Lisboa, 31 Out (Lusa) – Num mundo em que os consumidores é que mandam, as operadoras apostam cada vez mais nas ‘clínicas de aparelhos’, grupos de pessoas que escolhem as características dos futuros telemóveis, mais profissionais ou virados para o entretenimento, com teclas maiores ou mais pequenas. A TMN recebe um conjunto de ‘inputs’ do mercado através da rede de comerciais e de fornecedores, estudos de mercado e artigos, mas desde 2006 tem apostado também nestas ‘clínicas de aparelhos’, uma das formas mais importantes para recolher informação do mercado e para definir o seu portfolio de equipamentos. “Procuramos ter clientes dos três operadores [TMN, Vodafone e Optimus] representados, das várias faixas etárias e grupos sócio-económicos”, disse o responsável pela gestão de produto da operadora de telemóveis da Portugal Telecom, Pedro Pinheiro, à Lusa. “O preço é sempre o factor de escolha de todos os grupos, mas nos homens assume um pouco mais de relevância. Também valorizam mais as funcionalidades, mas já as mulheres preferem a marca e a estética”, exemplificou. Nos mais velhos, afirmou, há uma importância maior da marca, “reconhecem-se como menos conhecedores das aplicações e das tecnologias e por isso tendem a confiar mais na marca com a qual costumam trabalhar”, enquanto nos mais novos o processo de escolha é mais complexo: “São muito mais dependentes de preço, mas depois valorizam funcionalidades como o bluetooth, a câmara fotográfica, o MP3 e outro tipo de utilização mais lúdica”. As clínicas de aparelhos decorrem numa sala, onde as pessoas estão reunidas à volta de uma mesa para avaliar as características que mais valorizam e questões relacionadas com as marcas. Depois experimentam telemóveis específicos. No final, é produzido um relatório e a incorporação é um ‘mix’ de toda a informação. Ao todo, a TMN já ouviu mais de 1.500 pessoas, em 200 sessões diferentes, sempre realizadas duas vezes por ano, no Verão e no Natal, por serem “os maiores picos de vendas nesta indústria”. O responsável da Área de Equipamentos Terminais da Vodafone Portugal, Nuno Taveira, não fala em clínicas de aparelhos, mas numa percepção dia-a-dia, baseada em estudos de mercado, rede de lojas e chamadas telefónicas. “O segmento mais jovem quer ter bluetooth para poder trocar músicas e fotografias, como se trocavam os cromos nas escolas, e privilegia o design apelativo. Os empresários querem maior eficiência, e-mail e teclado completo (Qwerty). Os mais seniores já não vêem tão bem e querem um ecrã e teclas maiores, mas um telemóvel mais pequeno, sobretudo em formato de concha”, afirmou. Na Optimus, também não há uma área formal como clínica de aparelhos, mas, segundo o responsável pelos dados e Internet da Optimus, Nuno Gama, a contribuição dos consumidores “é enorme”. As suas necessidades são aferidas através da direcção de compra e selecção de equipamentos, da rede de lojas e retalho, das contribuições na Internet e dos estudos de mercado. “As reclamações são as melhores oportunidades que as operadoras têm para melhorar a sua oferta”, destacou. “Estas forças conjugam-se para criar uma oferta. Ninguém tinha pedido um i-Phone Multitouch, mas o mercado queria ter mecanismos de maior interacção. Outro exemplo foi o Blackberry, vários clientes sentiam necessidade de ter acesso ao e-mail em tempo real”, disse. Lusa