Estudo: nas redes sociais, os gabarolas arranjam menos encontros
À medida que os encontros online se tornaram uma forma amplamente aceite de atrair potenciais parceiros românticos, os estudiosos têm olhado mais atentamente para a prática.

*Está a ler a adaptação de um comunicado de imprensa em inglês
O que torna alguém bem-sucedido no mundo dos encontros online? Será que os mesmos fatores que tornam as relações cara-a-cara bem sucedidas também se aplicam no mundo online?
Um estudo, publicado pelo jornal “Communication Monographs” da Associação Nacional de Comunicação dos Estados Unidos, questiona como alguns tipos de conteúdo específicos dos perfis online afetam as impressões dos visitantes sobre o proprietário do perfil, além das suas intenções de agir sobre o que vêem (entrando em contacto com o proprietário do perfil para um encontro).
Quando se tratam de encontros online as pessoas são muitas vezes aconselhadas a destacar as suas melhores qualidades. Enfatizam as características físicas e os traços de personalidade mais favoráveis. Além disso, segundo investigações anteriores, apresentar provas que corroborem as informações disponíveis num perfil podem aumentar a confiança dos espectadores sobre o proprietário do perfil.
Para descobrir se as duas práticas contribuíam para o sucesso dos encontros online, Crystal D. Wotipka e Andrew C. High, da Universidade do Iowa, Estados Unidos, perguntaram a 316 participantes o que pensavam de certos perfis. Os participantes foram apresentados a uma de quatro amostras de perfis online com diferentes abordagens, pelo proprietário do perfil, ao desenvolvimento de conteúdo.
Wotipka e High olharam especificamente para dois conceitos: 1) auto-apresentação seletiva e 2) justificações.
A auto-apresentação seletiva é a capacidade das pessoas sublinharem a informação mais lisonjeira para os outros. No contexto dos encontros online, onde o objectivo é atrair um parceiro, as pessoas são motivadas a apresentar muitas informações positivas sobre si próprias enquanto minimizam informações negativas – ou, em outras palavras, são encorajadas a gabar-se um pouco.
As também pessoas podem “justificar” os seus perfis, explicam os autores, fornecendo acesso a fontes que corroborem as informações – por exemplo, um link para a página de uma biografia profissional, ou um blog para onde contribuam regularmente.
Os autores examinaram de que forma é que os perfis com vários índices (altos e baixos) de auto-representação e justificação se alinham com as impressões dos espectadores sobre o grau de atração social e de confiança do perfil. Wotipka e High também analisaram se as impressões de confiança e atração sociais influenciavam a intenção do espectador em contactar e encontrar-se com o proprietário do perfil.
Os autores descobriram que os espectadores julgavam as pessoas que entendiam ser excessivamente gabarolas – sobre si próprias, o seu aspecto ou as suas conquistas – como sendo menos confiáveis e socialmente menos atraentes, reduzindo assim a intenção do espectador em encontrar-se ou contactar com os proprietários daqueles perfis.
Para apresentar perfis com elevados graus de justificação, os autores incluíram nos perfis manipulados links para fontes externas que corroborassem as informações, incluindo links para biografias profissionais mantidas por entidades empregadoras. A estratégia ajudou os espectadores a verificar os conteúdos do perfil, o que em última análise aumentou a confiança na informação disponível – mas só quando as pessoas se gabavam menos.
Quando combinados, baixos índices de apresentação seletiva e elevados índices de justificação fizeram as pessoas “parecer honestas, bem como humildes e acessíveis”, escreveram os autores.
No entanto, talvez uma das descobertas mais interessantes do estudo foi que os perfis com níveis igualmente elevados de apresentação auto-seletiva e justificação eram vistos como sendo arrogantes ou imodestos, o que reduzia a intenção dos espectadores em contactar os seus proprietários.
Por outras palavras, os mais gabarolas têm menos encontros online.
“Os utilizadores devem esforçar-se para se apresentarem como humildes e ‘reais”, explicam os autores, em particular se o objetivo é estabelecer um relacionamento de longo prazo com base na confiança.