Inovação: UE ultrapassada apesar de progressos em vários Estados-Membros
A UE não está a conseguir colmatar as lacunas de desempenhos em matéria de inovação que a separam dos seus principais concorrentes internacionais, os EUA e o Japão.
Ainda que as tendências na maioria dos Estados-Membros da UE sejam prometedoras apesar da crise económica, os avanços não se fazem com a celeridade necessária. Embora a UE ainda mantenha uma liderança clara sobre as economias emergentes da Índia e da Rússia, o Brasil está a progredir a um bom ritmo e a China está a aproximar-se rapidamente. Na UE, a Suécia apresenta os resultados mais positivos, seguida da Dinamarca, da Finlândia e da Alemanha. O Reino Unido, a Bélgica, a Áustria, a Irlanda, o Luxemburgo, a França, Chipre, a Eslovénia e a Estónia constituem, por esta ordem, o grupo seguinte.
Estas são algumas das principais conclusões do painel de avaliação de 2010 da União da Inovação, hoje publicado pela Comissão Europeia. Trata-se da primeira edição deste painel no quadro da iniciativa «União da Inovação» (IP/10/1288), o qual vem substituir o anterior painel europeu da inovação. Os resultados do painel de avaliação são integrados na Análise Anual do Crescimento (recentemente publicada) (IP/11/22) para ajudar os Estados-Membros a identificar pontos fortes e fragilidades e dinamizar os seus desempenhos através dos respectivos programas nacionais de reforma, ao abrigo da estratégia Europa 2020.
«O painel mostra que é necessário acelerar esforços para tornarmos a Europa mais inovadora, de modo a que possamos aproximar-nos dos nossos concorrentes e retomar uma trajectória de crescimento sólido e sustentável», evidenciou o Vice-Presidente Antonio Tajani, Comissário responsável pela Indústria e o Empreendedorismo.
«Este novo painel de avaliação da União da Inovação destaca a urgência desta questão na Europa. A inovação é tão essencial para o êxito de uma economia moderna como a água é para a vida. Está no cerne do processo de decisão política e é a principal via pela qual as economias criam empregos. Por tudo isto, o painel de avaliação hoje publicado constitui um elemento central da estratégia Europa 2020. Queremos que os Estados-Membros o explorem devidamente para reforçar os seus pontos fortes e corrigir as suas fragilidades», afirmou Máire Geoghegan-Quinn, Comissária responsável pela Investigação, a Inovação e a Ciência.
O painel de avaliação de 2010 tem por base 25 indicadores relacionados com a investigação e a inovação e abrange os 27 Estados-Membros da UE, a Croácia, a Sérvia, a Turquia, a Islândia, a antiga República Jugoslava da Macedónia, a Noruega e a Suíça. Os indicadores estão agrupados em três grandes categorias:
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– Viabilizadores, isto é, os elementos fundamentais que permitem que a inovação aconteça (recursos humanos, financiamento e apoios, sistemas de investigação abertos, excelentes e aliciantes);
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– Actividades das empresas, que mostram o grau de inovação das empresas europeias (investimentos, ligações e empreendedorismo, activos intelectuais); e
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– Resultados, que mostram como tudo isto se traduz em benefícios para o conjunto da economia (inovadores, efeitos económicos).
Ao comparar os indicadores relativos à UE27, aos EUA e ao Japão verificamos que a UE27 não está a colmatar as lacunas de resultados que apresenta em relação aos seus principais concorrentes.
O fosso mais significativo regista-se na categoria «actividades das empresas», onde a UE27 revela atrasos em termos de co-publicações público-privadas, despesas das empresas em I&D e, em relação ao Japão, patentes registadas ao abrigo do Tratado de Cooperação em matéria de Patentes. Este facto mostra que as disparidades verificadas na Europa em matéria de investigação e inovação encontram-se, sobretudo, no sector privado. A prioridade deve, pois, centrar-se na criação do quadro normativo e de outras condições que fomentem mais investimentos do sector privado e facilitem a exploração dos resultados da investigação por parte das empresas, designadamente através de um sistema de patentes mais eficaz.
As diferenças são particularmente importantes, e acentuam-se rapidamente, no que respeita às receitas de licenças e patentes do estrangeiro. Este é um importante indicador de dinamismo económico e evidencia a necessidade de aperfeiçoar o modelo económico e o funcionamento do mercado interno para o conhecimento protegido na UE. Revela ainda que a UE está a produzir menos patentes de grande impacto (isto é, que geram receitas significativas de países terceiros) do que os EUA e o Japão e que não se está a posicionar com suficiente eficácia em sectores de crescimento global elevado.
As disparidades ainda consideráveis no número de pessoas que concluem o ensino superior estão a diminuir ligeiramente, graças a um crescimento relativamente importante na UE.
Não obstante, a UE27 ultrapassa os EUA em despesas públicas com I&D e exportações de serviços intensivos em conhecimento.
Nos últimos cinco anos, o crescimento mais forte registado nos indicadores de inovação da UE27 diz respeito aos sistemas de investigação abertos, excelentes e aliciantes (co-publicações científicas internacionais, publicações de grande impacto, doutorandos de países terceiros) e aos activos intelectuais (marcas comunitárias, patentes ao abrigo do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes e desenhos ou modelos comunitários).
No conjunto, a UE27 mantém a sua liderança sobre a Índia e a Rússia. Contudo, a UE27 está a perder parte da sua vantagem relativamente ao Brasil e, sobretudo, à China, que continua rapidamente a estreitar as suas diferenças face à UE.
Para ler o relatório completo e graficos, siga este link.