« Mobile is the new desktop ». Quando inicialmente pensei nesta expressão, não imaginava que a mesma já existisse. Eu estava enganado. Uma breve pesquisa na Google mostrou-me que, mesmo não se tratando propriamente de uma expressão popular, já foi trabalhada vezes suficientes para me ser devolvida nos resultados de busca da empresa.
Não experimentei ainda fazer esta pesquisa a partir do meu telemóvel, mas acredito que à luz da nova actualização ao algoritmo da Google os resultados que me fossem devolvidos seriam diferentes dos que me foram exibidos no computador. Este é, de facto, o principal propósito desta actualização: privilegiar sites que estejam adaptados ao mobile, ou seja, que estejam pensados e optimizados para navegarmos a partir de telemóveis e tablets.
As primeiras coisas em primeiro lugar: não, estas mudanças não vão ser notáveis no seu computador. Se o leitor utilizar maioritariamente um desktop ou um laptop para navegar na internet, então é provável que esta actualização lhe passe despercebida. Nos telemóveis e nos tablets, contudo, as mudanças serão significativas.
Estas mudanças fazem sentido, ainda que pareçam ter causado algum pânico aos negócios que ainda não perceberam que o mobile é a nova tendência. Entre os ‘visados’ incluem-se sites pertencentes à União Europeia e a algumas empresas de renome internacional, ainda que tudo leve a crer que a demora em actualizar as suas plataformas não se tenha devido à falta de aviso ou informação.
Há um motivo claro para a Google ter tomado esta decisão: a maioria das pesquisas realizadas no seu motor de busca já são feitas a partir de telemóveis e tablets (acima de 60%, segundo a Google). e se esse motivo levou a empresa com um dos sites mais populares da internet – se não o mais utilizado em toda a web – a repensar a sua estratégia, então os negócios que não procuraram adaptar-se a tempo também terão que repensar as suas plataformas.
A mudança faz sentido precisamente por tornar a nossa experiência de utilização, enquanto utilizadores, mais contextual: se eu fizer uma pesquisa num ecrã de reduzidas dimensões irei preferir que a informação esteja adaptada ao meu contexto. Mas esta não foi a única alteração, e a actualização também vai ter em conta as aplicações instaladas recentemente pelo utilizador quando servir os seus resultados.
Devem os websites entrar em pânico?
A resposta é: não. A actualização da Google poderá inclusive apresentar uma janela de oportunidade a outros websites.
A tendência do mobile é praticamente inegável: segundo a IDC, em 2014 terão sido expedidos cerca de 1300 milhões de smartphones em todo o mundo. Isto é muito smartphone, e comparativamente a 2013, onde foram expedidos 1000 milhões, estes números representaram um crescimento de 27,7%.
Estes números contrastam com os das vendas dos computadores, que nos últimos dois anos estiveram em declínio. De facto, e em jeito de contraste, só no último trimestre de 2014 é que esta tendência pareceu finalmente inverter-se – o que resultou num crescimento de apenas 1% face ao Q4 de 2013. Traduzindo isto por números, estamos a falar de 83,7 milhões de computadores vendidos no Q4 de 2014.
O que importa é a experiência de utilização
O termo “Mobilegeddon”, embora atraente e certamente eficaz em chamar a atenção para esta actualização, poderá causar despropositadamente alguma ansiedade em todos os projectos web.
Essencialmente, o que esta actualização nos vem dizer é que a Google vai privilegiar ainda mais os websites que valorizam a experiência dos seus utilizadores. E a melhor maneira dos websites se tornarem invulneráveis contra estas mudanças de algoritmo é acompanharem as exigências dos seus próprios utilizadores.