de comunicação, é um complemento. Os adolescentes têm hoje a oportunidade de partilhar mais informação, podem estar com os amigos online, fazem parte de comunidades de interesses, de redes sociais, rapidamente enviam emails e rapidamente combinam os encontros. Por fim, eles largam a Net e acabam sempre por se juntar.
Além disso, a comunicação é comunicação, não é necessário estar-se fisicamente junto para ela existir. Já tive convidados numa festa de anos em minha casa (Caparica) que estavam em Paris…. entraram na festa e cantaram os parabéns através de uma Webcam.
Telemoveis.com: Para terminar e passar à recente aquisição do Telemoveis.com, gostaria de levantar um pouco o véu; e pedir-lhe para referir alguns projectos que a Webeffect gostaria de realizar, talvez difíceis, ou não há impossíveis?
JPA: É meu costume dizer e vou dizê-lo: O céu não é o limite, o limite é o budget (risos).
Claro que há sempre algumas limitações, mas o que realmente conta é a viabilidade dos projectos.
Temos projectos à espera de investidores, outros em fase de incubação da própria ideia. Não temos dúvidas de que haverá ocasião de colocar tudo em prática.
Por outro lado, há projectos que gostaríamos de fazer com os clientes e que ainda não fizemos apesar de termos competências para os realizar. A título de exemplo: realidade aumentada, obras de arte interactivas, publicidade interactiva com formatos adaptados a montras, ao chão, a muros, a paredes, e nos mais variados locais possíveis para comunicação. Não estamos de forma activa a publicitar esses nossos serviços, e as competências só valem quando os outros sabem que elas existem. Até ao momento ainda não apostámos na divulgação destas ideias para o mercado, temos que virar o marketing a nosso favor.
Telemoveis.com: Falando sobre os dispositivos móveis: hoje pode-se aceder praticamente a tudo nos telemóveis, consulta e reply de emails, publicidade, informação, leitura de livros, sms na comunicação escrita, áudio, imagens, vídeos etc. Acha que com a evolução dos telemóveis, eles irão tomar o lugar dos outros meios de comunicação e tecnologias de informação?
JPA: Não, não acredito. Obviamente que é um canal de comunicação privilegiado, mas do meu ponto de vista, encaro este meio como um complemento. A TV também não substituiu o rádio, nem o rádio não substituiu o papel.
Telemoveis.com: Sobre o portal Telemoveis.com, qual o objectivo desta aquisição?
JPA: O objectivo é revitalizar um projecto mítico no cenário Web.
Todo o nosso portfólio de produtos tem a ver com a mobilidade. Deste modo, vamos estar mais perto do nosso mercado. O Telemoveis.com vai ser um canal de distribuição, vai haver o lançamento de produtos específicos para a web a começar por exemplo com o theblueguide.com.
Telemoveis.com: Sabemos que o próximo passo é a reformulação do site que já está em curso. O target está bem definido? Isso é importante? O que é importante?
JPA: Temos na nossa comunidade vários targets. A Newsletter tem cerca de 120 mil pessoas registadas. São 80 mil visitantes únicos por mês.
Não há uma regra a seguir, há sim pessoas que procuram determinada informação sobre produtos e serviços. Há quem procure oportunidades em termos de telemóveis usados. Há quem procure telemóveis novos ou topos de gama no nosso expositor. As pessoas que acedem são diferentes entre si. Temos também empresas que usam o centro e mensagens para efeitos de marketing.
E conseguir falar com cada um destes targets de forma acertada, é o que é importante.
Telemoveis.com: O que é preciso fazer agora para que o telemoveis.com ocupe uma posição líder de mercado?
JPA: O Telemoveis.com sempre esteve numa posição líder, nem na fase de abandono, em 2008, isso foi abalado.
Telemoveis.com: O João considera-se um líder?
JPA: Normalmente, isto não se responde e diz-se: “os outros que avaliem”. Mas vou responder: sim! Acho que tenho características de líder; consigo transmitir confiança e entusiasmo.
Telemoveis.com: Defina o Telemoveis.com numa frase!
JPA: Não é mais um portal, é O Portal de Telecomunicações Móveis em Portugal!
Telemoveis.com: Quer acrescentar mais algum ponto?
JPA: Gostaria de acrescentar que o tema no Telemoveis.com vai ser alargado e que vamos falar de mobilidade. Não será de estranhar se falarmos de outros assuntos, não necessariamente de telemóveis, por exemplo, dos netbooks ou outros dispositivos móveis.
Telemoveis.com: Existe alguma mensagem que queira deixar aos visitantes do Telemoveis.com?
JPA: Digam aos vossos amigos que o Telemoveis.com não morreu. Estamos a trabalhar!