Gemini dá movimento às suas memórias: fotografias que se transformam em vídeo com o Veo 3
- Sergio Castro
- 20/10/2025
- Apps, Ferramentas, Tecnologia
Veo 3 | Imagem: site oficial
Aquele instante perfeito, congelado numa fotografia, ganha agora uma nova dimensão — já não tem de ser apenas uma recordação parada com o Gemini.
Lembra-se daquela fotografia especial? Aquela que capturou um momento perfeito, mas que ficou imóvel no tempo? Agora, pode ganhar vida. Quem subscrever o Google AI Pro ou Ultra em Portugal já pode fazer algo que até há pouco parecia magia: dar movimento às suas imagens.
Com a nova funcionalidade do Google Gemini, o Veo 3, aquela fotografia da sua galeria transforma-se num vídeo de oito segundos, cheio de movimento e som. E isto vai muito além de aplicar um filtro ou adicionar um simples efeito. Estamos a falar de uma mudança profunda na forma como olhamos para as nossas recordações.
Deixamos de ser apenas aqueles que guardam momentos congelados para passarmos a ser verdadeiros contadores de histórias. O mais extraordinário? Tudo acontece de forma tão natural que qualquer um de nós, mesmo sem saber nada de edição de vídeo, pode agora ser o realizador da sua própria história.
A evolução natural do Gemini
Nos últimos meses, a Google tem vindo a ampliar as capacidades do modelo Veo dentro da plataforma. A grande novidade está na evolução dos “vídeos silenciosos gerados automaticamente” para algo completamente novo: vídeos narrativos completos, com áudio e movimento personalizados. Esta diferença não é apenas técnica, é fundamental para a utilidade prática e expressividade da ferramenta.
Do ponto de vista comercial, esta funcionalidade reforça a diferença entre os planos de subscrição. Enquanto o plano Pro oferece algum acesso ao Veo 3, é sobretudo no nível Ultra que os utilizadores encontram liberdade total para converter fotografias em vídeos. Para os restantes utilizadores, as opções continuam mais básicas, centradas em texto e imagem, sendo necessário um upgrade para desbloquear estas capacidades de criação audiovisual mais avançadas.
Esta estratégia reflete um posicionamento claro: as capacidades criativas mais sofisticadas estão reservadas para os planos superiores, enquanto as funções base permanecem acessíveis a todos os utilizadores do Gemini.
Vídeo: Google Gemini Veo 3
Como se cria a magia?
O processo é muito simples. Dentro do site do Gemini, o utilizador acede à barra de prompt e seleciona a opção “Ferramentas”. Depois, basta clicar em “Vídeo”.
A partir daqui, é a criatividade que dita as regras. Pode fazer o upload direto de uma fotografia da sua galeria, aquela imagem das férias que sempre achou que merecia ganhar movimento. Ou pode, primeiro, dar asas à imaginação usando o Nano Banana, a ferramenta da Google DeepMind que permite gerar novas imagens a partir de uma original.
Crie uma versão surreal da sua fotografia e use-a como base para o vídeo. As possibilidades multiplicam-se.
O passo seguinte é onde a verdadeira narrativa ganha forma. Na caixa de texto, descreve-se a ação e o som pretendidos para o vídeo. A precisão da descrição é a chave. Em vez de ser um técnico de edição, o utilizador torna-se um guionista.
Escreva algo como:
“A câmara avança lentamente sobre a paisagem urbana, com o som do trânsito ao fundo e uma mota a passar rapidamente.”
Ou algo como:
“A pessoa na fotografia vira-se lentamente e sorri, enquanto se ouve o canto dos pássaros e um leve sussurro do vento.”
É possível especificar diálogos, efeitos sonoros específicos ou a atmosfera sonora geral. A Inteligência Artificial trata do resto.
Em poucos segundos, o Gemini interpreta essas instruções e gera um clip de vídeo de oito segundos. O resultado é um ficheiro MP4, em formato horizontal (16:9) e com resolução 720p, onde o movimento e o áudio, desde diálogos a sons ambiente, estão perfeitamente sincronizados com a imagem.
Uma nova dimensão para as nossas memórias
Assim, esta funcionalidade representa muito mais do que um simples avanço técnico. Toca em algo fundamental na nossa experiência: a forma como preservamos e sentimos as nossas recordações. As nossas fotografias são, sem dúvida, tesouros.
Mas são tesouros silenciosos, congelados no tempo. Mostram-nos um instante, mas deixam de fora a respiração desse mesmo momento. Mostram-nos o rosto, mas não o sorriso a ganhar vida. Capturam o lugar, mas não o movimento que lhe dava alma.
O Veo 3 derruba esse limite. A proposta não é apenas recordar, é quase reviver. Pense na possibilidade: a fotografia do seu avô, aquela que sempre esteve pousada na estante, de repente ganha um leve movimento dos lábios, um piscar de olhos tranquilo.
Ou a imagem daquela praia dos seus vinte anos: as ondas já não estão paradas, quebram lentamente na areia e quase consegue ouvir o som do mar. Isto não é falsificar o passado — é dar-lhe corpo e contexto, injetando-lhe uma camada de emoção que a fotografia sozinha não podia conter.