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Nokia 8910: a excelência do titânio

Se muitos ainda perguntam por que razão a Nokia é líder mundial de mercados de telemóveis, é bem provável que o modelo 8910 seja a resposta mais acertada.

Nunca a velha música do 007 “Nobody Does It Better” fez tanto sentido no mundo das telecomunicações móveis como no contacto que tivemos com o modelo 8910 da casa finlandesa. Pequeno, robusto, luxuoso, atraente, tecnologicamente avançado para o sistema GSM e extremamente elegante podem parecer atributos exagerados para um simples telemóvel. O certo, é que quem tem um, sabe perfeitamente do que vamos falar de seguida.

A Nokia desde sempre foi uma marca que gerou ódios e paixões. Há quem adore os seus modelos, não só pela facilidade de manuseamento e pelo seu software verdadeiramente imbuído no espírito “friendly user”, como pela simplicidade no design dos terminais. Mas também há quem os deteste. No entanto, há sempre um modelo que consegue fugir aos parâmetros normais de apreciação e, sem dúvida, o 8910 foi uma espantosa surpresa. Basta pressionar com o polegar e o indicador nos dois botões que soltam o elevador do teclado e deixar subir lentamente a parte escondida para se perceber que não é de um telemóvel qualquer que aqui se fala.

Protecções produzidas em titânio genuíno, matizadas, que dão um aspecto intrigante e misterioso, formam a cobertura de um dispositivo que vai bem mais além do que o conceito básico de um telemóvel. Aliás, o bluetooth faz com que o utilizador não se esqueça do pormenor que, hoje em dia, é exigido a um telemóvel; funcionalidades bem mais atrevidas do que a simples capacidade de suportar comunicações GSM e GPRS. A sincronização com outros dispostivos portáteis ou fixos é relevante para quem dá extrema importância à mobilidade total. No entanto, foi tentada a comunicação por bluetooth entre o 8910 e um Pocket Loox da Fujitsu-Siemens. O protocolo foi estabelecido e o modem reconhecido mas a ligação não foi conseguida. O que não se verificou com o mesmo ensaio ao modelo 7650, cuja ligação foi estabelecida automaticamente para a navegação completa na internet através de ligação automática por GPRS. Apesar disso, e com o tempo das experiências a contar com o bluetooth ligado, o consumo de bateria nem sofreu um grande abate.

E em maré de críticas, temos que salientar o facto de, em situação de escuridão total, a iluminação do teclado é de tal forma deficiente que não se consegue ver que números se estão a marcar, uma vez que só o milimétrico espaço de encaixe das teclas é que é iluminado. A digitação nocturna, à falta de luz, terá de ser feita por memorização do local das teclas.

Em termos de design, quase nos atrevemos a dizer que os responsáveis pelo projecto do 8910 estariam a pensar num Vertu quando conceberam este titânico telemóvel da Nokia. Não será indestrutível, mas aguentou bem o teste das quedas sem pedir reinserção de cartão ou necessidade de fazer um restart à máquina. Os seus 110 gramas de peso e 83 cc de dimensões (140,5x46x20mm) não deixam margem para dúvidas: até na questão do tamanho, o 8910 pode satisfazer muitos apologistas do “quanto mais pequeno, melhor”.

Mesmo nas funções de memória dá para entender que a Nokia não quis que nada ficasse esquecido neste pequeno aparelho de luxo. 500 nomes com três números e um item de texto para cada registo de agenda são as capacidades máximas, mas que podem ser reduzidas para cinco números para cada entrada e quatro registos de texto, embora nestas circunstâncias a capacidade fique, naturalmente, mais reduzida. Tem, ainda, capacidade de armazenamento de 150 SMS`s, entre 100 a 250 notas de agenda e 30 registos para uma lista de compromissos do utilizador.

Quanto às restantes características do telefone, tudo o que é disponibilizado pela marca finlandesa, o 8910 tem. Nomeadamente screensavers e temporizador dos mesmos, relógio e despertador, gravador de voz (para o máximo de 3 minutos), comandos de voz (não só para a agenda de contactos como para o próprio infra-vermelhos), calculadora, conversor de moedas, cronómetro e temporizador de contagem decrescente.

Mas tudo isto são apenas pormenores quando se observa um 8910 como quem aprecia uma obra de arte. A pergunta que se coloca sempre é “afinal, o que se quer de um telemóvel?” Funcionalidade? Pragmatismo? Classe? Durabilidade? Segurança no funcionamento? Das duas, uma: ou a Nokia deu-nos um 8910 kitado para teste ou, de facto, só pode ser um terminal de eleição. Se este modelo é assim – e o ecrã é monocromático -, ficamos a sonhar com o que será o 8910i, munido com display a cores…
 

PEDRO FIGUEIREDO