Lucro da PT cai 32,8% no 1º semestre
- Pedro Matos Trigo
- 15/09/2005
- Internet, Social Media, Tecnologia
No mesmo período do ano passado, a PT obteve um lucro de 385,7 milhões de euros, ajustado às novas normas contabilísticas (IFRS). E justifica a queda no lucro com «o aumento dos custos decorrentes do programa de redução de 406 trabalhadores no negócio fixo», que ascendeu a 97 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano.
Os analistas esperavam que a PT gastasse entre 96 e 121 milhões de euros com as reformas antecipadas, contra os 4 milhões de euros gastos no semestre homólogo do ano passado.
No total, os custos operacionais subiram 8,9% para 2,37 mil milhões de euros, aumento que, de acordo com a PT, «está essencialmente relacionado com as operações no Brasil, que contribuíram com 18 milhões de euros no crescimento dos custos com pessoal, devido sobretudo à incorporação de mais trabalhadores nos call centres».
Os resultados deste semestre reflectem ainda a venda, concluída em Agosto, da Lusomundo Serviços (que controla 80,91% da Lusomundo Media) à Controlinveste, e da PrimeSys à Embratel no Brasil, que espera ainda aprovação do regulador da concorrência.
Os proveitos operacionais subiram 5% para 3,024 mil milhões de euros, próximo dos 3,016 mil milhões de euros esperados pelos analistas. No mesmo período do ano passado, a PT obteve receitas de 2,88 mil milhões de euros.
Estes resultados reflectem sobretudo «uma maior contribuição da Vivo – joint-venture da PT com a espanhola Telefónica para o mercado móvel brasileiro – em resultado, em parte, da apreciação do real no período e da PT Multimédia», explica a PT.
As receitas das operações em Portugal caíram 0,2%, com o aumento da facturação PT Multimédia e da TMN a compensar o decréscimo na rede fixa, adianta a empresa. O negócio de rede fixa facturou menos 2,8% do que no mesmo período do ano passado devido, sobretudo, à descida das tarifas de interligação fixo-móvel, que teve um impacto de 7 milhões de euros nos proveitos operacionais.
Ainda no negócio de telefone fixo, o operador salienta que o crescimento dos serviços de acesso à Internet de banda larga ADSL tem vindo «progressivamente a alterar a composição do ARPU» (receita média por cliente), que se situou nos 41,8 euros. «As receitas de dados e vídeo representaram, respectivamente, 12,9% e 21,7% do ARPU, em comparação com 8,9% e 20,3% por cento no primeiro semestre de 2004».
As receitas de retalho no negócio fixo beneficiaram ainda dos planos de preços, que representaram 8,6% nas receitas e do aumento da assinatura mensal, «mais do que compensando a queda no número de acessos», adianta.
Receitas da TMN em queda
As receitas da TMN caíram 2,3% no semestre, reflectindo também o impacto negativo do ajuste das tarifas de interligação. Excluindo este impacto, os proveitos operacionais teriam subido 1% no período.
Os proveitos operacionais da PT Multimédia subiram 5,2% para 149 milhões de euros, impulsionados pelo serviço de televisão por subscrição (TV Cabo) e pela Internet de banda larga (Netcabo).
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) do grupo caiu 1,5% para 1,149 mil milhões de euros, contra os 1,155 mil milhões de euros esperados pelos analistas. O grupo justifica a queda com a redução no EBITDA nos negócios móveis, designadamente TMN e Vivo.
A descida do EBITDA na TMN «reflecte o investimento no lançamento do 3G e o impacto negativo da descida das tarifas de interligação fixo-móvel». Em Junho, a PT reviu em baixa as previsões para os resultados da TMN neste ano devido ao esforço de massificação da terceira geração móvel.
No caso da Vivo, a descida de 32,4% no EBITDA reflecte uma subida dos custos de aquisição e retenção dos clientes em resultado do aumento da concorrência.
O investimento da PT subiu 57,7% para 368 milhões de euros, reflectindo o aumento em todas as áreas de negócio.
A dívida líquida situava-se nos 4,256 mil milhões de euros no final do primeiro semestre, mais 724 milhões do que no mesmo período do ano passado. A PT justifica este aumento com a contribuição extraordinária de 300 milhões de euros para financiar cuidados de saúde depois de reforma, a contribuição de 101 milhões de euros para o fundo de pensões e os fluxos relacionais com o programa de remuneração de accionistas (recompra de acções e distribuição de dividendos).