«Não esperamos que antes de 2004 haja mercado UMTS», Agustín de los Frailes ao Telemoveis.com
Agustín de los Frailes, director da divisão de consumo da Philips ibérica esteve recentemente em Lisboa, lado a lado com José Avelãs Gil, recém nomeado gestor do negócio de terminais móveis no nosso país, para a apresentação da nova gama de modelos Fisio. Uma ocasião que o Telemoveis.com aproveitou para colocar algumas questões.
Telemoveis.com (T): Para a organização da Philips, era forçosa a existência de uma relação de dependência «ibérica» de Portugal face à Espanha?
Agustin de los Frailes (AF): Repare, a Philips efectuou um processo de separação regional na Europa que inclui numa unidade Espanha e Portugal. Juntar os dois tem vantagens pois em conjunto constituem um mercado com um peso mais importante do que os dois países individualmente. Assim podemos levar melhor a voz das nossas necessidades junto de uma centralização europeia e discutir em igualdade com a França ou com a Alemanha. Ora bem, não se fala de que seja Espanha «e» Portugal mas sim do confronto dos dois buscando e entendendo perfeitamente quais são as necessidades de Portugal. A experiência que temos na área da Informática foi muito positiva.
T: Portugal é visto como um mercado especialmente dinâmico a nível dos terminais móveis. Que especificidades terá a vossa estratégia/aproximação aqui?
AF: Estamos a aprender coisas em Portugal que brevemente poderemos aplicar em Espanha… Quanto à estratégia, depende de cada operador e da recepção que tenhamos dele. O que sempre faremos é manter uma pessoa portuguesa, local, para defender as necessidades da sua zona e dos seus clientes.
T: Porém, correntemente a questão passa pelo facto de os terminais das diversas marcas terem atingido um estado genericamente satisfatório o que compele muito à diferenciação pelo marketing e pela publicidade e neste campo a Philips não parece querer investir muito dinheiro…
AF: Investiremos dinheiro conjuntamente com os nossos parceiros que são os operadores e tentaremos levar ao mercado um produto que entendemos ter uma resposta diferenciadora da concorrência em muitos aspectos e que tem as suas realidades distintas…
T: Quanto reúne com os operadores, por exemplo com a Optimus, que argumentos usa para os convencer de que têm vantagem em vender terminais Philips e não de outras marcas?
AF: Bem, os operadores comparam os terminais que melhor respondem por prestações, características, etc… e elegem-nos. Se nós respondermos melhor do que a concorrência às suas necessidades teremos mais oportunidades. Os terminais não são um produto fixo como os televisores, é preciso adaptá-los, personalizá-los para cada operador. A possibilidade de personalização e prestação específica para usurários, responder à necessidade de descarga de jogos etc… são temas caros a cada fabricante.
T: Mas contam com a oferta de preços mais baixos?
AF: Não. Temos uma relação qualidade/preço, «value for money», muito boa mas temos mais do que isso: uma marca muito reconhecida no mercado que inspira confiança e demonstrou durante muito anos que pensa no consumidor. Isso é um argumento que também podemos utilizar. Por outro lado também temos uma presença importante no que toca à distribuição, como marca de electrónica de consumo, conhecimento que esperamos poder utilizar para posicionar melhor os nossos produtos.
T: Quando lançará a Philips o seu primeiro modelo 3G?
AF: Ainda não temos definida uma data. Não vai ser no entanto este ano. Tudo dependerá também de como vai evoluir o UMTS na Europa. Estamos tecnicamente preparados para o poder fazer. Estamos agora mesmo a dar uma certa prioridade a alguns desenvolvimentos necessários. Pensamos estar perante uma janela de oportunidades importante e trabalhamos para a aproveitar. Por isso lançámos agora dois modelos com GPRS, o 620 e o 820. Quando haja realmente um mercado UMTS a Philips naturalmente também estará presente. Mas não esperamos que antes de 2004 haja mercado UMTS.
T: Se o mercado não ajudar, é possível que a Philips opte um dia pelo abandono do fabrico de terminais móveis?
AF: Não tenho resposta a longo prazo. O que posso dizer é que lançamos uma gama como nunca tínhamos feito ano e acredito que o nosso modelo de negócio nos permite ter êxito e estar no mercado com rentabilidade…
T: Quanto pretendem vender em Portugal?
AF: Neste momento o que queremos é começar a introduzir-nos no mercado português onde não temos uma presença importante. Estivemos presentes no passado com modelos como o Savy e o Genie, muitas vezes na gama baixa. O que pretendemos agora é posicionar-nos como uma marca de gama média-alta e a partir daí começar a crescer. Calculo que deveríamos poder alcançar uma penetração de cinco porcento no final deste ano, partindo de um ponto muito baixo.
T: Quanto a conteúdos, até onde pensa a Philips envolver-se?
AF: A Philips não tem divisão de entertainement. Tinha-a o ano passado mas decidiu focalizar-se nas suas tecnologias principais. Mas temos na actualidade muitos acordos com empresas. Acresce a nossa liderança no sector da digitalização de vídeo. A nossa estratégia consiste na aposta na tecnologia. Em Cannes, por exemplo, apresentamos a possibilidade do vídeo MP4 através de GPRS. Amanhã através de UMTS. Os serviços deixamo-los sobretudo para os operadores.
HDV