Ericsson R380 – Semiologia e Funcionalidade
O sucesso dos telemóveis fez-se por uma receita que, em iguais partes, juntou a real utilidade e valor de uso com o marketing e o espírito fetichista mais agressivos – a que as culturas latinas e meridionais, como a portuguesa, aliás, se mostraram sobremaneira permeáveis. Com a massificação do seu consumo, porém, os móveis, por si só, perderam o seu valor enquanto “gadgets”. A posse do objecto sem si deixou de conferir status. “Ter ou não ter telemóvel?” e viver na amargura, caso a resposta fosse não, cessou de tirar o sono às almas mais ciosas da sua boa imagem.
O “requinte” transferiu-se no passo seguinte para o factor tamanho. Curiosamente, na disputa, não vencia a clássica proclamação, e fálica insinuação de que “o meu telemóvel é maior do que o teu telemóvel”, mas antes o subliminar e pueril alvo de júbilo: “o meu telemóvel é mais pequeno do que o teu telemóvel… rói-te de inveja!
Mas a era dos D. Juan de telemóvel pequeno parece chegada ao fim. Afinal, as mulheres voltaram a preferir os terminais grandes, contando que com alguma substância: o WAP, agenda, acesso à internet e uma plêiade de pequenos nadas cuja existência em si, e em rigor, é mais estimada e reconfortante do que, na prática, o seu valor real de uso.
O Ericsson R380 – e daí a nova divagação arqueológica – é o típico produto deste momentum
O quadro médio-alto bem sucedido prefere pagar a uma secretária bem parecida que lhe trate da agenda. O telemóvel multi-funcional encaixa-se mais tipicamente no perfil do jovem frenético, recém-diplomado em Gestão, que sabe que quer vencer, mas ainda não tem dinheiro para pagar a staff. Assim que enriquecer, a primeira coisa que fará será, provavelmente, livrar-se do telefone e contratar uma Anabela ou um Joaquim, diplomados e com elevados dotes em estenografia.
Funcionalidade
Alguém terá dito que a melhor coisa que o Ericsson R380s tem é o botão que permite silenciar o toque da chamada sem a recusar, nem dar a entender ao chamador que não estamos para o aturar. Artifício óptimo para ex-namoradas melguentas; esposas zelosas e amigos da onça.
É, sem dúvida, uma opção útil. Mas o Ericsson tem mais para oferecer.
O modem incorporado permite acesso pop3 ao seu e-mail e o browser WAP mostra-se bastante eficiente.
O visor amplo torna a tarefa de leitura particularmente fácil e a possibilidade de escrever usando o ponteiro agiliza todo o processo de redacção e adição de novas entradas.
O tamanho do visor, no entanto, paga-se em peso e no aumento do consumo de energia: 164 gramas e uma autonomia em standby de 107 horas.
Com um megabyte de memória, o Ericsson está apto a receber mensagens até 39015 caracteres.
Esteticamente, o modelo é muito similar ao seu sibling R320. Oferecido em tons azul e verde escuros, tem linhas escorreitas quanto baste. A antena achatada, com o suporte para o ponteiro, na parte posterior, dão-lhe um ar vanguardista.
The bottom line
As funcionalidades tipo PDA, de agenda, calendário etc… aliadas à marcação por voz; uma prestação dual band e ao extenso visor fazem do Ericsson R390s um modelo interessante sobretudo para aqueles utilizadores que ainda não detenham um Palm ou um Psion e pretendam um bom compromisso que conjugue as possibilidades destes com as da telefonia móvel.
Um Palm não deixa de ter um visor maior e facilidades acrescidas; nem um topo de gama, com WAP e de proporções reduzidas, deixa de ser um telemóvel mais interessante, mas a Ericsson fez o que pode para os aproximar. Goste-se ou não, a fórmula está indubitavelmente votada ao sucesso.
O telemoveis.com agradece à Ericsson Portugal ter disponibilizado o modelo para teste.