Ainda nos consideramos a dar os primeiros passos em reciclagem de vidro, papel e plástico e já se fala em reciclar telemóveis. Na vizinha Espanha já são esperados para o próximo ano qualquer coisa como 100 toneladas de aparelhos inutilizados. São as necessidades dos novos tempos.
Já se tinha dado conta de uma empresa de Vila Nova de Gaia que vai começar a aceitar material informático, não só para reciclar como, eventualmente, aproveitar algumas peças que ainda possam ser utilizadas. Mas os nossos vizinhos vão mais longe. É que mesmo aqui ao lado sofrem do mesmo problema que em Portugal: os novos modelos de telemóveis (mais pequenos, mais leves, mais tecnologicamente avançados, mais tudo) rapidamente fazem o utilizador esquecer o dinheiro que pagou pelo seu topo de gama…na altura que o comprou.
Ou seja, como diria Herman José e muito bem, resmas de telemóveis são abandonados numa qualquer gaveta de casa ou do escritório, acumulando um novo tipo de lixo, exclusivo da nossa era: o excedente usado da tecnologia. Como, por razões óbvias, não pode ser doado para os países menos industrializados, a solução será mesmo reciclar.
E para que não houvesse desconfiança nos locais a depositar os telemóveis desperdiçados, estilo “pilhómetros”, os espanhóis elegeram os tragamobiles (meio traduzido para papamóveis) para convencer a população a deitar fora os telemóveis já fora de circulação.
Com a brincadeira, o governo espanhol, mais concretamente o seu ministro do Ambiente, Jaime Matas, espera recolher qualquer coisa como 100 toneladas de material. Exactamente: 100 mil quilos de telemóveis velhos, com baterias viciadas ou que ainda nem sequer suportassem serviço de chamadas em espera. É o resultado de 17 milhões de espanhóis com telemóveis na mão.
Um conselho apenas a esta louvável atitude do governo castelhano: é melhor colocar polícia à beira dos tragamobiles, pois ainda podem correr o risco de verem os telemóveis enviados para reciclar ser vendidos na candonga a preços da chuva.
P.F.