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Qtek 1010: Uma nova geração

O QTek 1010, equipamento celebrizado como XDA, nome dado pelo operador Inglês O2 ao QTek já no início de 2002, e recentemente lançado no mercado português pela Optimus, justifica a recente atenção dada aos PDAs pelo telemóveis.com enquanto resultado da convergência entre telemóveis e Agendas electrónicas.

O Qtek 1010, equipamento celebrizado como XDA, nome dado pelo operador Inglês O2 ao Qtek já no início de 2002, e recentemente lançado no mercado português pela Optimus, justifica a recente atenção dada aos PDAs pelo telemóveis.com enquanto resultado da convergência entre telemóveis e Agendas electrónicas.

Que os telemóveis evoluíram para além do simples equipamento de comunicação e disponibilizam cada vez mais funcionalidades avançadas – como Agendas, câmaras fotográficas e jogos – já não é novo. Agora é a vez dos PDAs, verdadeiros computadores com aplicações avançadas e integração com as aplicações Desktop a que já nos habituamos (leia-se Microsoft Outlook e todas as aplicações do Microsoft Office) integrarem o telefone e materializarem um conceito que já não é novo: o telefone inteligente (“telefone esperto”, como gostamos de lhe chamar). Este telefone esperto, resulta da combinação de um telefone GSM/GPRS com um PDA que corre Pocket PC2002 Phone Edition como sistema operativo.

Já há algum tempo que esperávamos um equipamento com estas características e dizíamos: “Os PDAs actuais serão perfeitos quando forem telemóveis!”. Será desta?

O Qtek enquanto telefone

 

Mal ligamos um SimCard… o PDA começou a tocar! O telefone esperto recebia a primeira chamada. Bastou procurar a universal tecla verde e falar. Quando a chamada terminou, reparamos que o “Solitaire” tinha iniciado (talvez a vontade própria da bochecha direita em se entreter enquanto a chamada acontecia). Tirando este pequeno percalço – e a sensação estranha de falar para um PDA – a primeira chamada tinha acontecido.

Após vários testes ao telefone chegamos à conclusão que a funcionalidade que distingue este PDA é afinal o seu maior ponto fraco. É notória a diferença de evolução do PDA face ao software do telefone. Todo o software de telefone, apesar de bem integrado com o Outlook, está numa fase de desenvolvimento muito imatura e faltam-lhe algumas das funcionalidades básicas a que nos habituamos num telemóvel. Coisas pequenas, é um facto… mas que fazem muita diferença. Apenas alguns exemplos:

         Não é possível criar grupos de utilizadores com toques distintos;

         Apesar da integração com o Outlook, quando recebo um SMS, quem envia não me é identificado. Mesmo que figure na minha lista de endereços;

         Ao enviar uma mensagem para uma lista de SMS, se falha um dos envios, o processo de envio pára e volta ao início, reenviando diversas cópias;

         Quando a meio de uma conversa mais longa o Qtek entra em standby, acontece que por vezes a chamada cai;

         É um pouco irritante que a notificação de chamadas não atendidas apenas indique o número de chamadas e não a sua identificação. Para o saber é necessário ir à lista de chamadas…

Outro problema é a dependência do, apesar de tudo excelente, auricular estéreo. É pouco prático desenrolar o fio sempre que recebemos uma chamada. Não usar o auricular apresenta diversos problemas: a conversa deixa de ser privada (toda a gente próxima do Qtek ouve a conversa), sem querer activamos aplicações e… é pouco higiénico encostar a cara ao visor que facilmente fica gorduroso.

 

GPRS e dados

Quanto ao GPRS, segundo elemento de distinção deste modelo, tivemos alguma dificuldade na configuração. Com um dos operadores não o conseguimos sequer configurar e usar. Lamentamos que o atendimento e suporte do operador em causa tivessem sido tão deficientes; pelo menos uma explicação mínima… e não uma resposta que demonstra uma incapacidade total para ajudar o cliente.

No entanto, depois de correctamente configurado, a utilização de GPRS faz a diferença: aceder à Internet a partir da palma da mão, utilizando software a que já nos habituamos nos ambientes desktop, é no mínimo… brutal!

O GPRS integrado, permite receber e enviar e-mails sem primeiro ter que efectuar a ligação; comportamento típico dos PDAs com modems wireless (nota: a falta do GPRS é muito provavelmente responsável por um sucesso relativo de equipamentos como o Nokia 9210).

Um grande “senão” que não tem a ver com o Qtek… os actuais planos de preços das operadoras portuguesas. Parece que não querem que os serviços de dados cresçam… não percebemos. É ridículo que ao aceder ao email se comece a quantificar quanto custa cada mensagem recebida. Que se ache um disparate financeiro aceder a um site. Que sincronizar os canais de AvantGo esteja fora de questão. Que acesso remoto a servidores? Só em caso de emergência. Será que os planos de preços praticados no resto da Europa não servem de exemplo? E que não se perceba que o futuro das telecomunicações fixas e móveis passa pelos dados?

 

Microsoft Pocket PC 2002 Phone Edition

Enquanto PDA, o Qtek 1010 faz essencialmente o mesmo que qualquer Pocket PC: permite ouvir música digital, partilha dados com o PC e corre versões PocketPC  do Word e Excel.

Apesar de não ser específico deste modelo, mas sim uma característica de todos os actuais Pocket PCs de nova geração, convém mencionar a evolução que o Pocket PC sofreu desde o tempo em que ainda era conhecido por Windows CE e vivia na sombra do Palm OS. O Windows Pocket PC 2002 Phone Edition é um sistema que apesar de pequenos defeitos está muito próximo da maturidade. A integração com as versões do Windows de Desktop é quase perfeita; documentos em Microsoft Word, Excel, bases de dados Access e principalmente, a integração com o Outlook estão muito bem conseguidos. Uma vez mais, apesar de alguns erros pelo caminho, a Microsoft impõem-se.

 

Design e Visor

O Qtek apresenta um visor TFT reflectivo de 4096 cores com 240 x 320 pixels. Apesar de não apresentar como funcionalidade o ajuste automático de intensidade de luz (backlight), e não ser de última geração (os PDAs mais recentes chegam às 65000 cores) o visor do Qtek é francamente bom. Quer ao nível de brilho, quer em termos de nitidez de imagem.

Quanto ao design, do Qtek pode dizer-se que sobressai a elegância. O corpo prateado dá-lhe um ar sóbrio e robusto.

Inicialmente estranha-se a opção de distribuição dos botões. Normalmente nos PDAs os quatro botões estão em baixo. No Qtek estão distribuídos: dois em cima e dois em baixo. Quando nos lembramos que se trata de um telefone percebe-se a opção: enquanto telefone, as teclas de ligar e desligar não podem estar misturadas.

A antena esconde, de um modo prático e elegante, o lápis de selecção. Em baixo, existem quatro orifícios: um reset de hardware (limpa tudo!), um reset de software (apenas reinicializa o sistema), um slot para um cartão de memória SD/MMC e uma ligação para o auricular em estéreo (a opção da ligação ao auricular apresenta o problema de não permitir a ligação quando se coloca o Qtek no craddle).
 

Processador, memória e performance.

O Qtek tem como processador um Intel Strong ARM 32-bit com uma velocidade de relógio de 206Hz e 32Mb de ROM. A nossa primeira reacção foi a de techies mal habituados que ficam decepcionados por não ter o mais recente. No entanto, este processador é suficiente para a maioria das aplicações. Mesmo em jogos, o SimCity 2000 e uma demo graficamente impressionante do Chopper Alley, a velocidade é suficiente. Apesar dos 64 MB de RAM recomenda-se uma expansão em SD/MMC.

Autonomia

Para um Pocket PC a autonomia apresentada por este PDA é impressionante! 15 horas em Pocket PC, até 3.5horas em conversação e 150horas em standby.

Na prática é este um dos pontos que nos lembra que este equipamento não é um telefone mas sim um PDA com telefone. Para quem faça uso frequente do telemóvel, a autonomia é claramente insuficiente.
 

Conclusão

Ainda não é desta que trocamos o telemóvel normal pelo PDA. Apesar de um bom PDA, é necessário que as funcionalidades de telefone ganhem maturidade e pelo menos ofereçam as mesmas funcionalidades a que nos habituámos num telefone normal. Dada a actual massificação dos telemóveis, existe um nível de expectativa funcional que não pode ser ignorada. É muito mais fácil sermos condescendentes com as funcionalidades de Agenda e novas aplicações adicionadas ultimamente aos telemóveis, do que sermos condescendentes com as funcionalidades de telefone. Outros dois factores negativos que não dizem respeito ao equipamento, mas que condicionam a sua aquisição e utilização, serão o preço praticado e o custo das comunicações de dados (GPRS). Atentos à evolução do telemóvel para PDA, depois  do Nokia 7650 esperamos avidamente o lançamento do P800 da SonyEricson.

 

Em resumo:

 

Pontos fortes:

-Ser um SmartPhone
-Design elegante
Excelente auricular
PocketPC 2002
Integração com Outlook
Autonomia enquanto PDA
GPRS

 Pontos fracos:

Falta de maturidade do software de telefone
Dependência do auricular
Autonomia enquanto telefone