Opinião sobre o Huawei P10 Plus (6 GB/128 GB)
O Huawei P10 Plus é uma das melhores propostas da Huawei, mas não é a nossa favorita.
- Telemoveis.com
- 18/07/2017
- Android, Huawei, Mobile
Quando a Huawei anunciou a sua parceria com a Leica, em Fevereiro de 2016, prometeu uma união de esforços que reinventaria a fotografia nos smartphones. O primeiro resultado do esforço chegou em Abril do mesmo ano com a dupla Huawei P9 e P9 Plus.
Na época a qualidade fotográfica de ambos foi amplamente elogiada pela imprensa especializada, ainda que com algumas limitações: em condições de baixa luminosidade, por exemplo, o desempenho da câmara baixava consideravelmente. Mas a parceria estava a dar frutos; tinha apenas de amadurecer.
Um ano depois, com a dupla Huawei P10/P10 Plus, parte do problema parece ter sido resolvido. Os novos telemóveis trouxeram melhorias ao nível do software e câmaras ainda melhores, entre outras novidades:
- €799,90
- Ecrã de 5,5 polegadas (quad-HD)
- 165 gramas
- Emotion UI 5.1
- Android 7.0
- HiSilicon Kirin 960
- 4 ou 6 GB de RAM
- 64 ou 128 GB de armazenamento
- Câmara dupla: 20 MP + 12 MP (f/1.8)
- Câmara frontal 8 MP (f/1.9)
- Bateria com 3750 mAh
1. Design
O design não é apenas familiar; é coladíssimo à estética do iPhone 7. Não conhecendo os argumentos da Huawei para justificar esta escolha, o facto é que todos aqueles que se cruzam com o P10 Plus pela primeira vez concordam com esta comparação.
Semelhanças estéticas à parte, o P10 Plus marca pontos noutros campeoonatos além do estético; segurá-lo na mão é confortável, ainda que a sua fina espessura (7 mm) e leveza (165g) obriguem a conviver com a ideia de que pode escorregar, cair e partir-se a qualquer momento.
Opções estéticas à parte, a funcionalidade é uma característica essencial a ter em qualquer peça de design. Sob esta perspectiva, a opção da Huawei transferir o sensor de impressão digital das costas para a frente não parece ter sido devidamente considerada.
Enquanto que um sensor nas costas do telefone permite utilizá-lo unicamente com uma mão, passá-lo para a parte da frente obriga a repensar a sua utilização.
E por falar no sensor de impressão digital, a qualidade deste é muito boa – além de extremamente rápido a reconhecer impressões digitais, a Huawei embutiu-lhe funcionalidades adicionais que incluem o reconhecimento de gestos como alternativa aos botões de navegação do Android.
Interessante? Sim. Necessário? Provavelmente não.
O corpo do Huawei P10 Plus, à semelhança do P10, é à base de metal. Todos os botões físicos estão localizados na parte direito do telefone.
2. Ecrã
O ecrã do P10 Plus é muito bom.
Estamos a falar de um LCD IPS NEO com resolução quad HD (2560 x 1440 píxeis), distribuída por 5,5 polegadas. Sendo um IPS LCD, logo um ecrã à base de retro-iluminação, não oferece o mesmo nível de profundidade ou saturação de um AMOLED, além de consumir mais energia; mas oferece mais legibilidade quando exposto a luz solar mais intensa.
É recomendável, contudo, limpar frequentemente o ecrã do telefone.
A ausência de qualquer forma de protecção oleofóbica significa que, lado a lado com um Samsung Galaxy S8, o Huawei P10 Plus vai dar sempre mais trabalho e maiores cuidados com a imagem. De certa forma a Huawei parece ter querido compensar isto com uma película protectora, mas é muito fácil perdê-la na utilização do dia a dia.
3. Desempenho
A Huawei decidiu manter o HiSilicon Kirin 960, que também equipa o Mate 9. Se a isto juntarmos os 6 GB de RAM do P10 Plus (ou 4 GB, consoante a versão), é seguro dizer que o desempenho não é um problema neste telefone.
O Kirin 960 está dividido da seguinte forma:
- Quatro núcleos A73 de alto desempenho, cada um de 2.4 Ghz
- Quatro núcleos A53 de 1.9 GHz, para uma gestão mais inteligente da energia do smartphone.
O AnTuTu Benchmark coloca o P10 Plus na 19ª posição de um Top 20 liderado pelo iPhone 7 Plus (181421). O P10 surge, ainda assim, à frente do iPhone 6S Plus (20º). A título de curiosidade, o Huawei Mate 9 surge em 21º.
O P10 Plus, com um valor atribuído de 143219, está longe de oferecer um mau desempenho; no entanto os dados confirmam que a falta de actualização ao processador levou o P10 Plus a ficar para trás face a outros concorrentes, a maioria dos quais de outras fabricantes chinesas.
Note-se que, quando comparado ao iPhone 7 Plus, o processador do Huawei P10 consegue ser superior em multi-tasking e processamento de imagem.
Mas se o desempenho do Huawei P10 Plus é muito bom para aplicações e tarefas exigentes, a nível gráfico não é tão bom. Se tanto, a Mali G71 que equipa o P10 Plus mostra ser uma GPU perfeitamente capaz, mas comparativamente a outros modelos topo-de-gama, os jogos correm mais lentamente e de forma menos suave.
Não é de todo admirável que o desempenho do P10 Plus seja fantástico. Apoiado por 6 GB de RAM (este valor pode variar consoante o espaço de armazenamento do telefone), esta inclusão garante que o P10 Plus esteja apto para lidar com as tarefas mais exigentes sem gaguejar.
Definitivamente tem mais RAM do que o necessário, o que da perspectiva de quem compra, significa que o Huawei P10 Plus pode permanecer relevante e a correr aplicações recentes pelos próximos 2-3 anos (isto se entretanto as apps não exigirem tantos, ou mais, recursos).
Mas não foi só no RAM que a Huawei decidiu ser generosa. A empresa também se esmerou no armazenamento, optando por dar ao P10 Plus 128 GB de armazenamento.
Na variante com 64 GB de armazenamento a quantidade de memória RAM desce para 4 GB. E se os 128 GB não forem suficientes, o P10 Plus também suporta cartões microSD até 256 GB, garantindo assim uma invejável quantidade de armazenamento físico ao telefone.
3. Software
Se há uma característica do P10 Plus a recolher opiniões unânimes, é o software da Huawei. O EMUI nunca foi a interface mais popular do mercado, mas no P10 Plus traz mais funcionalidades, corrige alguns bugs antigos e melhora os menus de notificações.
Apesar das melhorias consideráveis à interface, a Huawei ainda tem de aprimorar o seu software se quiser, pelo menos, estar à altura do stock Android que corre no Google Pixel.
A introdução de funcionalidades de navegação por gestos poderá dividir algumas opiniões; eu, pessoalmente, aprecio o esforço, e até experimentei usar os gestos temporariamente, mas acabei por regressar à zona de conforto proporcionada pelos botões de navegação do Android.
A curva de aprendizagem necessária para dominar estes gestos não é grande, mas ter de repensar o modo como uso o Android, especialmente quando só existem três botões funcionais no sistema operativo da Google, simplesmente não me cativou.
Quanto à adição dos gestos, ainda que bem-vinda, peca pela falta de uma componente mais visual que sirva de indicador ao utilizador. Além disso, nem sempre os gestos que fazemos são bem-sucedidos, obrigando-nos a repeti-los até obtermos o resultado desejado.
Isto torna a adopção de gestos sobre o sensor de impressão digital mais trabalhosa, custosa e – em última análise – difícil de aceitar.
O Huawei P10 Plus corre Android 7.0 Nougar, personalizado para a EMUI 5.1, a interface da empresa chinesa. A navegação é muito fluida (6 GB de RAM ajudam), mas a cereja no topo do bolo está no trabalho envolvido para preservar esta fluidez depois de vários meses de utilização através de técnicas de desfragmentação, compressão e reciclagem de RAM.
4. Câmara
A câmara digital é um dos grandes destaques do P10 Plus, tal como já era no P10. Só que, enquanto que no P10 mais pequeno a câmara desapontou algumas expectativas, sobretudo pelo seu desempenho em condições de baixa luminosidade, no P10 Plus a história promete ser diferente; com lentes melhores, e desempenho melhor, os resultados só podiam ser melhores. E são.
Quem conhece bem o P10 vai achar o P10 Plus algo familiar: cãmara dupla (20 MP monocromáticos + 12 MP RGB), estabilização óptica e lentes com maior abertura (f/1.7), o que resulta na passagem de mais luz e de fotografias nocturnas com muito mais qualidade.
As fotografias nocturnas do P10 Plus são muito boas, o que é raro de se ver num telemóvel. A presença de ruído nas imagens captadas pelo P10 Plus é pouco notável, além de que as imagens conseguem preservar uma quantidade considerável de detalhes.
Algumas opiniões crêem inclusive que se trata de uma câmara capaz de competir com o iPhone 7 ou o Google Pixel.
Em condições de baixa luminosidade, o P10 Plus tem oportunidade para verdadeiramente se destacar da concorrência. Mesmo em condições de forte luminosidade, a maior abertura (face ao P10) resulta em imagens com contrastes mais naturais.
Por pré-definição, o modo HDR não é automático. Deixá-lo activo pode, inclusive, ser má ideia; certas imagens podem sair prejudicadas e até com efeitos indesejados. Para contornar o ruído das imagens, existe um modo nocturno; no entanto este modo parece encontrar-se mais para descarga de consciência da Huawei do que por necessidade, já que os sensores e lentes parecem funcionar bem sem complementos adicionais.
Os mais exigentes têm ainda um modo PRO que permite balancear os níveis de branco nas fotos, alterar o ISO, foco e velocidade do obturador, além de permitir gravar imagens em RAW.. Tirar fotos a preto & branco é particularmente interessante, já que o sensor de 20 MP é dedicado quase exclusivamente a esta função; os resultados são bem mais interessantes do que simplesmente converter uma fotografia a cores para preto & branco.
Outra vantagem em ter duas câmaras com resoluções diferentes está em permitir ao P10 Plus tirar maior partido dos zooms, que aqui são mais suaves. A perda de qualidade, contudo, é notória a partir dos 2x.
Mas é fácil esquecermos que a parte frontal do P10 Plus também tem uma câmara digital. Com 8 MP (f/1.9), e em constante ‘modo selfie’, é capaz de reconhecer várias faces numa única imagem.
As gravações de vídeo suportam 4K a 30 quadros por segundo, mas eu optaria antes pelos 1080p a 60 quadros por segundo para manter um registo mais suave.
5.Bateria
Com uma bateria de 3750 mAh não amovível, a bateria do P10 Plus consegue ser maior que a do Google Pixel XL. Não é a maior bateria do mercado, mas tendo em conta as suas medidas, não deixa de ser impressionante.
Como todos os telemóveis, a fase da Lua de Mel é encantadora por todos os motivos possíveis; ainda não há aplicações instaladas, o uso de dados ainda é contido, e isso traduz-se numa autonomia invejável. Parado, o P10 Plus consegue durar perto de uma semana até requerer nova carga (sem Wi-Fi ligado).
Mas a situação tende a mudar à medida que a sua utilização também muda; no entanto, o P10 Plus tem autonomia para aguentar um dia inteiro de utilização intensiva, e suportar ainda mais um dia em utilização contida (nestas 48 horas é capaz de atingir os 20% de bateria).
Sendo USB Tipo-C, os carregamentos (e transferência de dados) são mais rápidos. Ligado a uma tomada, o P10 Plus consegue ficar totalmente recarregado em aproximadamente uma hora. Esse período aumenta consideravelmente se a fonte de energia for um PC.
Ajuda correr sobre Android 7.0 Nougat, que trouxe ao sistema operativo da Google novas funcionalidades de poupança de energia. Por exemplo, quando o telemóvel está em stand by, o Android reduz o consumo de dados.
Destaco aqui três diferentes modos de carregamento: o primeiro, e mais rápido, leva aproximadamente uma hora para recarregar totalmente o smartphone, usando para isso o carregador que é vendido juntamente com o smartphone na embalagem; o segundo leva aproximadamente 1h30 para carregar totalmente o telemóvel, usando qualquer carregador rápido; o terceiro, e final, leva aproximadamente três horas até concluir um carregamento, ligado a um PC ou carregador mais antigo.
6. Conclusão
A câmara é muito versátil e, a par das melhorias do software, é talvez o maior destaque do Huawei P10 Plus. A autonomia ocupa um sólido segundo lugar na lista de destaques positivos do P10 Plus. Toda a experiência de navegação é fluida, responsiva e às vezes até frustrantemente rápida.
O espaço de armazenamento é quase infinito (se não for preenchido com gravações em 4K). Se lhe juntarmos suporte para expansão de memória via microSD (até 256 GB), é quase possível trazer toda a nossa tralha digital no bolso.
Mas claro, não se trata de um smartphone perfeito. O design é compacto (tem apenas 7mm de espessura), sólido e atraente, mas peca por recordar demasiado o iPhone 7s; as colunas, se tanto, são apenas razoáveis (para um telemóvel desta gama de preço); pelos €799,90 que o P10 Plus custa em Portugal, teria sido interessante ter direito a um ecrã oleofóbico (que não deixe marcas deselegantes de dedadas) ou a resistência a água e poeiras.
Se considerarmos que o Huawei P10 Plus concorre directamente contra um iPhone 7, Samsung Galaxy S8 ou LG G6, a preços equivalentes, estas características ficam em falta.
Isto faz ainda mais sentido se considerarmos que o aspecto do Huawei P10 Plus é demasiado comparável ao do seu principal concorrente, o iPhone 7, e quando notamos que o processador é uma reutilização de tecnologia do ano anterior.
Facto: o Huawei P10 Plus é um dos melhores telemóveis que a empresa chinesa já produziu; mas para uma fabricante com um histórico que inclui propostas como o belíssimo Huawei Mate 9, é necessário dizer que esta ficou um pouco aquém das expectativas.
Bom, mas não fantástico; interessante, mas não ‘wow’.