Nokia 7650, primeiro com câmara incorporada
O Nokia 7650 tem algumas indesmentíveis vantagens sobre o Ericsson T68i, modelo primeiramente oferecido pelos operadores para usufruto dos serviços MMS: a câmara fotográfica está incorporada no corpo do telefone; o visor tem uma área superior (176 por 208 pixéis contra 80 por 101) e, mais importante, a capacidade do mesmo em reproduzir cores não se resume a 256 estendendo-se às 4096.
Quanto à incorporação da câmara no telefone as vantagens são evidentes: garante ao utilizador que a tem sempre presente nos momentos mais convenientes sendo que sabemos que esses raramente são os mais previsíveis. A contrapartida também é clara: com 138 cm3 (114 por 56 por 26 mm) e 154 gramas de peso o 7650 é relativamente volumoso para o que já estávamos habituados nos modelos de segunda geração num telefone da sua classe e pelo seu preço (669 euros fora qualquer plano, preço recomendado pelo fabricante).
Quanto ao visor, o tamanho e a capacidade de reprodução de gradientes são o mais possível de saudar. Um dos óbices do T68i era justamente a débil reprodução de gradientes. Com o Nokia as imagens têm um aspecto mais realista. Melhor ainda mediante a possibilidade de Zoom sobre os detalhes.
Mais interessante: o Nokia tem, durante o enquadramento da foto, uma capacidade de resposta e visualização em tempo real (no fundo, uma capacidade de processamento) superior ao SonyEricsson. Este último evidenciava algum «lag» ou retardamento entre o movimento da câmara e a visualização da respectiva imagem no visor. Coisa que no 7650 também sucede mas só no modo especial de visão nocturna, empregue em situações de pouca luz para digitalmente tornar a imagem mais clara.
Tecnologicamente, o Nokia evidencia outro aspecto positivo. Vem equipado com um sistema operativo desenvolvido pela Symbian que, para além da navegabilidade e de ser agradável à vista incorpora um conjunto rico de software (contactos detalhados, agenda, conversor de moedas, gravador de memos de voz, bloco de notas, calculadora, gestor de aplicações, pasta de favoritos etc, etc…).
De notar que o telefone suporta Java o que permite a importação e execução posterior de aplicações desenvolvidas por terceiros até ao limite dos seus 4 MB de memória dinâmica.
«Dinâmica» significa no caso que a distribuição pode ser repartida a critério das necessidades do utilizador entre o espaço ocupado pelas imagens (em média até 30 KB, em formato Jpeg, para uma resolução standard da câmara de 640 por 480 pixéis), pelos contactos na agenda, documentos, mensagens propriamente ditas, ficheiros de som e outros documentos.
No plano da comunicabilidade com outros equipamentos a aposta da Nokia é a ruptura total com os fios. O telefone suporta as tecnologias blueetooth, que permite a ligação a PC ou a comunicação directa entre dois telefones até uma distância de 10 metros, e infra-vermelhos.
É claro que quem se ponha em campo e tente comprar uma placa bluetooth para computador de forma a «acompanhar» o telefone depressa descobre que a oferta não abunda. Ora, sabemos que onde não há oferta/concorrência não há preços…
Já o infra-vermelho tem as desvantagens que se conhecem, traduzidas na necessidade da «comunicação à vista». Ainda assim revela-se útil por hipótese para a troca de cartões com contactos. Pudemos constatar a perfeita compatibilidade do sistema, não só como seria de esperar em relação a outros modelos Nokia como com modelos Siemens, por exemplo.
O Telemoveis.com já escreveu em múltiplas ocasiões sobre este novel formato de messaging. Ao clássico SMS ele vem acrescentar a possibilidade de incluir imagens e som. Já não a partir de um catálogo restrito de opções, como no EMS, mas mediante a sua composição instantânea e real: fotos tiradas na hora e clips de som gravados com o microfone do telefone.
Apostando na divulgação do formato, os operadores nacionais estão a oferecer gratuitamente o serviço MMS com prazos que se prolongam até ao final do ano.
É claro que para enviar directamente para o telefone de um amigo uma mensagem MMS é necessário que este detenha também um terminal dotado desta tecnologia. O que ainda não abunda. Como contrapartida, porém, os utilizadores podem «divertir-se» a enviar MMS a partir do telefone mas tendo como destino um email.
Para escutar um clip de som MMS num computador o utilizador terá, no entanto, de fazer download gratuito de um plugin que suporta o formato (extremamente comprimido para maximização de recursos).
No tocante à utilização da câmara do telefone num regime de «em férias» para registo dos momentos de lazer é de notar que a memória dinâmica do telefone facilmente permite gravar, estando desocupada para outros fins, centena e meia de fotos.
Problemática pode ser a sua transmissão para um PC no sentido da edição e ou impressão. É que na ausência de blueetooth ou infra-vermelhos o processo só pode ser efectuado via Internet seja em attachment a um email (o MMS é por ora de borla mas comprime as imagens aquém da resolução máxima) seja por exportação para um arquivo em linha. Ora o preço da comunicação de dados, a este nível, e em particular nos tarifários sem compromisso de assinatura, ainda deixa alguma coisa a desejar.
No plano da ergonomia há a observar que o Nokia 7650 constitui um evolução remota do antigo 7110.
O teclado está incorporado na metade inferior do telefone só sendo revelado quando esta é puxada. Normalmente, abstraindo a digitação de texto, e estando o utilizador já rotinado, é possível operar o telefone para a generalidade das funções sem ter de o «abrir».
O joystick de cinco posições/funções (quatro de direcção e uma de selecção) resulta cómodo, secundado por mais um par de teclas de selecção que também inclui uma tecla especial com a exclusiva função de dar acesso ao menu geral do telefone ou às últimas opções deste acedidas, pressionando-o durante mais algum tempo.
Lateralmente o telefone vem com duas teclas: uma dá acesso a um menu que permite ligar e desligar o telefone ou alternar entre os diversos perfis, mormente sonoros, de utilizador.
Uma palavra especial, porém, para a funcionalidade a que se acede pela tecla lateral de «alta-voz.» Premindo-a o telefone debita o som audível sem necessidade de colocar o ouvido sobre o auscultador (possui um altifalante localizado no topo, ao lado da porta de infra-vermelhos e da entrada para os auriculares). Coisa muito útil, por exemplo, nas longas esperas a que muitos centros de atendimento nos habituam.
A incorporação de um sensor de proximidade faz com que o telefone seja capaz de detectar a proximidade do ouvido, desactivando assim a função de alta-voz. Na prática o que isto quer dizer é que, em alta-voz, em qualquer altura pode agarrar no telefone e aproximá-lo do ouvido, inibindo automaticamente a função anterior.
No plano da digitação de texto, a tarefa é facilitada pela inclusão de uma tecla específica que confere acesso às funcionalidades (modo alfanumérico, inserir número e activar ou desactivar os dicionários de escrita predictiva T9 (português, inglês e francês).
O telefone suporta a marcação por voz de até 25 números.
A bateria standard 750 mAh de iões de lítio do 7650 tem um aspecto favorável: a rapidez com que carrega (hora e meia, confirmada pelo Telemóveis.com). Fora isso, a marca promete 2 a 4 horas de tempo de conversação e 90 a 230 horas em espera.
Naturalmente, com o visor generoso e colorido e as funções de câmara e comunicabilidade de que dispõe o telemóvel presta-se a um consumo energético elevado. Pelo que pudemos testemunhar, para uma utilização média, não deve esperar mais de três dias de carga.
Para quem gosta de se divertir, o telefone suporta o formato Midi, prometendo som polifónico complexo. Atrás disso, traz três jogos de origem. Dois instalados: Snake e Mix Pix e o Card Deck no CD que inclui o Nokia Communication Suite.
O Snake é uma variante multiníveis do clássico para DOS, enquanto o Mix Pix constitui uma espécie de puzzle quebra cabeças em que o utilizador tem de deslizar as peças de forma compor uma imagem.
Tirando vantagem do suporte Java outros jogos e aplicações podem ser descarregados da Internet, mediante pagamento. Mormente também através do Club Nokia.
No plano da Internet móvel, o terminal está dotado de um browser WAP 1.2.1 e de um cliente de email.
Saliente-se que o telefone, dupla banda GSM 900/1800 suporta, para além do GPRS, a transmissão de dados a alta velocidade pela tecnologia HSCSD (suportada entre nós apenas pela Vodafone).
No plano dos acessórios a marca oferece tudo o que se espera, desde carregadores multi-voltagem a suportes para secretária, auricular, cartão para conexão de dados etc…
Um pouco por toda a Europa os operadores têm estado a apostar neste primeiro modelo com câmara incorporada para popularizar o MMS e (esperam eles) aumentar as respectivas receitas.
De acordo com o The Wall Street Journal, na Alemanha a T-Mobile, unidade da Deutsche Telekom, está a vender o terminal por 300 euros com contrato de serviço. No mesmo país a Vodafone disponibiliza-o em idênticos termos por 350 euros.
Na Grã-Bretanha, por seu lado, o Sunday Times de 4 de Agosto noticia que a Carephone Warehouse, cadeia retalhista de telemóveis, está a vender o 7650 por menos de 200 libras adstrito à rede Vodadone e por 249 libras com ligação pela operadora O2 (novo nome da BT Cellnet).
Na Finlândia, em contrapartida, país onde o subsídio dos terminais pelos operadores é proibido um Nokia 7650 custa 795 euros.
Esta boa vontade dos operadores em subsidiar o terminal contrasta com a sua política de abandono progressivo da prática nos últimos 18 meses faça ao endividamento.
Quanto a tarifas, uma assinatura MMS da T-Mobile no Reino Unido custa 20 libras e 39 cêntimos de euro na Alemanha.
A Vodafone por seu lado, por ora apenas disponibiliza o MMS na Alemanha, Itália, Portugal e Grécia, esperando que alhures os utilizadores enviem não obstante as mensagens para PC em anexo a um email.
Em Portugal, a Optimus disponibiliza o terminal com um preço de aquisição que varia entre os 469,90 e os 594,90 euros, nos produtos TOP, Boomerang e Evolução, com uma campanha promocional de lançamento que prevê a oferta de mensagens multimédia, até ao final do ano.
A Vodafone está também a fazer forte campanha publicitária ao modelo. Oferece-o por 594,90 euros bloqueado à respectiva rede.
Gostámos do Nokia 7650. Acreditamos que não desapontará quem o adquira.
Existe não obstante algum espaço para progressão imediata. Por exemplo, o terminal tem uma capacidade limitada no tocante ao live streaming de vídeo; é incapaz de reproduzir MP3 e, para esse fim, também não detém memória que o tornasse interessante.
Neste plano o Sendo Z100 e o eminente SonyEricsson P800 podem constituir alternativas a ponderar. Até porque ambos incluem de raiz software para resolver um problema experimentado pelo detentor de um 7650: a impossibilidade de abrir e visualizar ficheiros anexos a um email nos comuns formatos .doc do Microsoft Word ou .xls do Excel.
Hugo Valentim
Recordamos os leitores da possibilidade de acederem a mais detalhes sobre as «características» do telefone dando um clique nesse mesmo item no menu acima nesta página.