Carla Cicco teria contratado os serviços da empresa norte-americana de investigação Kroll Associates para espiar a Telecom Italia, que disputa com o grupo Opportunity o controlo da Brasil Telecom.
Em reportagem publicada em Julho do ano passado, o jornal «Folha de São Paulo» revelou que as investigações da Kroll no Brasil atingiram, não só a Telecom Itália, mas também autoridades brasileiras, como o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb.
A Polícia Federal começou a investigar as denúncias de espionagem e a responsabilidade da Kroll e dos executivos da Brasil Telecom em possíveis acções ilegais no país. Nessa altura, o alegado espião português Tiago Nunes Verdial, acusado de ter investigado membros do governo brasileiro a serviço da Kroll, foi preso durante nove dias pela Polícia Federal no Rio de Janeiro e depois libertado.
O Citigroup, maior grupo financeiro do mundo, que trava agora uma batalha judicial nos EUA contra o grupo Opportunity, teria também recebido informações detalhadas sobre as descobertas da empresa norte-americana de investigação no Brasil, que foi contratada pela Brasil Telecom.
Na guerra disputada no Tribunal Federal dos EUA em Nova Iorque, o Citigroup conseguiu que um juiz prorrogasse uma decisão judicial anterior que impede a venda de participações maioritárias do grupo Opportunity nos operadores brasileiros Telemig e Tele Norte, aos quais a Vivo, joint-venture entre a Portugal Telecom e a Telefónica Móviles, era candidata.
No início de Março, o grupo Opportunity, accionista maioritário da Telemig Celular, havia anunciado a venda da sua participação no operador do Estado de Minas Gerais, e a Vivo era considerada a principal interessada por não ter ainda cobertura naquela região.
De acordo com a Polícia Federal, o relatório do inquérito sobre as investigações da Kroll no Brasil deverá ser encerrado até o final deste mês.
Amanhã, o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, empresa que controla a Brasil Telecom, será intimado a depor sobre o caso no Rio de Janeiro.
A pena prevista na legislação brasileira para o crime de formação de quadrilha é de um a três anos de prisão, enquanto a divulgação de segredo prevê de um a quatro anos de prisão.