Portugal Telecom anuncia resultados
As receitas da maior operadora de telecomunicações portuguesa fixaram-se em 5.776,1 milhões de euros no ano passado, contra os 5.582 milhões de euros apurados em 2002. Os 10 analistas contactados pela agência Lusa previam, em média, uma subida de 3,2 por cento, para 5.760 milhões de euros. No quarto trimestre de 2003, o ritmo de expansão das receitas foi de 13 por cento, face a igual período de 2002, denotando uma aceleração do crescimento da empresa no segundo semestre do ano passado. No comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a PT refere que, excluindo o impacto de 20 por cento do real (moeda brasileira) durante o ano passado, as receitas teriam crescido 10 por cento. O crescimento das receitas é explicado pelo aumento da base de clientes em 18,2 por cento, para 33,52 milhões, especialmente devido ao acréscimo de 20,3 por cento verificado no negócio das telecomunicações móveis, para 25,931 milhões, enquanto o número de consumidores do serviço de rede fixa evoluiu a quase metade deste ritmo, subindo 10,7 por cento, para 5,902 milhões. A empresa destaca que a receitas do retalho, que incluem a rede fixa, a televisão por cabo e o acesso à Internet em banda larga em Portugal, subiram 0,4 por cento, para 1.802 milhões de euros, traduzindo o forte aumento dos assinantes de cabo e dos clientes de Internet, que compensaram a degradação do tráfego na rede fixa. A mais alta taxa de crescimento nas bases de clientes foi registada no negócio de acesso à Internet em banda larga (cabo e ADSL), o qual mais do que duplicou, expandindo-se 112,8 por cento, para 391 mil clientes. O lucro da PT caiu 38,6 por cento no ano passado, face a 2002, para 240,2 milhões de euros, em linha com o esperado pelos analistas, devido a custos com redução de pessoal e à realização de provisões fiscais, anunciou a empresa. O conselho de administração da operadora vai propor na próxima assembleia geral da empresa que seja pago aos accionistas um dividendo de 22 cêntimos por acção. A quebra do lucro registada deve-se aos 314 milhões de euros investidos no programa de redução de pessoal, que abrangeu 1.530 pessoas no ano passado, representando 15 por cento da força laboral afecta à rede fixa. O lucro da operadora foi também limitado pela constituição de 142 milhões de euros de provisões fiscais, em resultado, explica a empresa, de um ajustamento contabilístico dos impostos deferidos, devido à descida do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC) em Portugal, de 33 para 27,5 por cento. O lucro obtido foi também influenciado pelo esforço de redução da dívida da empresa em 821 milhões de euros, para 3.216 milhões de euros, um valor inferior aos 3.250 milhões de euros previstos em Junho e que fica 20,3 por cento abaixo do registado no final do exercício de 2002. O EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), indicador que mede a rendibilidade do negócio, cresceu 1,7 por cento, para 2.267,7 milhões de euros. Sem ter em conta o dinheiro aplicado no programa de redução de pessoal, o EBITDA teria crescido 3,2 por cento, a uma taxa mais próxima do ritmo de expansão das receitas. A margem de EBITDA (EBITDA face às receitas) caiu 0,6 pontos percentuais, para 39,3 por cento. O investimento (Capex) da PT registou uma quebra de 16 por cento no ano passado, face a 2002, para 651,6 milhões de euros.