Nokia Symbian
O Nokia Symbian já viu melhores dias. Com o Windows Phone 7 como principal OS da Nokia, o leitor acha que vale a pena apostar no Nokia Symbian?

Quando a Nokia adoptou o Windows Phone 7, resultado inevitável de uma parceria que surgiu após um momento de crise da Nokia, muitos developers apressaram-se a interpretar o acordo Nokia Microsoft como um sinal de afastamento das plataformas Nokia Symbian e MeeGo, para se dedicar em exclusivo ao Windows Phone 7.
O próprio acordo não deve ter sido nada fácil para a Nokia – aproximadamente 1000 dos seus funcionários manifestou descontentamento com a decisão, temendo perder os empregos (o que mais tarde, com a passagem do Symbian para a Accenture, se veio a comprovar).
Por outro lado, colocou-se a questão de a própria transição para Windows Phone 7 não ser simples. Ainda estamos para comprovar os resultados. A grande questão que parece ter ficado foi a seguinte: então e o Nokia Symbian? O que é feito, exactamente, do sistema operativo Nokia Symbian?
Certamente que já todos lemos algures, ou ouvimos dizer, que o Nokia Symbian é um sistema operativo inadaptado às actuais exigências dos utilizadores. Também há quem diga que o Nokia Symbian morreu. O que pensa a Nokia disso, e o que vai ser feito? Porque ainda estão a ser lançados novos telemóveis Nokia Symbian, como o recente Nokia E7 (leia nossa review ao Nokia E7).
Futuro do Nokia Symbian
O Nokia Symbian tem assistido a inúmeros altos e baixos nos últimos meses, e por vezes a algumas observações contraditórias. Por um lado, tivemos a Nokia a sublinhar o seu compromisso com a sua plataforma. Com que contrapartidas? E qual seria a sua prioridade?
Para a Nokia (e mesmo para muitos milhões de utilizadores) o Nokia Symbian não morreu. Na verdade um dos argumentos que a Nokia apresentou para comprovar o seu compromisso (e confiança) na plataforma Symbian foi a expectativa de vender mais 150 milhões de dispositivos em todo o mundo. Mas os dados apresentados recentemente podem complicar o optimismo da fabricante finlandesa (ver Samsung lidera trimestre)
Nokia Symbian moribundo
Mesmo com os novos telemóveis Nokia a saírem para o mercado, o Nokia Symbian continua a ser visto como um sistema operativo moribundo. Face ao segmento smartphone a Nokia não tem conseguido acompanhar o crescimento e a popularidade de sistemas operativos móveis como o Apple iOS ou o Google Android (Android ultrapassa Symbian).
Este contexto não vem contribuir para atrair mais developers para a plataforma, deixando a Nokia com poucas alternativas. Quanto ao estabelecimento de prioridades, achamos que talvez a adopção do Windows Phone 7 fosse uma alternativa incontornável – o sistema Windows Phone 7 da Microsoft também está a adaptar-se ao segmento smartphone e pode evoluir de forma interessante, em conjunto com o hardware Nokia.
Mas também há perspectivas interessantes para o Nokia Symbian, se bem que em menor número.
«Este é um plano interessante, e os números são interessantes. A Nokia vai vender 150 milhões de telemóveis Symbian em 2013, e ainda existem 200 milhões de telemóveis Nokia Symbian em circulação. Estamos a falar de vendas enormes para o Symbian», que não podem ser ignoradas, de acordo com Chris McIlvoy, arquitecto de soluções para a Siteworx.
O que sabemos sobre o Nokia Symbian
Sabemos que, pelo menos até 2016, o Nokia Symbian deverá continuar activo. Só não podemos garantir a sua continuidade a partir dessa data. Stephen Elop, o CEO da Nokia, já afirmou a Nokia vai actualizar o Symbian até 2016, mas sem garantias de que as actualizações venham a reflectir prioridades, ou uma aposta no Nokia Symbian.
Prioridade certamente não será. Tal como o sistema MeeGo na Era-Symbian da Nokia, o Symbian deverá passar para segundo plano, com o Microsoft Windows Phone 7 a tornar-se o principal sistema operativo da Nokia. Mas mesmo apesar desse contexto, não faria sentido a Nokia interromper a continuidade do Nokia Symbian abruptamente.
Estamos, ao fim ao cabo, a falar de uma rede de utilizadores e clientes enorme (até muito recentemente a maior do mundo, com 200 milhões de utilizadores). O Nokia Symbian também poderá funcionar como uma plataforma de “escape” à fabricante, no caso do acordo com a Microsoft não correr como planeado.
Apesar das boas vindas ao Microsoft Windows Phone 7, provisoriamente o Nokia Symbian e o MeeGo vão continuar no background, salvaguardando alternativas à gigante finlandesa face aos tempos que se seguem.
Se o Nokia Symbian seguir em frente
Os developers precisam de agarrar uma situação existente para poderem trabalhar nela. De acordo com Sebastian Nystrom, líder da equipa de desenvolvimento QT (plataforma onde assenta o Nokia Symbian e o MeeGo) e do programa de dispositivos MeeGo, vão existir sempre oportunidades para os developers que não desistirem de imediato.
«Esperamos que continue a existir interesse no desenvolvimento do Symbian, QT e de apps para MeeGo. Claro que não posso falar pelos developers independentes. Mas achamos que vão continuar a desenvolver apps para essas plataformas», refere.
No entanto, e não estivéssemos a falar da Nokia, existem dois finais possíveis para esta situação: ou a Nokia segue, de facto, por um caminho que não leva a lado nenhum; ou a Nokia tem preparada alguma surpresa interessante (e gostaríamos de pensar que é disto que se trata – ver Telemóvel Nokia N9 Meego).
O Nokia Symbian não tem sido feliz, apesar de continuar apreciado no segmento mais tradicional dos telemóveis. É no segmento smartphone que a situação muda radicalmente, agravada pela fuga de parceiros e developers da plataforma Nokia Symbian.
Uma situação algo semelhante ocorreu com o quase extinto Windows Mobile, que vai deixar de ser continuado pela Microsoft. E isto leva-nos a reflectir: se a Nokia pretende trazer o Nokia Symbian de volta às luzes da ribalta, vai ter que seguir o exemplo da Microsoft, e investir mujito tempo em tornar o seu sistema operativo competitivo.
Isso passa por uma mudança de atitude. A Nokia sempre foi reconhecida como uma óptima fabricante de hardware, mas isso traz desvantagens no segmento smartphone por uma simples razão: os smartphones valem pelo seu software, algo com que a Nokia não consegue competir (basta olharmos, por exemplo, para um iOS ou Android).