Martin Cooper – O inventor dos telemóveis
Em 1973, Martin Cooper, então a trabalhar na Motorola, carregou num botão, obteve sinal de marcação e fez a primeira chamada de um telemóvel do mundo. Cooper entrou para a história não só como sendo o primeiro utilizador, mas também por ser considerado como o inventor deste novo meio de comunicação.
O conceito de comunicações móveis utilizando uma rede celular nasceu em 1947, dentro da Bell Laboratories, o departamento de pesquisa da AT&T, a única operadora norte-americana nessa altura. Na altura, a ideia não era realizável devido a dificuldades na disponibilização de espectro de rádio por parte das autoridades. Mas a partir de 1960, a Bell Labs e a Motorola começaram a estudar o conceito e a procurar colocá-lo em prática. A corrida ao celular foi vencida pela Motorola a três de Abril de 1973, graças aos esforços de Cooper que pretendia que as pessoas fossem capazes de transportar e utilizar o seu telefone em todos os lugares.
Martin Cooper nasceu em 1930 e foi criado em Chicago, tendo tirado um curso universitário de engenharia no Instituto de Tecnologia de Illinois. Após ter servido quatro anos na marinha dos Estados Unidos em vasos de guerra, Cooper trabalhou numa companhia de telecomunicações durante um ano. Em 1954 foi contratado pela Motorola, que na altura se dedicava a fabricar sistemas portáteis. Cooper iniciou o seu trabalho no desenvolvimento de sistemas de rádio portáteis para agentes da polícia, subindo gradualmente dentro da Motorola até ser o chefe da pesquisa dentro da tecnologia celular.
A corrida ao telemóvel
Em 1973 a Motorola encontrava-se a procurar convencer a FCC (Federal Communications Commission), a entidade responsável nos Estados Unidos pela gestão do espectro electromagnético, a conceder frequências às operadoras privadas para serem usadas no desenvolvimento e implementação das novas tecnologias. Apesar das aplicações previstas estarem mais viradas para o âmbito de telefones em carros, devido ao peso dos primeiros sistemas celulares, Cooper defendeu que a revolução celular passava pelas pessoas utilizarem os seus telefones onde quisessem, não apenas em automóveis. Para que a sua ideia fosse aceite, foi-lhe necessário convencer alguns dos próprios dirigentes da Motorola, que se encontravam cépticos deste conceito.
A FCC já havia atribuído frequências em 1970 para serem utilizadas em sistemas móveis de rádio em terra e desde então a Motorola havia desenvolvido toda uma série de produtos, incluíndo alguns protótipos demonstradores, entre os quais o modelo Dyna-Tac, desenhado por Cooper. Após os testes iniciais feitos em Washington destinados a demonstrar a nova tecnologia à FCC, Cooper e a Motorola instalaram uma estação base em Nova Iorque com o propósito de fazerem apresentações dos novos telefones ao público.
A três de Abril de 1973, Cooper encontrava-se na esquina de uma rua em Manhattan, a caminho de uma conferência de imprensa num hotel, quando decidiu tentar fazer uma chamada pessoal. Cooper pegou no seu terminal Dyna-Tac, carregou no botão para tirar o telemóvel do descanso e o aparelho conseguiu ligar-se à rede fixa através da estação-base instalado no topo de um edifício em Nova Iorque. Cooper então marcou o número do seu rival, Joel Engel, o responsável pelo departamento de pesquisa da Bell Labs. Contudo, a introdução do primeiro serviço comercial apenas aconteceu em 1979, no Japão, e apenas em 1982 a FCC aprovou, nos Estados Unidos o lançamento, por parte da Ameritech, do primeiro sistema móvel comercial.
Martin Cooper deixou a Motorola em 1983, encontrando-se actualmente à frente da ArrayComm, uma companhia que desenvolve soluções alternativas de recepção de comunicações móveis. Numa entrevista concedida à BusinessWeek, o visionário de 87 anos considerou que a adopção pelas massas dos telemóveis não é nada mais que o velho sonho da AT&T tornado realidade: quando alguém nasce é-lhe atribuído um número de telefone e se essa pessoa não atende é porque está morta.
E a verdade é que passados tantos anos, hoje encontramo-nos em 2015 e os telemóveis têm mais importância que nunca. A palavra “telemóvel” deu lugar a “smartphone”, que por sua vez ocupa cada vez mais tempo na vida de cada um de nós. O equipamento que outrora apenas fazia chamadas, hoje em dia é uma autêntica ferramenta de trabalho e de entretenimento, sem a qual milhões de pessoas – quase – não vivem.