Skip to main content

Nuno Parreira revela as ambições da Samsung

Em 2002 a empresa coreana quer vender em Portugal meio milhão de telemóveis e ascender ao top 3 dos fabricantes. Objectivo revelado ao Telemoveis.com em conversa com o responsavél para a área das comunicações móveis que nos deu detalhes sobre os trunfos da empresa e a sua visão de mercado…

Nuno Parreira Nuno Parreira é o gestor do sector dos telefones móveis, fixos e equipamento de fax da Samsung Electronics. Não é sem justificação o orgulho que tem no trabalho que tem feito desde que deixou a universidade faz três anos e ingressou na filial nacional da multinacional coreana: o negócio dos telemóveis sozinho já equivale a cerca de quarenta porcento do seu volume de negócios no nosso país.

Este ano o número de terminais móveis vendidos em Portugal pela Samsung deverá ascender às três centenas de milhar. Vendas que, ainda assim, deixam Parreira insatisfeito. Os resultados só não terão sido melhores pela má prestação do primeiro trimestre, culpa de uma gama de produtos pouco diversificada. Para 2002, no entanto, a fasquia é colocada mais alto: esperam-se 500 mil unidades vendidas e a ascensão ao terceiro lugar no mercado nacional. Uma meta ambiciosa que colocaria a Samsung Portuguesa a par senão acima da sua quota mundial que, recorde-se, no terceiro trimestre deste ano, ascendeu ao quarto posto destronando aí a Siemens.

Para atingir os objectivos que se propõe Parreira falou-nos da estratégia Samsung, dos novos modelos, da sua visão de mercado do advento do GPRS e do UMTS e dos cuidados que vai ter com a concorrência. Aqui fica o registo.

Como é que ocorreu a entrada do Nuno Parreira na Samsung?

Eu cheguei à Samsung há cerca de três anos, saindo da faculdade, como estagiário. Na altura em que a Samsung ainda estava com o STH-250, quase o seu primeiro terminal. Depois lançámos o SGH-600, na TMN. A partir daí a Samsung começou com o negócio GSM na Europa. Ou seja, a Samsung entrou na Europa pela TMN e por Portugal há cerca de três anos atrás. A partir daí comecei as minhas funções de product manager e tenho vindo a assumir toda esta panóplia e todo este portfólio de produtos. A propósito, a minha formação é em gestão de marketing e tenho uma pós-graduação em gestão de empresas.

Qual foi o volume de vendas da Samsung no ano que agora finda (2001)?

Este ano mantivemos o volume de vendas do ano passado. Tivemos um primeiro semestre muito difícil no mercado português e não só, na Europa também. Sobrevivemos nos primeiros seis meses à base do terminal N-100. Que estava na TMN como Mimo Vox. As vendas, porém, não foram tão boas como estávamos à espera. O preço não era muito convidativo e nós tivemos o primeiro semestre a depender deste telefone o que nos causou grandes perturbações. A partir do momento em que lançamos o A-300, o terminal com duplo ecrã, em Julho deste ano, demos um pulo imenso. Depois lançamos o SGH-R200 e o SGH-R210 que está em todos os operadores. Recentemente lançamos a nossa jóia que é o N-400 e lançamos o telemóvel feminino há cerca de uma semana atrás. Neste momento já estamos com vendas bem acima do que estávamos a prever e vamos atingir cerca de 300 mil unidades.

Em receitas isso traduz-se em…?

Perto de 11 milhões de contos… Segundo dados que temos da JFK (empresa de estudos de mercado) a Samsung neste momento está acima da Nokia em termos de preço médio de venda dos terminais. Ou seja, o preço médio do terminal Samsung está mais caro do que o preço médio da Nokia. A nós apraz-nos ver que apesar de não termos uma grande quota de mercado (temos uma fatia de cerca de 8 a 9 porcento) temo-la com terminais de valor acima de toda a nossa concorrência. Neste momento estamos a vender em média terminais a 35 mil escudos. Nuno Parreira

O vosso objectivo de vendas a médio prazo aponta para onde?

Queremos estar no top 3 no próximo ano…

O que corresponderia a subir de 300 mil unidades vendidas para…

Para quinhentas mil unidades vendidas. Se tivéssemos andado o ano todo na velocidade de cruzeiro do segundo semestre este ano já tínhamos uns números bem engraçados, perto dos 400 mil. Mas como lhe disse o primeiro semestre correu realmente muito mal. Dependíamos de um terminal que não era de baixa gama.

Não tínhamos produto no primeiro semestre que se ajustasse às necessidades de cada segmento enquanto a nossa concorrência, a Nokia, a Siemens e a Motorola tinham terminais a 29 contos e puderam fazer quantidades. Desde que temos terminais para todos os segmentos já conseguimos mais ou menos equilibrar o barco.

Qual é a importância da venda de telemóveis no computo geral do volume de negócios da Samsung Electronic em Portugal ?

Perto de quarenta porcento.

Quem é que vê como seu rival mais directo? A Nokia?

Não. Nós olhamos a Nokia… gostamos de fazer benchmarking, de copiar o que está bem. É uma referência de mercado para nós mas não a vimos como concorrente. Vimos como principais concorrentes a Ericsson, a Siemens e a Motorola. No mercado mundial já passámos a Siemens e o nosso objectivo é passar a Ericsson e pertencer ao top 3 mundial atrás da Motorola e da Nokia.

Com que trunfos contam para atingir esse objectivo?

A diferenciação, sem dúvida. Neste momento estamos a fabricar terminais para segmentos específicos. Temos um terminal para a pessoas fashion que gostam de coisas novas, um telemóvel virado para o segmento feminino – nós não o cremos destinar ao sector masculino, temos um terminal com duplo ecrã para as pessoas que gostam de coisas diferentes etc… Estamos a abrir o portfólio de acordo com os diferentes segmentos de mercado na Europa.

Mas o mercado está a mudar. Com a chegada do GPRS e a prazo do UMTS as cartas serão outras…

A Samsung sendo um player global tem quase todas as vertentes, quase todos os componentes chave para fabricar um terminal, que a Nokia não tem. Nós somos líderes de mercado em TFT LCDs. Detemos toda a tecnologia que está nos modelos, somos igualmente líderes mundiais em memórias DRAM e em telemóveis CDMA a Samsung é líder de mercado em todo o Mundo à frente da Nokia. Ou seja, no mercado brasileiro, no mercado americano, no mercado coreano a Samsung está à frente da Nokia, com cerca de dois pontos percentuais. Como sabe as marcas asiáticas estão a ameaçar a Europa, a Toshiba e a Panasonic/Matsushita vão ser muito fortes na terceira geração e na geração 2.5…

Nuno Parreira O atraso do lançamento da 3G deve-se predominantemente a questões técnicas ou de estratégia comercial?

De estratégia comercial não. Nós vimos a terceira geração a aparecer no Japão mas o Japão é só um país, tudo o que é standards é fácil de implementar. Na Europa não, são vários países que querem entrar. Logo aí foi um entrave grave. Segundo, como se viu, já pensávamos ter GPRS há um ano atrás e neste momento é que estão a surgir os primeiros terminais. Em Portugal vão-se vendendo três a quatro mil unidades por mês. Nada de especial.

Em termos de GPRS, precisamente, como é que a Samsung se situa, em particular no nosso país?

A Samsung neste momento ainda não introduziu nenhum terminal GPRS. O Q-100 vamos introduzi-lo este mês no mercado livre. Posso dizer-lhe que os operadores testaram este terminal e dentro das várias classes do GPRS este foi o primeiro terminal de classe 8 a aparecer no mercado. Neste momento é o terminal GPRS mais rápido a aparecer na Europa. Os concorrentes estão na classe seis.

Isso corresponde a velocidades de…

A picos de 44 Kbps. Mas a média anda nos 30 Kbps. Mas o que eu lhe estava a dizer é que tivemos um problema com este terminal que foi o design. De modo que vamos lançar novos terminais GPRS no princípio do ano e a Samsung desistiu de desenvolver este terminal que usou para desenvolver a tecnologia.

O passo que se segue será então…

Vai ser um terminal do tipo bar type, o Q-110. Depois vamos lançar um terminal tipo A-300, um pouco maior, que é o Q-200.

Num prazo de…

Fevereiro. Os operadores estão interessados mas ainda não temos especificamente acordo com nenhum.

Quanto a preços?

Os preços dos terminais GPRS prevejo que andem à volta dos cem mil escudos já com IVA para o terminal de gama elevada. O de gama média andará à volta de oitenta mil escudos.

Que quota das vossas vendas esperam atingir com o GPRS?

Cerca de 25 porcento no próximo ano. Penso que a partir do segundo semestre do próximo ano a tecnologia GPRS se vai tornar standard e os terminais GSM normais obsoletos.

Como é que perspectiva a situação do UMTS em Portugal?

A Samsung está associada à Nortel Networks que vai fornecer infra-estruturas para a Optimus, para a Oniway e para a Telecel. Neste momento a Samsung já em testes de laboratório um modelo 3G dual mode GSM/GPRS e UMTS. Prevê-se a sua entrega aos operadores para efectuarem os primeiros testes nas suas redes em Abril do próximo ano.

A Samsung não tem ambições próprias a nível do fornecimento de infra-estruturas de rede?

Não no GSM bem no UMTS. Mas fornecemos redes de CDMA para um operador China. Apesar da China ter GSM também eles estão a entrar no negócio do CDMA dada a sua dimensão.

Hugo D. Valentim