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Porque é que os telemóveis são proibidos nos aviões?

Será que os telemóveis causam os problemas de segurança que as companhias aéreas afirmam que causam?

2000-05-12

Quem já tentou viajar de avião com o seu telemóvel terá certamente passado pelo desagradável e frustrante ritual de desligar o aparelho à entrada para só o voltar a ligar depois de sair do avião. As companhias aéreas, incluindo a TAP, afirmam que os telemóveis interferem com os intrumentos de bordo. A verdade, porém, é que não há provas científicas de que esse seja o caso.

Em 1996, a FAA (Federal Aviation Administration), a instituição responsável pela regulamentação da aviação nos Estados Unidos, encomendou um estudo à RTCA Inc, uma organização sem fins lucrativos que determina os standards para a electrónica aeronáutica. Neste estudo, vários milhares de vôos foram analisados e nem uma única vez o equipamento de bordo foi afectado pelas telecomunicações móveis. Também a Boeing e a Airbus testaram exaustivamente os seus aviões e não descobriram qualquer interferência com os sistemas de comunicação, navegação ou qualquer outro. Uma razão provável: os telemóveis não operam em nenhuma das frequências usadas pelos sistemas de bordo.

As razões da proibição parecem ser mais prosaicas e comerciais. Não só as companhias aéreas e de telecomunicações ganham dinheiro com os telefones que têm a bordo, como o uso aéreo dos telemóveis cria problemas às operadoras em terra.

No ar, os telemóveis actuam sem obstáculos, de modo que o sinal é muito mais forte. Para além disso, um telemóvel ligado num avião actua como uma esponja para com a capacidade das redes em terra, pois viajam a grande velocidade ligando-se a várias células de cada vez. Tudo isto cria interferências, interrupções e redução de capacidade no solo. E esta é talvez outra razão para que as companhias proibam o uso do telemóvel.

O facto de os telemóveis não afectarem a segurança do avião não é, no entanto, razão para que ignore a proibição. Se se sentir tentado, lembre-se de Neil Whitehouse. Este cidadão britânico que foi condenado a um ano de prisão por ter recusado desligar o seu telemóvel a bordo.

Bruno Martins Soares