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Há coisas bem piores que a Nomofobia (opinião)

Não será excessiva toda a atenção que concedemos aos nossos telemóveis, tablets e smartphones?

Recentemente falámos aqui no Telemoveis.com sobre o conceito de Nomofobia, ou o medo de ficar sem o telemóvel que, na verdade, não é tão o receio de ficar sem o aparelho, mas o pânico de termos as nossas comunicações interrompidas. Da mesma forma que abordámos o tema, também abordámos formas sobre como lidar com esse mesmo vício, ainda que as mesmas possam ser enquadradas no senso comum.

Esta designação espelha uma realidade cada vez mais comum e cada vez menos excepcional: quem é que ainda se lembra de ver pessoas a andar na rua sem estarem agarradas aos seus aparelhos? A obsessão de estarmos sempre conectados tornou-se, mais do que um privilégio, numa necessidade – o que por sua vez, e graças aos facilitismos das novas tecnologias, nos acomodou a um sistema de acesso constante à informação. Seria de esperar, claro está, que houvessem efeitos colaterais.

Há coisas bem piores que a Nomofobia (opinião)

Já certamente todos ouvimos falar de acidentes causados pela distracção proporcionada pelos nossos fiéis companheiros: um peão que atravessou uma passadeira sem prestar atenção à sinalização; um condutor que no lugar de olhar para a estrada olhou antes para a SMS recebida; enfim, uma série de distrações. Pormenores que todos aceitamos e julgamos ser naturais, e que de certa forma minorizamos ao ponto de classificarmos quase como sendo inofensivos – mesmo que por vezes não o sejam.

Só que o que aparentemente parecia ser uma tendência inofensiva depressa se está a revelar potencialmente perigosa, em situações extremas, não só para nós próprios como também para quem nos rodeia: nos EUA, um mercado onde a penetração de tablets e smartphones é das mais elevadas do mundo, é cada vez mais raro encontrar quem não esteja absorvido na sua vida digital. Esta absorção revelou-se ser fatalmente desastrosa num comboio em São Francisco, na Califórnia, onde um atirador passou completamente despercebido em hora de ponta ferroviária.

Há coisas bem piores que a Nomofobia (opinião)

Não houve qualquer sinal de alarme ou manifestação de pânico perante uma arma que não tinha intenções de se esconder porque ninguém sequer reparou no calibre .45 que estava na carruagem – estavam todos absortos nos seus smartphones e tablets. Quase em sinal de gozo, o atirador – que alvejou mortalmente um jovem universitário de 20 anos, na cabeça – deixou a sua arma a descoberto perante uma audiência inerte e desconectada da realidade, mas completamente absorvida pelos pequenos ecrãs que os acompanham no dia a dia. Nem mesmo os passageiros que estavam próximos dele terão reparado que ostentava uma arma de fogo.

Todos corremos o risco inesperado de sofrer acidentes, ou de sermos visitados pelo acaso. É por esse mesmo motivo que, naturalmente, tendemos a ficar alertados em situações onde nos sentimos desconfortáveis ou em perigo. Esse sinal de alerta é instintivo, e é parte do que nos leva a reagir em situações onde estejamos em perigo. Mesmo que não sirva para nos salvar de uma situação, pelo menos leva-nos a agir. Mas é claro que nem disso seremos capazes se estivermos mergulhados na nossa vida digital constantemente.

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A evolução das tecnologias tem vindo a ser debatida e a ser alvo da reflexão por parte de muitos peritos na área. É igualmente senso comum que o seu impacto não é apenas positivo, e que vários resultados negativos – entre outros imprevisíveis – também poderão surgir daí.

A questão não deveria ser “o que podemos nós fazer” em relação a isso. A questão deveria ser: o que vamos nós fazer?