Seminário de Comunicações Móveis
- Telemoveis.com
- 31/01/2001
- Internet, Mobile, Tecnologia
O UMTS será muito mais que um telemóvel giro e com imagem, até porque, segundo os intervenientes no Seminário de Comunicações Móveis, que se realizou dia 30 no Hotel Altis Park, a 3ª Geração tem uma variedade de serviços e conteúdos que tornarão provavelmente a voz em apenas mais uma opção de uma nova tecnologia que, segundo as suas expectativas, irá revolucionar a economia, facilitar ao máximo a vida dos seus utilizadores e reforçar cada vez mais a ideia de que vivemos na já muito falada aldeia global.
Promovido pela APDC, o Seminário que inicialmente esteve previsto para Outubro, mas devido à atribuição das licenças UMTS em Portugal, teve que ser adiado, pautou-se por um optimismo moderado, sempre ensombrado por algumas “nuvens negras”, como alguém referiu, que se prendem com aspectos ambientais(a necessidade de colocação de 20 mil novas antenas é algo que está a preocupar as entidades envolvidas), o combate à info-exclusão e sobre quais serão os possíveis estrangulamentos à nova tecnologia.
Para Luís Nazaré, presidente do ICP, existem grandes expectativas face ao UMTS, e que um público que se tornou exigente, “mal habituado”, está expectante e vai exigir muito desta nova tecnologia.
Passadas as apresentações, entraram em campo os principais fabricantes, excepção feita à Nokia, que não compareceu. A Alcatel, pela voz de António Neto, está convicta que dentro em breve existirão mais terminais móveis ligados à Internet do que PC’s. A sua grande aposta em termos de equipamento será o 3G Modem, com tecnologia Bluetooth. Este dispositivo fará o interface, através de um Plug-In ISP, com os restantes equipamentos disponíveis. Para Hans-Erhard Reiter, da Ericsson, o grande objectivo é permitir aos seus utilizadores estarem sempre on-line, o que se traduzirá numa maior eficiência pessoal, e haver uma forte personalização de cada terminal, principalmente a nível dos conteúdos utilizados, dependo inclusive da localização e contexto onde cada utilizador está inserido num dado momento. Luís Silva da Siemens foi ainda mais longe ao afirmar que o UMTS irá trazer para as comunicações móveis novas empresas, novas cadeias de valor, e que a geração 3ª Geração não é mais do que a chegada do IP à rede móvel. Convém ainda reter que e segundo estes, os primeiros terminais serão apenas de UMTS, e que o Dual Mode, que será a possibilidade de juntar a conversação por voz com a transferência de dados e acesso a serviços só chegará uns anos mais tarde.
A inclusão desta temática no programa do seminário é um acto louvável e foi, na opinião do Telemoveis.com, um factor de humanização do mesmo, revelando-se bastante importante para alertar mais uma vez para a necessidade de aproximar de adaptar de raíz as novas tecnologias àqueles que sofrem das mais variadas deficiências e incapacidades. Francisco Godinho, da Universidade de Trás-os-Montes ressalvou isso mesmo quando afirmou que Portugal foi pioneiro na introdução da problemática dos deficientes na discussão global do UMTS. Joaquim Borges Gouveia, em representação da Universidade de Aveiro, colocou a iliteracia lado a lado com as necessidades especiais como causas de info-exclusão, acrescentando que é fulcral a inclusão dos serviços de apoio à distância, e que o UMTS poderá contribuir na redução de gastos de tempo por parte das pessoas com necessidades especiais, por exemplo no acesso ao local de trabalho. Por seu turno, Luís Silveira Rodrigues, da DECO, considerou importante que a sociedade de informação, em especial o UMTS, não seja apenas massificadora, mas que atenda às pessoas com dificuldades, com pena de essa massificação se traduzir em mais exclusão. É necessário criar legislação adequada, e, mais importante, que se seja de facto posta em prática.
Nesta fase do seminário coube aos quatro operados licenciados apresentarem ao público os seus planos, receios e esperanças. Augusto Azevedo (Optimus), apresentou o UMTS como um novo modelo de negócio, mais até do que uma questão tecnológica, e que para evitar outro fracasso como foi o WAP, esta operadora está já tentar informar os seus clientes do que será o UMTS. Jorge Aleluia(TMN) enfatizou o facto de o cliente da 3ª Geração não pagar consoante o tempo de utilização mas sim pela quantidade de informação retirada. José Ferrari Careto, da recém-chegada Oniway, espera que o fosso entre a penetração na internet e as comunicações móveis se esbata assim que o UMTS torne a internet móvel, e que o Estado tem que intervir de forma clara e empenhada nos projectos em que estará envolvido, no caso de sites institucionais, pois estes terão grande visibilidade. Mário Vaz(Telecel) entende que o UMTS terá facilidade em penetrar e singrar no nosso mercado pois os portugueses aderem facilmente a novas tecnologias, como ficou provado com o sucesso da 2ª Geração de telemóveis.
Alexandre Talhinhas