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Google responde à Comissão Europeia: “o Android não prejudicou a concorrência, impulsionou-a”

A Google respondeu ao “Statement of Objections” (SO) da Comissão Europeia.

 

“A plataforma Android é a mais flexível do mercado e equilibra as necessidades de milhares de fabricantes e operadores, de milhares de programadores de aplicações e centenas de milhões de consumidores”, argumenta Kent Walker, vice-presidente sénior e conselheiro geral da Google.

“Subestimar este equilíbrio irá aumentar os preços, prejudicar a inovação, reduzir as opções de escolha e limitar a concorrência”.

A resposte surge depois de, em Abril de 2016, a Comissão Europeia ter levantado preocupações relativas ao modo como a Google gere a compatibilidade do Android e distribui as suas aplicações.

“O SO da Comissão Europeia é baseado na ideia que o Android não compete com a Apple. Não partilhamos desta visão. E aparentemente nem a Apple. Nem os fabricantes, nem os programadores e nem os utilizadores”.

“Na verdade, 89% dos inquiridos que responderam ao inquérito da CE confirmou que o Android e a Apple concorrem. Ignorar esta concorrência é passar ao lado da característica que define o panorama da concorrência nos smartphones”.

A resposta da Google manifesta ainda a preocupação da empresa face à posição da CE, que diz subestimar a importância dos programadores “e os perigos da fragmentação no ecossistema móvel”.

Só na Europa, em 2015, haviam 1,3 milhões de programadores, segundo dados da empresa. Só que esta mesma comunidade depende de uma framework estável e consistente para fazer o seu trabalho.

Qualquer pessoa pode descarregar o Android e modificá-lo como bem entender, e é essa mesma flexibilidade que, no entender da Google, origina também o problema da fragmentação.

Para combater esta fragmentação, a empresa escolheu trabalhar com fabricantes de hardware para criar um nível de base de compatibilidade nos dispositivos Android. Ao mesmo tempo a Google também permite modificações acima deste nível, “o que justifica o porquê de existir uma enorme variedade de equipamentos Android”.

 

Apesar da Comissão Europeia considerar a fragmentação prejudicial para a plataforma, a Google argumenta que a proposta arrisca-se a “tornar a frafmentação ainda pior, prejudicando a plataforma Android e a concorrência nos smartphones”.

Quanto às afirmações da Comissão Europeia de que não deveria disponibilizar algumas aplicações Google como parte de uma suite, a empresa norte-americana também tem uma resposta.

“Nenhum fabricante é obrigado a pré-instalar qualquer aplicação da Google num telefone Android. Mas oferecemos aos fabricantes uma suite de aplicações para que, quando um utilizador comprar um telefone novo, ter acesso imediato a um conjunto de serviços básicos”.

A Google dá depois o exemplo do iPhone da Apple, ou do Windows Phone da Microsoft, que “fazem não só o mesmo””, como tambémm permitem “uma escolha reduzida nas apps já incluídas nos seus telefones”.

Em média, um utilizador Android europeu descarrega 50 aplicações adicionais para o seu telefone. Só na Google Play, em 2015, os utilizadores descarregaram 65 mil milhões de aplicações.

Em média, mais de 175 milhões de apps diariamente. E desde 2011, as aplicações que oferecem funcionalidades semelhantes às da Google, presentes na suite, foram descarregadas quase 15 mil milhões de vezes.

 

“A distribuição das receitas geradas pelos nossos produtos (como a Pesquisa Google) juntamente com o Google Play permitem-nos disponibilizar a nossa suite gratuitamente – ao invés, de cobrar uma taxa de licença de utilização”.

“Esta distribuição gratuita é uma solução eficiente para todos – reduz os preços para os fabricantes e consumidores, ao mesmo tempo que permite manter o nosso investimento substancial na plataforma Android e no Google Play”.

“Mas, os projectos de código aberto são ecossistemas frágeis. Estas plataformas sobrevivem e crescem com base nas regras que equilibram as necessidades de todos os participantes, incluindo os utilizadores e os programadores. A abordagem da Comissão iria comprometer este equilíbrio e pode involuntariamente acabar por favorecer as plataformas tecnológicas mais fechadas e verticalmente integradas”.

“O que resultaria em menor inovação, em menos escolhas, menor concorrência e em preços elevados. E isto não seria apenas um mau resultado para nós. Seria também um resultado mau para os fabricantes de telefones, para os operadores, para os programadores e, sobretudo, para os consumidores.”