Poderá o Cyanogen substituir a BlackBerry na concorrência com o Windows Phone?
Popular por ser um firmware de substituição para smartphones Android, a equipa da CyanogenMod tem a ambição de se tornar na terceira plataforma global para smartphones
- Lauro Lopes
- 20/09/2013
- Android, Mobile, Tecnologia

O Cyanogen sempre foi uma plataforma associada ao Android, mas bastante recentemente recebeu um financiamento de 7 milhões de dólares da Benchmark Capital e da Redpoint Ventures que poderá permitir à empresa, de acordo com uma entrevista do director-executivo da empresa ao The Verge, expandir-se para territórios mais ambiciosos. Segundo Kirt McMaster, director-executivo da Cyanogen, o novo objectivo da empresa poderá passar por concorrer directamente com o Windows Phone pelo terceiro lugar no ranking das plataformas móveis mais utilizadas do mundo.
“Sempre houve muita conversa em relação à terceira plataforma de computação móvel dominante”, refere. “O Windows Phone seria provavelmente a número três do momento. Se olhar para a nossa base de utilizadores actual, podemos estar em pé de igualdade ou até mesmo ter mais [utilizadores]”.
O CyanogenMod consiste essencialmente em um firmware gratuito de substituição do Android e detém actualmente mais de 8 milhões de utilizadores, mas este número pode ser ainda maior – McMaster refere que estes dados dizem apenas respeito à base de utilizadores da plataforma que se dispôs a partilhar dados com a Cyanogen. De facto, as suas estimativas parecem sugerir uma base de utilizadores entre duas a três vezes maior que estes números.
Não deixa de ser uma constatação interessante se tivermos em conta que o Cyanogen sempre foi visto como uma alternativa ao Android, mas não propriamente como uma plataforma distinta. O objectivo da empresa passa, de acordo com o seu fundador Steve Kondik, tornar os smartphones Android mais úteis em termos de produtividade, o que implica ir buscar utilizadores de um segmento mais corporativo ao invés do típico consumidor.
“Os dispositivos móveis que andam por aí não são para utilização de todos”, explica Kondik, que acrescenta ainda a intenção de tornar a segurança de dados móveis e a protecção da privacidade uma prioridade. “São essencialmente caixas registadoras móveis. Queremos ajudar-vos a fazer coisas, e a utilizar esses dispositivos no seu máximo potencial”.
Apesar dos objectivos ambiciosos e de uma base de utilizadores promissora, isto não invalida que o Cyanogen não tenha pela frente alguns obstáculos para a concretização das suas metas. A primeira estaria na rentabilização da plataforma que, sendo gratuita, teria obrigatoriamente que recorrer a outras formas de monetização; também os potenciais acordos com operadores de telecomunicações poderiam constituir um entrave para a expansão da plataforma, já que os mesmos optam por poder controlar a experiência de utilização do telefone.
Existe ainda o risco de, na hipótese do Cyanogen pretender utilizar serviços essenciais para um utilizador como o Gmail, o Chrome ou os Google Maps, que pertencem à Google Play e não ao Cyanogen, de correr o risco de não ser aprovado pela Google. Desconhece-se, contudo, a opinião pública da Google em relação a este firmware, mas a suposição parte do princípio de que, entrando no mercado como um concorrente, a gigante de Mountain View não veja esta ascensão com bons olhos.