Qualidade das comunicações móveis piorou em Portugal
Lisboa, 27 Out (Lusa) – João Confraria, do Instituto de Comunicações de Portugal (ICP), considerou hoje que a qualidade do serviço das operadoras de telefones móveis já foi melhor do que é actualmente. Falando no seminário Comunicações Móveis, organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), João Confraria sublinhou que isso não quer dizer que essa qualidade seja má ou esteja abaixo das especificações do concurso. Anunciou que, no sentido de promover maior preocupação das operadoras com a qualidade do serviço, o ICP vai realizar estudos sobre a matéria e divulgá-los publicamente. Entre os estudos previstos, está a realização de testes no terreno sobre a cobertura e qualidade de audição em várias localidades do litoral e do interior e em eixos rodoviários. João Confraria salientou que o regime de preços fixo-móvel não é adequado às realidades do mercado e está “a ter efeitos extremamente perversos” e a “gerar distorções enormes”. Apontou a necessidade de os operadores intervenientes, se necessário com a intermediação do ICP, chegarem a um regime de preços mais adequado. João Confraria afirmou que, até ao fim do ano, o ICP terá de começar a tomar decisões no domínio da introdução da tecnologia UMTS, considerando que o mais provável será o lançamento de um concurso público para atribuição de licenças, que poderão ser quatro. Afirmou que, embora não haja ainda uma posição final, os operadores de GSM instalados (TMN, Telecel e Optimus) terão de ir ao concurso para atribuição das licenças UMTS, se quiserem operar com esta tecnologia. Sublinhou que a tecnologia UMTS deverá obrigar a investimentos superiores a 200 milhões de contos para se obter uma cobertura quase total de Portugal. Recordando que 20 por cento do território concentra dois terços da população, salientou que está em estudo a hipótese de as condições de atribuição de licenças poderem começar por ser menos exigentes quanto a cobertura do território nacional, do que são as licenças GSM. Bernd Eylert, presidente do Forum UTMS, previu hoje que mais de metade dos cidadãos da União Europeia (UE) terão telefones móveis em 2005 e que em 2010 serão mais de dois terços. Eylert admitiu que haverá mil milhões de utilizadores de telemóveis no planeta em 2005, número que duplicará nos cinco anos seguintes. Leo Koolen, da Direcção-geral XIII da Comissão Europeia, previu que o negócio das tecnologias da informação e telecomunicações se multiplicará por três nos próximos dez anos, para atingir cerca de 760 mil milhões de conto anuais. Esta é uma grande oportunidade para a indústria, para os operadores e para toda a sociedade, disse, estimando que a tecnologia UMTS estará no centro deste crescimento. Com a tecnologia UMTS, disse o orador, haverá uma mudança de paradigma de um mercado móvel de voz para um mercado de serviços multimédia portáteis. Raul Junqueiro, presidente da APDC, recordou que as comunicações móveis assumiram uma importância que há alguns anos não era previsível e destacou que hoje há em Portugal, pela primeira vez, mais telefones móveis do que fixos. Junqueiro considerou que o desafio será, depois de conquistarem o mercado de voz, os telefones móveis conquistarem também o mercado de dados.»