Brincadeiras à parte, o Instagram e o AdBlock parecem estar em sintonia em relação à sua atitude face à publicidade online
A publicidade está em todo o lado: na rua, na televisão, na sua revista favorita, a meio do programa de rádio que ouve de manhã logo antes de sair de casa, na internet. Só que quando o assunto é publicidade online, contudo, existem diversas formas de abordar a exibição de um anúncio publicitário aos internautas – e muitas delas, como bem deve saber, podem ser insuportáveis.
A forma como a publicidade é exibida online pode ser determinante para a experiência de utilização geral de um website. Se for horrivelmente intrusiva e incómoda, por exemplo, vamos pensar duas vezes antes de abrir aquele link que acabaram de partilhar connosco nas redes sociais. Alguma vez se sentiu incomodado ao abrir um vídeo no Youtube e ter que esperar X tempo para poder passar o anúncio? Já todos perdemos a conta ao sem número de vezes que procurámos esquivar essas tentativas de nos impingirem um produto.
Quantos de nós não têm gravado na memória o timbre de voz da senhora que nos perguntava sempre, numa pop-up publicitária, “quem inventou o iPhone: a Nokia ou a Apple”? Se leu esta citação – que provavelmente não está 100% fidedigna – em português-brasileiro, junte-se ao clube: foi incomodado vezes e vezes sem conta por um anúncio publicitário que nunca lhe disse respeito, mas que ainda hoje se encontra presente na sua imaginação. O horror era especialmente amplificado em ocasiões onde o nosso navegador tivesse uma imensidão de tabs abertas, e a localização da fonte do anúncio fosse dificultada.
E depois temos o Instagram. A aplicação favorita de milhões de utilizadores já havia dado indícios de que um dia passaria a exibir publicidade de forma a rentabilizar a sua presença no mercado – dia esse que chegou bem recentemente e que originou preocupações em muitos dos seus fãs e utilizadores. Mas a empresa, detida actualmente pelo Facebook, tem uma filosofia prática e potencialmente interessante para todos os envolvidos – Instagram, utilizadores e anunciantes. A de tornar a publicidade em algo agradável de se ter por perto.
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O Instagram exemplifica, com um bloco publicitário produzido por si próprio, como será o aspecto e a sensação de ter publicidade em exposição na popular aplicação dos filtros de imagem. E a verdade é que, a ser bem sucedido, os anúncios publicitários poderão realmente agarrar-nos a atenção – não será esse o seu objectivo, antes de nos venderem sequer um produto?
“Queremos que os anúncios sejam criativos e cativantes. Então vamos começar apenas com umas poucas marcas que já são membros fantásticos da comunidade Instagram. Vamos proceder lentamente e deixar-vos saber quando estivermos prontos a expandir-nos, continuando a entrar em parceria com marcas cujo conteúdo brilhe”, afirma a empresa de Kevin Systrom.
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Esta filosofia é, de certa forma, partilhada pelo AdBlock, uma popular extensão que bloqueia anúncios indesejados online. Ao contrário do senso comum, o objectivo do AdBlock não é o de eliminar toda a publicidade online, mas sim de estabelecer parâmetros e regras que favoreçam tanto anunciantes como utilizadores. Como? Exibindo apenas bons anúncios. E bons anúncios, para o AdBlock, são blocos publicitários que as pessoas não se importam de ver online. Ou seja: são anúncios que não surjam em pop-up, por debaixo, não pisquem, não se disfarcem de conteúdos reais, mas que se identifiquem como anúncios e afins.
“Anúncios aceitáveis não roubam os nossos IPs, nem recolhem todo o nosso histórico de navegação. Anúncios aceitáveis não nos inundam com rastreadores de cookies nem revendem os nossos dados a outras empresas”, afirma a empresa.
Consegue notar um padrão nestas duas filosofias distintas? A boa publicidade não é intrusiva, e consegue entreter-nos tanto como um conteúdo autêntico. Os melhores anúncios publicitários são aqueles que fogem aos padrões convencionais e que, mais do que agarrar-nos a atenção, nos levam a querer partilhá-los com as nossas redes de contactos. E parece ser nessa direcção que o Instagram, com a sua filosofia estética, quer caminhar.
Admitamos: há boa publicidade. Não seria a internet um lugar melhor, se toda a publicidade que nos fosse exibida fosse também do nosso agrado? Qual foi o melhor anúncio publicitário que já se lembra de ter visto? Ou então diga-nos qual foi o pior!