Satélites: Europa quer a independência

A Europa quer ficar independente no sector das telecomunicações por satélite.

A independência estratégica da União Europeia, em termos de telecomunicações por satélite, está a ser travada pela renitência de alguns países da UE, nomeadamente do Reino Unido, Holanda, Suécia, Dinamarca e Aústria. Por questões políticas ou financeiras, o certo é que os 30 satélites previstos, para serem colocados em órbita até 2008, estão num impasse apesar da Alemanha ter já contribuído com 160 milhões de euros para a sua fase de arranque.

O objectivo é, não só afirmar a independência tecnológica do Velho Continente, como criar concorrência ao conhecido GPS norte-americano. Aliás, tanto este sistema como o russo GLONASS são ambos controlados pelas respectivas forças militares, o que para uso comercial deixa um pouco a desejar. Não pela capacidade, mas pelo controlo de informação, sobretudo numa fase em que os norte-americanos andam obcecados com a sua própria segurança interna.

Por todas estas razões, o financiamento do “Galileo”, projecto de suporte aos satélites de comunicação europeus, terá que ser conseguido integralmente pela UE através do orçamentos consagrados às Redes e Transportes, à Agência Espacial Europeia e ao V Programa Quadro de Investigação e Desenvolvimento. O problema é que três mil milhões de euros em cinco anos (até 2008) constitui um valor apertado, para alguns países, muitos deles importantes e significativos contribuintes para o projecto.

A ideia foi apresentada há três anos pela Comissão Europeia, mas só agora começa a ganhar contornos específicos. Aliás, vai estar na mesa de discussão do Conselho Europeu, que vai-se reunir em Barcelona amanhã e depois (sexta e sábado).

Mas conta com a discordância óbvia dos norte-americanos, que já alegaram o facto do GPS ser capaz de responder a todas as necessidades mundiais. Ninguém duvida disso. Mesmo assim, o Departamento de Estado norte-americano, caso a Europa decida desenvolver o “Galileo”, está interessado numa cooperação que assegure a compatibilidade do sistema com o GPS, permitindo um acesso a utilizadores dos dois lados do Atlântico.

Como dizem os próprios norte-americanos, se não podes vencê-los, junta-te a eles!