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N-Gage: a outra convergência

Quando falamos de convergência (falando de telemóveis), por defeito associamos as funcionalidades de um telefone com as de um PDA. Mas desta feita a convergência é outra: entre um terminal móvel e uma consola de jogos.

Quando falamos de convergência (falando de telemóveis), por defeito associamos as funcionalidades de um telefone com as de um PDA. Mas desta feita a convergência é outra: entre um terminal móvel e uma consola de jogos. Estamos, naturalmente, a falar do N-Gage, no qual a Nokia tentou simultaneamente agradar a ambos os mercados.

As críticas não tardaram a surgir, vindos dos habituais “velhos do Restelo”, para quem qualquer tentativa de fugir ao convencional é genericamente mau, ou dos amantes mais fundamentalistas das consolas, que não tardaram a considerar que, graficamente, a N-Gage ficava muito áquem da Game Boy Advance. Apenas para citar algumas das críticas imediatas. 

Mas não vimos ninguém saudar a coragem da marca em embarcar num conceito pouco ou nada explorado. Mas, como se diz cá no burgo, isso são outros quinhentos. 

Existem, basicamente, dois tipos de críticas: aquelas que se destinam por e simplesmente a deitar abaixo, e as construtivas. As últimas ouvem-se e podem ser usadas como uma boa base para se partir para uma segunda versão, melhorada. Parece-nos ser isto que a Nokia está a pensar fazer, uma vez que os rumores de uma segunda versão já correm na rede, nos quais são igualmente referenciados as mudanças que serão levadas a cabo. 

Uma delas prende-se com um dos grandes defeitos, a nosso ver, desta consola. Estamos a referir-nos ao modo pouco convencional como se fala na mesma, quando não se faz recurso ao auricular, muito bom por sinal. Esta nova maneira de falar foi baptizada de side talking e já deu direito a site.

Visor

Mas vamos ao que interessa, o terminal/consola ou vice-versa, conforme vos der mais jeito, vem equipado com um visor semelhante ao do Nokia 3650: 176 x 208 pixéis capazes de debitar 4096. Tendo em conta que também estamos a falar de uma consola, parece-nos insuficiente, já que nalguns jogos mais definição na cor seria uma boa ajuda… estamos a pensar por exemplo em Tomb Raider.

Ergonomia

O desenho do N-Gage é obviamente adaptado às funcionalidades de consola (como se prova pela maneira de falar sem auricular) com o cursor/joystick a ficar situado do lado esquerdo do terminal, e as teclas do lado direito. A sua forma permite que as mãos se adaptem de forma fácil e intuitiva, quer estejamos a utilizar o terminal no modo telefone ou no modo consola. Esta facilidade de uso transmite-se às várias funções incluídas no telefone. 

Interface do Utilizador

O Nokia N-Gage utiliza basicamente o mesmo sistema operativo do 7650. Tudo no telefone irá parecer familiar àqueles que tenham, ou que já tenham utilizado um Series 60. O sistema de menus, ícones e funções gerais são os mesmos – exceptuando as novas funcionalidades. 

Fazer e receber chamadas

Já haviamos referido na introdução que sem auricular não conseguimos falar no N-Gage, não nos deu jeito, para além de ser muito inestético. Com o auricular o caso muda de figura e a experiência é bastante agradável devido à boa qualidade sonora do aparelho. Outro ponto positivo vai para o facto do terminal pausar o jogo no caso de recebermos uma chamada quando estamos a um penalti de vencer o mundial com a selecção nacional no FIFA 2004. Bem pensado.

Jogos e Aplicações

Antes de fazermos uma pequena descrição e comentário a estes dois itens, uma nota para o facto de cada vez que se quer mudar de jogo, o utilizador tem de “desmonstar o terminal”, tirar o jogo e inserir o seguinte, por bateria, ligar o telefone. A primeira vez é incómoda, a partir daí torna-se verdadeiramente irritante. Também não percebemos o porquê da não existência de uma porta exterior para o cartão de memória… já agora duas. Tudo seria mais fácil. 

Em relação aos jogos, e apesar de graficamente ficarem atrás do Game Boy Advance, o que é certo é que Tony Hawk, Fifa 2004, Tomb Raider (entre outros) proporcionaram-nos horas de prazer. Em viagens grandes o único problema é mesmo se a bateria for abaixo. 

The N-Gage inclui uma série de aplicações, como por exemplo o Real Player para visionar vídeos pré-gravados, um leitor de MP3, calculadora, ferramenta de conversão, entre outros. 

Outra aplicação que porventura terá algum interesse será o screen shot, quanto mais não seja para guardar um outro resultado de um jogo, e mostrá-lo aos amigos. 

Em relação às funcionalidades sonoras, convém realçar que, se ligarmos um Walkman ou outro aparelho, pode-se gravar eno formato .AAC.

Organização

O N-Gage tem duas aplicações já habituais: uma com calendário e outra de afazeres. 
O primeiro está organizado da forma habitual, podendo ser visionado por dia, semana ou mês. Existe a possibilidade de enviar um evento por e-mail ou Bluetooth, o que nos pareceu bastante prático. 

Em relação à lista de afazeres (lembretes), nada de novo, e o nome diz tudo.

Conectividade e Software

Muito importante neste terminal, ou não estivesse anunciado em todo o lado a possibilidade de jogar via Bluetooth contra um adversário. Infelizmente não experimentámos fazê-lo, pois não encontrámos ninguém para jogar connosco. Adiante. O N-Gage vem equipado com Bluetooth e GPRS classe 6, o que poderá traduzir-se 16-24Kbps no envoi e 24-36Kbps na recepção. Parece-nos aceitável em termos de navegação na Net, ou a recepção e envio de e-mails. 

Em termos de conectividade com o PC, não tivémos qualquer problema. Ligámos via cabo USB, e agradou-nos o facto de termos também um disco amovível.

Em relação a sincronização, transferência de ficheiro, actualização de contactos, composição e envio de mensagens compostas no computador, tudo correu às mil maravilhas. 

Uma nota para uma funcionalidade muito interessante ao nível da não-conectividade. Na lista de perfis, existe uma opção “Offline”. Ora, como o nome indica, esta opção desliga o GSM, e pode jogar em segurança dentro de sítios onde normalmente os terminais devem permanecer desligados, como por exemplo hospitais e aviões.

Autonomia

O fabricante anuncia uma autonomia de três horas em conversação e 175 horas em espera. No nosso caso, a consola durou no início cerca de dois dias entre carregamentos. Mas as “idas à ficha” começaram a ser frequentes assim que recebemos Tony Hawk e Fifa 2004. 

Uma nota para os jogadores furiosos: se vão fazer maratonas a jogar, será talvez aconselhável a compra de uma bateria suplente.
 

Conclusão

Houve alguns pormenores que nos irritaram, nomeadamente todos aqueles que não conseguimos perceber a razão para tal falha. Estamos a falar das 4096 cores do ecrã e a necessidade de desmontar o terminal cada vez que se mudar de jogo. Correm rumores de que a sucessora da N-Gage, baptizada nos meandros de N-Gage 2, terá todos estes problemas resolvidos. 

Mas uma coisa é certa, embora o vício de jogar se vá perdendo ao longo do tempo, jogar com a N-Gage é sem dúvida uma experiência divertida. 

Uma nota para o preço verdadeiramente inaceitável dos jogos. É fácil embarcarmos na fantasia quando recebemos os jogos a custo zero. Mas basta ir a uma loja e perceber que muita gente prefere investir a mesma quantia num jogo de PC, por exemplo, que tem uma qualidade gráfica e longevidade incomparavelmente maiores. Será esta a principal razão da N-Gage não ter sido um estouro comercial? Porventura, a par da resolução dos problemas ao nível da consola propriamente dita, a Nokia deverá reequacionar o preço dos mesmos. Contas simples.