A confirmar-se a notícia veículada pelo “Jornal de Negócios”, é, sem dúvida, um volte-face surpreendente, depois de terem corrido rumores da compra da Oni pela Portugal Telecom ao abrigo da entrada do BCP no capital do operador histórico. Mas, na verdade, é apenas a revolta dos privados, numa fusão de sinergias entre o bom de um lado e o mau de outro.
Senão vejamos: a fusão significa cedências de parte a parte, abdicando a Novis em favor da Oni (operador fixo bem mais cotado no mercado que o concorrente da Sonae), fazendo exactamente o inverso nas comunicações móveis, isto é, abdicando a Oniway em favor da Optimus, já com grande experiência no mercado GSM e com uma carteira que poderia permitir um arranque mais consistente para novas gerações de comunicações.
O anúncio pode ser feito ainda antes do período de férias, que é como quem diz, lá para meados de Julho. Uma jogada de mestre da Sonae e da EDP, que podem deixar os respectivos concorrentes a ponderar seriamente as respectivas estratégias de mercado. É que se qualquer uma das empresas de telecomunicações acima mencionadas, sozinhas, não assumem grande protagonismo no mercado, em conjunto, podem perfeitamente mudar o actual cenário do sector.
Mudanças ainda mais visíveis no segmento das comunicações móveis, onde a TMN e a Vodafone, por enquanto, pouco ou nada se têm de preocupar com a restante concorrência. A diferença de quotas de mercado é muito grande, abismal mesmo entre o operador 96 e o 93. A entrada de uma quarta rede é entendida pelos especialistas e pelos próprios administradores das empresas envolvidas como um “filho fora de tempo” que poderá não ter já quem o alimente.
Esta movimentação empresarial seria não só um golpe de mestre, como uma medida economicamente louvável, em nome do equilíbrio de um segmento de comunicações demasiado importante e com grande peso na economia nacional. Oito milhões de clientes só nas redes móveis significam despesas fixas mensais com grande peso no orçamento familiar. A sua regulação e o seu equilíbrio é muito mais importante do que se possa pensar.
