Pode a Realidade Virtual ajudar a salvar mais vidas na estrada?
“Faz o que eu digo mas não o que eu faço“. Esta expressão resume a cultura da condução norte-americana que, tal como a portuguesa, é distraída ao volante. Por condução distraída entenda-se actualizar as redes sociais, ver e-mails, tirar selfies ou responder a SMS – tudo ainda ao volante.
Mas e se houvesse uma forma de viver as consequências dessas distrações? A resposta está na campanha “It can wait” da AT&T, um dos maiores operadores de telecomunicações dos EUA, que usa realidade virtual imersiva para mostrar os efeitos de uma condução distraída.
“Pensar que isto poderia acontecer às minhas filhas foi um pouco esmagador”, disse um representante do departamento de vendas da AT&T à Krcrtv. E não foi o único.
A campanha simula uma situação onde o condutor embate contra outro veículo enquanto usa o telemóvel ao volante. Para alguns condutores experiência torna-se tão intensa, que o instinto leva-os a tentar usar um travão que não existe. Moral da história: um erro perfeitamente evitável pode trazer consequências sérias.
Entre 2013 e 2015 houve mais de 200 acidentes rodoviários no estado da Califórnia. Segundo dados recolhidos pela operadora, 70% dos condutores admitem usar os smartphones ao volante. Uma situação familiar entre os condutores portugueses.
De acordo com dados recolhidos pela Continental Pneus Portugal, auxiliada pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e Prevenção Rodoviária Portuguesa, mais de metade dos automobilistas portugueses já sofreram um acidente rodoviário.
Mais preocupante ainda: o perfil do condutor português tende cada vez mais a ser ‘multitasking’, em particular nas camadas mais jovens, que usam o telemóvel, maquilham-se e até tomam o pequeno-almoço enquanto conduzem.
Embora ainda seja cedo para tirar conclusões, a Realidade Virtual é talvez o canal de comunicação mais adequado para sensibilizar as pessoas contra este tipo de comportamentos.
Além de colocar o utilizador na perspectiva do condutor, o realismo da experiência tem a vantagem de afirmar os riscos da condução distraída sem colocar em causa o bem-estar dos intervenientes. De facto, em ambiente de Realidade Virtual uma experiência destas corre o risco de se transformar numa memória.