Estará a televisão a morrer?

Sim, mas lentamente. Já a Internet está a tornar-se na principal fonte de entretenimento para novas gerações de espectadores


Quando foi a última vez que viu televisão da forma tradicional? Leia-se: sentado (ou deitado) a consumir a programação que escolheram para si, e não a sua própria grelha de programação personalizada.

Este comportamento – o de ver televisão no seu formato tradicional – está a ser substituído pelo consumo personalizado de conteúdos. E se as recentes afirmações do CEO Netflix permitiram levantar suspeitas, os dados mais recentes da Nielsen vieram validar estas afirmações.

O consenso é o de que cada vez menos pessoas estão a ver televisão e a optar por aderir a serviços de vídeo online, bem como a recorrer a dispositivos multimédia e a televisões inteligentes.


Este estudo, importa dizer, diz respeito apenas ao mercado norte-americano, mas poderá servir para nos revelar uma potencial tendência a aplicar-se não só ao consumidor português, como a futuras tendências europeias.

Se o leitor não notou ainda muitas diferenças no comportamento geral do consumo de conteúdos, não se espante – não significando necessariamente que estas não existam, as mesmas estão é a aplicar-se uma forma lenta, gradual e progressiva.

Estamos a assistir, portanto, a uma morte lenta. Os dados permitem concluir que existe realmente um aumento na popularidade das alternativas à televisão – mas a televisão, enquanto meio de entretenimento, ainda continua a ser o canal dominante.


Ou seja: os utilizadores estão, sim, a passar mais horas online a ver serviços de streaming. A Time também relata que existem mais lares norte-americanos a ‘saltar’ a opção de incluir serviços de televisão por cabo.

Apesar dos números actuais serem praticamente o dobro dos divulgados no ano passado, esta percentagem ainda representa 2,8% dos lares norte-americanos.

Por outras palavras: existe, sim, um declínio no consumo da televisão tradicional. Em média, um espectador assistir a 141 horas de televisão por mês, representa um pequeno declínio comparativamente às 147 horas registadas no Q3 de 2013 – cerca de 12 minutos por dia, sensivelmente.


Penso que não será necessário o leitor perguntar-se quem é que anda a beneficiar com estas quedas – serviços como o Netflix, por exemplo, estão a apresentar-se como alternativas viáveis ao formato mais tradicional.

40% dos lares norte-americanos subscrevem serviços de video on-demand (como o Netflix, ou o concorrente Amazon Prime Instant Video). Esta percentagem situava-se nos 13% no ano passado.

Além dos serviços de streaming de vídeo, dispositivos multimédia como a Apple TV ou o Google Chromecast – do qual o nosso João Fonseca falou ainda na semana passada – estão a ocupar as preferências dos utilizadores para consumir televisão. As próprias televisões inteligentes já incluem aplicações nativas como o Netflix, para streaming de conteúdos.


Quantas horas perde o leitor por mês a visualizar conteúdos no computador? Se forem ‘muitas’, fique a saber que está a corresponder às novas tendências: a visualização online de vídeos aumentou sensivelmente quatro horas em relação a 2013, o que se traduz numa média mensal de 10 horas e 42 minutos.

O consumo de vídeos em telemóveis também apresenta uma interessante média de 14 horas e meia por mês. Tudo isto, contudo, representa apenas uma pequena percentagem do tempo real que os telespectadores ainda gastam a ver televisão.

« Mas com a CBS a acabar de lançar uma versão online do seu canal, e a HBO a preparar uma versão ‘cable-free’ do HBO Go, algures para o próximo ano, estas tendências provavelmente vão continuar a acelerar », refere a Time.

Resta saber se, por volta de 2030, alguém terá saudades da televisão convencional?