Jornais para smartphones e computadores podem ser viáveis em Portugal

A criação de um jornal concebido para ser lido em smartphones e computadores portáteis de ecrã táctil (tablet PC) é viável em Portugal embora a sua sustentabilidade seja difícil de prever, defendem especialistas contactados pela agência Lusa.
Uma ideia como a anunciada na semana passada pelo magnata da comunicação social Rupert Murdoch – que vai lançar um jornal digital para ser lido exclusivamente em computadores, smartphones e tablet PC, como o iPad, – pode resultar desde logo pela “avidez” dos portugueses em experimentar novos gadgets com conteúdos, diz o coordenador editorial do site do “Público”, Sérgio Gomes.
“Público” no iPhone
O jornal tem disponível desde março a primeira aplicação para iPhone dos media portugueses, que contabilizou até meados de julho 25 698 downloads. O total de visitas geradas desde o arranque da aplicação, a 8 de março, situa-se perto das 650 mil.
Reconhecendo ser “muito falível” fazer previsões sobre o futuro da indústria dos media, pois tal implica mexer em “hábitos enraizados há séculos”, Sérgio Gomes sublinha que o único modelo provado de rentabilização de projetos online passa pela publicidade.
“Todos os outros modelos mostraram ser falíveis”, assinala, referindo-se por exemplo ao sistema de notícias pagas, utilizado por vezes por Rupert Murdoch em órgãos como o “Wall Street Journal”.
Retorno dos projetos é uma incógnita
Também para o editor de Multimédia do Expresso, projetos como o idealizado pelo magnata da comunicação social “acabam por ser sempre viáveis”, residindo a maior dificuldade na sua “sustentabilidade ou não”.
Miguel Martins sublinha que tecnicamente não é difícil idealizar um jornal exclusivamente vocacionado para novas plataformas. O problema, sustenta, é que “o retorno” de tais projetos “é uma incógnita”, quer a nível publicitário quer do próprio “modelo de negócio em si”.
Futuro passa pelos gadgets
O editor do Expresso adverte que, em Portugal, o potencial público para este tipo de iniciativas é ainda reduzido, mas admite que o futuro da comunicação social passa “inegavelmente” por novos gadgets tecnológicos. “É evidente que o futuro passa por aí. Não há nenhum caminho que se faça a andar para trás”, assinala.
O jornalista Paulo Querido, especialista em redes sociais e novas tecnologias referentes à Internet, reforça a importância da “mobilidade” no consumo de informação, antevendo que a Internet no seu sentido “mais clássico”, o ato de “ir a páginas de jornais ver notícias”, vá perder importância para aplicações próprias criadas pelos órgãos de comunicação social.
Paulo Querido realça também a dificuldade em perspetivar as receitas de um serviço do género, nomeadamente em Portugal, um país “extraordinariamente conservador e não inovador” no setor dos media, que tradicionalmente adapta “um, dois anos depois” projetos que se comprove bem sucedidos internacionalmente, “em particular nos EUA”.
De acordo com o “Los Angeles Times”, a redação do novo jornal idealizado por Robert Murdoch vai funcionar em conjunto com a do “New York Post” e utilizará parte dos recursos do jornal, bem como do “Wall Street Journal” e da agência financeira Dow Jones, todos da News Corporation detida pelo empresário.
*** Este texto NÃO foi escrito de acordo com o novo Acordo Ortográfico***
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