Governo quer criar operador público
O Executivo de José Sócrates quer aplicar ao sector da telefonia móvel o mesmo princípio dos hospitais-empresa e fazer conjugar os interesses públicos e privados a nível do mercado.
O projecto, ainda em fase inicial de apreciação mas que já foi ontem abordado na reunião do Conselho de Ministros, prevê a criação de um novo operador móvel em Portugal que concorresse para a baixa de preços junto do consumidor, promovendo ao mesmo tempo o alargamento da base de assinantes virtualmente a toda a população. De uma assentada, eram geradas novas receitas para o Estado e seguidas políticas de cariz social, tão caras ao novo Governo.
A ideia foi lançada por sectores do meio académico e tinha chegado a ser apresentada ao anterior Governo que, porém, a afastou liminarmente por questões de ordem política, tendo em conta que a sua implementação significa intervir junto da iniciativa privada.
Mas a tomada de posse do novo Governo, «para mais, socialista e com maioria absoluta, voltou dar-nos a esperança de ver concretizado este projecto», revelou Correia Marques, economista, professor universitário e um dos principais mentores da ideia.
Correia Marques justifica que o objectivo de criação de um operador único – que até já tem como proposta de nome «Portugal Mobile» – tem em conta «os elevados custos tanto em marketing como em termos de infra-estruturas» que os actuais operadores vêm despendendo.
No entanto, os académicos envolvidos na ideia do «Portugal Mobile» defendem que, futuramente, o novo operador deveria promover a fusão com a TMN, a Vodafone e a Optimus, por forma a diminuir ao máximo os custos e potenciar o peso e a viabilidade da empresa, conjugando os interesses privados e os públicos.
Fontes socialistas admitem que a sua concretização não será pacífica mas sublinham a força legitimada pela maioria PS das últimas eleições. E referem o facto de José Sócrates estar pessoalmente muito empenhado no projecto, o que não deixa de ser até curioso pois a iniciais PM de Portugal Mobile confundem-se com as de Primeiro Ministro…