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IBM desenvolve circuito integrado 100.000 vezes mais fino que um cabelo

A IBM desenvolveu um circuito integrado em carbono 100.000 vezes mais fino que um cabelo que poderá vir a substituir o silício nos microprocessadores.

O gigante informático norte-americano IBM desenvolveu um circuito integrado em carbono 100.000 vezes mais fino que um cabelo que poderá vir a substituir o silício nos microprocessadores, contribuindo para a miniaturização dos aparelhos do futuro. “Pensamos que os nanotubos em carbono são hoje em dia a alternativa mais viável para substituir o silício, ainda que as características dos chips actuais os impeçam de ser mais pequenos, uma barreira que deverá ser ultrapassada dentro de 10 a 15 anos”, explicou Phadeon Avouris, director do departamento de Nanotecnologia do centro de investigação da IBM. A descoberta, anunciada numa publicação on line da Sociedade norte-americana de Química, poderá ter repercussões na potência dos computadores, aumentando-a, significando ao mesmo tempo uma redução no consumo de energia. O novo circuito integrado utiliza um tubo de carbono com um diâmetro aproximado de 1,4 nanómetros (um nanómetro é igual a 0,000000001 metros). Os investigadores explicaram ter modificado as características electrónicas do nanotubo, permitindo que certas secções deixassem passar um fluxo de electrões (de tipo n, para secção negativa), passando noutras secções corrente positiva. No conjunto, as secções podem então formar transístores constitutivos de um circuito integrado utilizável em aplicações informáticas. A descoberta deverá contribuir para manter a validade da lei de Moore, uma previsão segundo a qual a capacidade e o número de circuitos integrados dos computadores duplicam todos os anos. A nanotecnologia é um campo da ciência cujo objectivo é controlar individualmente átomos e moléculas de forma a criar estruturas (máquinas, chips) milhares de vezes menores do que a tecnologia actualmente disponível permite. A nanotecnologia pode ser considerada a “engenharia dos átomos”, que se destina à construção de estruturas manipulando um a um os blocos básicos constituintes da matéria. Tudo se passa à escala do milhão de vezes mais pequeno do que o milímetro mas, tal como afirmou o famoso físico Richard Feynman, “há muito espaço lá em baixo” num mundo em que tudo é muito pequeno, explicou anteriormente à Agência Lusa Carlos Fiolhais, físico da Universidade de Coimbra. A ideia subjacente é a de que se for possível “dizer” aos átomos como se devem posicionar e reagir entre si será possível controlar as características do material obtido. As potencialidades desta tecnologia, por exemplo, ao nível da medicina ou da electrónica, têm impulsionado o seu desenvolvimento e muito do que se pensava ser apenas ficção científica tem vindo a tornar-se cada vez mais realidade. Os trabalhos de investigação sucedem-se surgindo protótipos de braços nano-robóticos criados a partipodem ror de DNA sintético que dar em torno de posições fixas, glóbulos vermelhos mecânicos artificiais capazes de transportar 236 vezes mais oxigénio por unidade de volume do que as células normais, e até computadores mais rápidos de dimensões incalculavelmente pequenas. “Actualmente é possível modelar agregados de átomos em computador e calcular as respectivas propriedades com base na mecânica quântica”, embora exista sempre “alguma distância entre uma previsão computacional, um ensaio laboratorial e a produção em massa”, refere Carlos Fiolhais. Ainda que se consiga manipular os átomos como pretendido, outro factor limitante do desenvolvimento da nanotecnologia é a capacidade de fabricar em série as nano-estruturas (auto- replicação) para tornar mais barato o processo. “Aí reside, talvez, o segredo do triunfo prático da nanotecnologia. Os físicos não sabem ainda imitar a natureza biológica na criação de estruturas que se auto-reproduzam”, afirma o físico de Coimbra. No entanto, mecanismos como a deposição de minerais durante a formação das conchas elaboradas de alguns crustáceos são o resultado de um longo processo de evolução, e como tal podem ser estudados como modelos de um processo organizado de construção de estruturas complexas, átomo a átomo.