A Motorola conclui que o uso compulsivo do smartphone é nocivo e diz haver necessidade de mais balanço entre a vida digital e real.
A Motorola aliou-se à Dra. Nancy Etcoff, especialidsta comportamental na Universidade de Harvard e psicóloga no Departamento de Psiquiatria do Hospital do Massachusetts, nos Estados Unidos, para avaliar a nossa relação com os smartphones. A conclusão não poderia ser mais clara: somos viciados e temos de fazer algo em relação a isso. O problema está na falta de balanço entre a vida digital e real, que a empresa define com o termo ‘phone-life balance’. O estudo da Motorola decorreu entre dias 30 de Novembro-26 de Dezembro do ano passado e envolveu um universo de estudo de 4418 participantes com idades entre os 16 e os 65 anos em países como os Estados Unidos, Brasil, França e Índia.
Num cenário de desequilíbrio entre a utilização do telefone e a vida real, são as interacções com familiares, amigos e pessoas próximas as maiores prejudicadas. “Como criadores do primeiro telemóvel, sentimos a responsabilidade de perceber o impacto desta tecnologia de tão rápido desenvolvimento“, explica a empresa no seu blog, acrescentado que deseja que os smartphones “apoiem as nossas vidas sem se tornarem no centro das mesmas – um termo ao qual chamamos balanço telefone-vida“.
O estudo focou-se nos comportamentos e hábitos de utilização dos smartphones entre membros de diferentes gerações. O objectivo era perceber o impacto em relações interpessoais e com o ambiente físico/social em redor dos utilizadores. “Para a maioria dos utilizadores de smartphones, os seus comportamentos problemáticos são respostas imponderadas e maus hánitos para os quais precisam de ajuda a superar“, explica a investigadora Dr. Nancy Etcoff. “Incentivos comportamentais, controlo ambiental e atenção plena ajudarão, bem como os esforços daqueles dentro da indústria dos smartphones. O amplo padrão social descoberto nesta pesquisa em vários países destaca a necessidade de compreensão e acção colectiva“.
As conclusões mais alarmantes englobam as gerações mais jovens que cresceram num ambiente 100% digital:
- Um terço (33%) prioriza o smartphone sobre as interacções com pessoas próximas
- Mais de metade (53%) dos participantes da Geração Z descrevem os seus smartphones como os seus melhores amigos
- 61% dos participantes reconhece a utilização excessiva do smartphone e procura ajuda em atingir equilíbrio no seu uso
- 60% reconhece ser importante ter uma vida separada do telefone
O estudo destaca três comportamentos particularmente nocivos que impactam as relações com os outros e connosco:
Verificações compulsivas – Metade (49%) dos participantes concordam que verificam o smartphone mais vezes do que as que são realmente necessárias e do que gostariam. Aproximadamente 6 em cada 10 das gerações Z e Millennial concordam sentir-se compulsivos na verificação constante dos seus smartphones (44%).
Utilização excessiva do telefone – Um terço (35%) concorda passar demasiado tempo a usar o smartphone (44% da Geração Z) e acreditam que seriam mais felizes se gastassem menos tempo na sua utilização (34%).
Sobredependência emocional – Dois terços (35%) admitem entrar em pânico quando pensam ter perdido o seu smartphone (cerca de 3 em cada 4 da Geração Z e Millennials) e três em 10 (29%) concordam que quando não usam o telefone, pensam em usá-lo ou planeiam a próxima vez que o vão usar.
Adicionalmente, a empresa também criou um questionário online onde permite aos participantes entenderem melhor qual a sua relação com o smartphone.