Entrevista com Pedro Soares dos Reis (Motorola)
Nome: Pedro Soares dos Reis.
Naturalidade: Lisboa, Portugal.
Habilitações literárias: Licenciado em LEA e pós graduação em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa).
Primeiro emprego e percurso profissional até à actualidade: Depois de uma breve passagem pela empresa de retalho de consumíveis, hoje conhecida como Staples Office Centre, entrou para a Motorola em 1999 como responsável pelo departamento de Trade Marketing, evoluindo naturalmente dentro do negócio da empresa e assumindo a responsabilidade de todo o departamento de marketing em 2005.
Telemoveis.com: Quais serão as tendências futuras do mercado de telecomunicações em Portugal?
Pedro Soares dos Reis: O mercado nacional de telecomunicações, sendo um dos mercados mais desenvolvidos – quer em taxa de penetração, quer em exigência por parte dos consumidores -, não só será expectável que esteja na frente na implementação de novas tecnologias, como aconteceu com o 3G e está neste momento a acontecer com o HSDPA (ligação de alta velocidade), mas também que estabeleça paralelos de ligação com características inerentes a outros negócios, essencialmente ao nível da moda. Efectivamente, tem-se vindo a notar, de uma forma crescente, a necessidade de oferecer aos consumidores portugueses os standards tecnológicos que, inatamente, têm apetência, nomeadamente a tecnologia Bluetooth, ligação de Internet potenciada pela 3ª geração, entre outras, bem como todo um conjunto de características acessórias que, ao longo do tempo, se demonstram determinantes no sucesso de um determinado produto. A título de exemplo, interessa realçar o caso do produto Motorola RAZR V3 Pink, cujo factor determinante do sucesso foi a cor com que foi introduzido o refrescamento desse produto no mercado, estabelecendo não só recordes de venda deste modelo em particular no portfolio da Motorola, mas também a criação de uma tendência que os concorrentes se viram “obrigados” a corresponder. Como foi o caso nas cores, acontece e acontecerá com muitas outras coisas, sejam elas ao nível do design, das funcionalidades ou do uso dos próprios equipamentos.
Telemoveis.com: O que farão para as antecipar?
PSR: A Motorola, como uma das principais marcas do mercado, tem meios humanos e mecanismos a trabalhar na área de investigação aos mais variados níveis, o que lhe permitirá antecipar ou identificar essas tendências e agir em conformidade. Muitas, por terem, inclusive, importância estratégica não podem ser reveladas em adiantado, mas os consumidores europeus e, mais concretamente, portugueses poderão esperar sempre uma postura de inovação por parte da Motorola.
Telemoveis.com: A concorrência apresenta-se cada vez mais forte. Quais os vossos trunfos para ganhar mercado?
PSR: Com efeito, a concorrência no mercado de telecomunicações é bastante forte, mas, ao mesmo tempo, saudável e exigente com todos os intervenientes desta indústria. A Motorola, como interveniente principal, tem a responsabilidade de inovar e apresentar alternativas no mercado que marquem a diferença, como foi, por exemplo, o caso do RAZR V3, que estabeleceu uma nova realidade no design de equipamentos móveis, estabelecendo assim a tendência que a maior parte dos outros fabricantes se viram obrigados a seguir. Como referido anteriormente, muitas vezes por serem questões estratégicas, impossibilita o facto de poderem ser reveladas as linhas que a Motorola seguirá, mas, ainda este ano, a Motorola irá apresentar no mercado uma nova gama de terminais que, por certo, marcarão novamente pela diferença e originalidade.
Telemoveis.com: Em que segmentos vale agora a pena apostar?
PSR: Em virtude do mercado português ser um dos mais avançados e maduros, todos os segmentos são, na realidade, verdadeiras oportunidades de negócio e representativos na sua escala, pelo que nenhuma marca poderá conceder-se o privilégio de estar fora de qualquer um deles. No entanto, há obviamente alguns segmentos, nomeadamente o segmento alto (moda/design) e médio alto (empresarial), que, pela relevância económica que têm e pela capacidade de definir as tendências, são sempre mais apelativos. Ainda assim, todos os outros segmentos são importantes, na nossa perspectiva, uma vez que complementam inteiramente toda a estrutura do negócio e o pleno funcionamento do mercado.
Telemoveis.com: Não estará a chegar-se a um ponto de saturação ou estagnação?
PSR: Pelo contrário, o mercado de telecomunicações no mundo e em Portugal está a atravessar uma fase de “rejuvenescimento”, essencialmente impulsionado pela introdução de novas tecnologias, bem como aspectos sociológicos e novas necessidades para os quais os consumidores estão cada vez mais despertos e exigentes. Assim, é natural que nos próximos anos continuemos a assistir a uma evolução, sustentada e madura, do nosso mercado.
Telemoveis.com: Algumas empresas optam pela aglutinação da Península Ibérica, enquanto outras preferem uma individualização de Portugal face a Espanha. Qual a vossa posição em termos organizacionais da empresa e de apostas de mercado?
PSR: No caso da Motorola, acreditamos que cada mercado tem especificidades próprias e, por isso, deve ter uma equipa dedicada localmente a trabalhar esse mesmo mercado. Para além disto, Portugal é um mercado com relevância negocial, quer em termos de volume, quer em termos tecnológicos, e tem uma estrutura organizacional própria.
Telemoveis.com: O que falta, seja em termos de iniciativas, seja ao nível de estratégias, para dinamizar ainda mais o sector em Portugal?
PSR: O sector das telecomunicações é, por si mesmo, um sector dinâmico e com capacidades de mudança e renovação muito próprias, já que a evolução das necessidades de comunicação dos utilizadores e os diferentes usos que os equipamentos implicam, têm na tecnologia um motor que funciona no sentido de renovar constantemente o mercado e as soluções que os fabricantes e operadores oferecem. Por isso, arriscaria dizer que, nesta área, o que hoje poderá ser uma solução válida que satisfaça as necessidades da maioria dos nossos utilizadores, amanhã poderá ser diferente, em virtude da constante reinvenção das soluções deste sector.
Telemoveis.com: Como imagina o telemóvel daqui a 50 anos?
PSR: Será com certeza futurologia, mas penso que será tranquilo dizer que, tendo em conta as diversas funcionalidades e utilizações que o telemóvel tem hoje em dia, daqui a 50 anos, imagino que poderemos facilmente dispensar uma série de artigos que usamos hoje no nosso dia-a-dia, como são as chaves de casa e do carro, a carteira com todos os documentos de identificação e cartões bancários, porque poderemos ter num só aparelho, o telemóvel, tudo isso.